Felipão, sobre Abel Ferreira: “é o maior treinador que o Palmeiras já teve”

Felipão e Abel Ferreira se encontram em hotel em Caxias
Cesar Greco

Histórico treinador do Palmeiras, Felipão falou também sobre o duelo entre Palmeiras e Chelsea

A um dia de estar no banco de reservas comandando o Palmeiras na final do Mundial de Clubes, o técnico Abel Ferreira recebeu um enorme elogio de Luiz Felipe Scolari.

Multicampeão pelo Verdão, o histórico treinador afirmou, em entrevista à TV Bandeirantes, que Abel “é o maior treinador que o Palmeiras já teve em todas as épocas”, e acrescentou: “Ele conseguiu os títulos, conseguiu fazer com que esses jogadores trabalhassem pelo clube com alegria, com satisfação e pensamento pelo Palmeiras que, quem sabe, nós não conseguimos passar”.

Felipão e Abel têm uma amizade de longa data. Os dois se conheceram quando Scolari era o treinador da Seleção de Portugal (2003 a 2008) e convocou o atual comandante do Verdão em alguns jogos amistosos. No ano passado, quando o Palmeiras jogou contra o Juventude, em Caxias do Sul, o ex-treinador visitou a delegação palmeirense.

“O Abel, como jogador, já apresentava sinais de comando. Era muito sério, equilibrado. Quando o chamei para a seleção, ele sabia que não era a primeira opção para a posição, mas continuou super equilibrado. Sempre notei nele essa facilidade em influenciar os jogadores. Confio no trabalho dele”, completou.

Abel minimiza elogios de Felipão

Na entrevista coletiva desta sexta-feira, Abel soube dos elogios feitos por Felipão mas, modestamente, minimizou.

“Não vejo as coisas assim. Sou mais um dentro de uma estrutura. O futebol me ensinou que dependemos um dos outros, que precisamos ser coletivos, plurais. Respeito essas opiniões, mas sou mais um dentro do clube com uma posição específica. No Brasil precisam encontrar um herói e um vilão. Vocês nunca vão me ouvir falar ‘eu ganhei ou perdi'”, disse o comandante.

Chega ao fim a história de Luiz Felipe Scolari no Palmeiras

A diretoria do Palmeiras anunciou no final da noite de ontem a demissão de Luiz Felipe Scolari do comando técnico do time. A decisão vem depois de um grave declínio no desempenho da equipe após a parada para a Copa América.

Contando o amistoso contra o Guarani, foram 14 jogos, com apenas 3 vitórias, 6 empates e 5 derrotas. As vitórias vieram na Libertadores e na Copa do Brasil, competições em que o Palmeiras acabou eliminado. No Brasileirão, as sete partidas sem vitória custaram uma liderança folgada, com cinco pontos de margem.

Antes da intertemporada, o time atravessava uma fase brilhante. No primeiro semestre, foram 33 jogos, com 23 vitórias, 8 empates e apenas 2 derrotas.  O time bateu alguns recordes históricos e sustentou uma série invicta de 15 partidas, com 13 vitórias.

Felipão encerra sua terceira passagem com um saldo bastante positivo: foram 46 vitórias, 23 empates e apenas 10 derrotas (incluindo dois empates sob o comando de Paulo Turra). Um aproveitamento de 67,9%. Contando todas as passagens, foram 485 jogos no Palmeiras, o segundo técnico que mais dirigiu o clube. Aos 70 anos, dificilmente esta lenda voltará a comandar o Verdão.

Um Felipão evoluído

Paulo Turra, Felipão e Carlos Pracidelli
Divulgação

O estilo de Felipão nesta terceira passagem foi um tanto distinto do que acostumamos a ver em suas duas passagens anteriores pelo Palmeiras, e mesmo na seleção da CBF. Mais evoluído e atualizado do que nunca, o general trocou as observações de Murtosa, seu parceiro durante décadas, pela dupla Paulo Turra/Carlos Pracidelli, que inseriram metodologias modernas de treinamento e de definições de estratégia.

Com isso, o estilo “sargentão” mostrado principalmente em sua primeira passagem esteve bastante pálido. O aspecto tático nunca esteve tão presente em seu comando, em detrimento ao motivacional. Talvez isso tenha feito falta nos momentos derradeiros.

O que não mudou foi sua disposição em proteger o grupo para manter o comando no vestiário, outra de suas grandes marcas. Felipão sempre fez questão de isentar seus atletas diante dos insucessos, cometendo, com isso, alguns deslizes – o mais problemático foi a infeliz frase após a desclassificação na Copa do Brasil, nos pênaltis, diante do Inter. A expressão “ninguém morreu” tinha a intenção de manter o apoio da torcida aos atletas diante da perspectiva de outros dois campeonatos ainda em disputa, mas acabou ganhando a conotação de debochar da decepção dos torcedores, o que o desgastou bastante.

Outro aspecto que manteve uma marca da carreira de Scolari foi o estilo de jogo apoiado num sistema defensivo intransponível. Ao atrair os adversários para nosso campo de defesa, sempre muito bem protegido, Felipão abria espaços em nosso campo ofensivo, para que velocistas o aproveitassem em contra-ataques rápidos, com poucos e precisos passes, chegando rapidamente às finalizações.

A imprensa, como sempre, sua inimiga

Mesmo com um desempenho espetacular entre julho do ano passado e junho deste ano, quando comandou uma inesquecível arrancada rumo ao décimo Campeonato Brasileiro e esculpiu uma série invicta memorável, o Palmeiras de Felipão atraiu a antipatia da imprensa e, de forma incrível, de parte de nossa própria torcida.

Os resultados magníficos não eram suficientes para calar as críticas, que apontavam sobretudo para a falta de toques na bola. Um sistema defensivo ultra-sólido não era bom. Chegar rápido ao gol adversário não era bom. Exigiam tabelas, passes vistosos.

A cruzada pelo “jogo bonito” nunca foi tão intensa, tendo sempre como antagonista o Palmeiras de Felipão, uma figura que jamais gozou de prestígio com os repórteres. Suas preferências políticas e estilo enérgico jamais foram bem digeridos pela classe.

Assim, a imprensa, que sempre se pautou pelos resultados, do nada passou a defender filosofias de jogo. Tomemos como exemplo o Santos: de forma inédita, os resultados decepcionantes do time de Sampaoli passaram a ser relativizados. Até um massacre de 4 a 0 no Pacaembu.

A força dos meios de comunicação minou a confiança de parte de nossa torcida e, na esteira, de parte de conselheiros do clube. A fase de oscilação, que foi entremeada por jogos em que as arbitragens nos roubaram abertamente, custou duas eliminações e a perda da liderança. Neste momento o resultadismo voltou a falar alto e a pressão sobre a diretoria foi grande. A cabeça do técnico e do Diretor de Futebol foram exigidas. Para sua própria proteção, Mattos decidiu demitir Felipão e assim aliviar a pressão sobre si.

Primeira prateleira

Felipão está, facilmente, na primeira prateleira dos ídolos históricos destes 105 anos de existência da Sociedade Esportiva Palmeiras. Sua saída do clube, provavelmente definitiva, implica em luto.

Tivemos o privilégio de testemunhar, mais uma vez, uma lenda viva entre nós. A trajetória de Luiz Felipe Scolari o faz um dos grandes personagens da História do Futebol. E sua imagem está indelevelmente ligada ao Palmeiras.

Só podemos desejar a Felipão o melhor. Um grande líder, um profissional exemplar, um homem excepcional. OBRIGADO POR TUDO, MESTRE!

Vamos em frente

A vida segue. O Palmeiras está vivo na disputa do Brasileirão e uma virada no comando sempre tem o poder de acelerar o tempo de recuperação.

Mas o Palmeiras, depois de mais uma grande lição aprendida, precisa pensar o que quer para seu futuro. Já não basta construir resultados brilhantes; para nós, é necessário encantar. Felipão estava construindo uma identidade vencedora, sem a menor preocupação com beleza. Objetivo, estava montando uma máquina que fazia mais gols do que tomava na maioria absoluta das partidas. A interrupção deste trabalho é uma chance de caminhar em direção à competitividade aliada à beleza.

É óbvio que queremos de ser campeões com um time jogando futebol esteticamente bonito sem deixar de ser competitivo. É possível. Mas se fosse fácil, todo mundo faria.

O desafio está à nossa frente: encontrar alguém capaz de extrair o máximo das qualidades que nosso elenco, inegavelmente, possui, ganhando títulos e encantando. Alguém com capacidade para comandar um elenco pesadíssimo e de suportar a pressão de ser o técnico de um clube, agora oficialmente, antipático.

O Palmeiras está atrás de um profissional que consiga montar uma identidade de jogo dentro desses conceitos, para ser aplicada por muitos e muitos anos e replicada em nossa base, para que os meninos possam ser integrados ao time de cima preparados da melhor forma.

Quem será o homem capaz de executar esta tarefa?


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A temporada está de volta e Felipão tem escolhas a fazer

Dudu e Moisés
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A temporada doméstica do futebol está de volta e com ela vem o calendário extenuante a que os clubes brasileiros, principalmente os que tem competência suficiente para sobreviver nas competições, são submetidos. O Palmeiras, ao lado de Flamengo, Cruzeiro, Grêmio, Inter e Athletico-PR, permanece disputando três frentes: Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. O Atlético-MG também segue em três disputas: além do Brasileirão, briga também pela Copa do Brasil e pela Sul-Americana.

Já se pode dizer, diante do mau início, que Cruzeiro, Athletico e Grêmio estão fora da briga pelo Campeonato Brasileiro e deverão focar na disputa dos mata-matas. Logo, apenas Palmeiras, Flamengo, Inter e Galo são os clubes que precisam realmente estudar bem seus elencos e calendários para distribuir as forças de forma a se manterem competitivos e ao mesmo tempo administrarem o físico de seus atletas.

O Flamengo finalmente reforçou a lateral direita com Rafinha, mas segue com uma visível inconsistência no setor defensivo do elenco. O Inter, nosso adversário desta quarta pela Copa do Brasil, tem um time titular muito bom, mas ainda tem problemas quando lida com lesões – as perdas simultâneas dos dois laterais (Zeca lesionou-se e Iago foi negociado) tende a prejudicar o plano de jogo de Odair Hellmann para os próximos jogos. Já o Atlético e o Bahia ainda lutam para cobrir os furos de seus times titulares.

De todos, com um elenco minuciosamente planejado, o Palmeiras é o clube mais preparado para a maratona. Podemos armar um time B e até um time C que não fariam feio no Brasileirão. Cabe ao General Scolari e à Comissão Técnica planificarem as batalhas e escalarem os soldados mais adequados a cada batalha.

Largada!

Dudu
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Diante da parada de quatro semanas, é possível exigir um pouco mais dos titulares no início. Se repetir a estratégia vencedora do ano passado, Felipão tende a escalar o que tem de melhor nos mata-matas e administrar o elenco aos finais de semana, no Brasileirão.

Para a partida contra o Inter, em casa, é importante abrir vantagem, a mais larga possível. Força máxima, no papel e em campo, sem administrar uma eventual vantagem no placar. Visando o jogo de volta, quanto maior a diferença de gols, melhor, a fim de poder controlar as possibilidades de lesão.

Já no clássico diante do SPFC, sábado, no Morumbi, a escalação vai depender de alguns fatores. Em 2018, a defesa era sempre trocada e devemos ir de Prass; Mayke (se estiver com o desconforto no púbis sob controle), Antônio Carlos, Edu Dracena e Victor Luis. Do meio para a frente, vai depender do placar do jogo de amanhã e principalmente dos testes realizados pela fisiologia.

Dudu, além de ser um dos atletas mais resistentes do elenco, é fominha, no melhor dos sentidos, e deve permanecer entre os titulares – o que é ótimo não apenas tecnicamente, mas para preservar a identidade do time. Felipe Melo é outro atleta a quem Felipão costuma recorrer sempre que a fisiologia dá o sinal verde. No mais, podemos ter as entradas de Veiga, Scarpa, Moisés e Borja, por exemplo. Ou de Hyoran; ou de Willian, recuperado. Ou Felipão pode manter todos os titulares, caso o resultado contra o Inter seja muito bom.

Camarões à disposição

Felipão e Paulo Turra
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Em 2012, Felipão reclamava do cardápio, dizendo que estava comendo arroz com feijão todos os dias e que de vez em quando queria ter uns camarões, em referência à baixíssima qualidade do elenco.

Hoje nosso comandante pode variar à vontade. O elenco é farto e tem jogadores com ótima condição técnica, com todas as características diferentes possíveis para que o plano de cada jogo seja executado utilizando as melhores ferramentas.

Além disso, os atletas dispõem de uma estrutura impecável à disposição para mantê-los nas melhores condições físicas.

As próximas dez semanas serão intensas física e emocionalmente. O Palmeiras está pronto, preparado para encarar. Temos três troféus para buscar e queremos todos. Essa busca passa pela capacidade de nosso comandante em fazer as melhores escolhas. VAMOS PALMEIRAS!


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A arquitetura de um time em busca da perfeição

Palmeiras 5x0 Novorizontino

O bom resultado diante do Novorizontino, na segunda partida pelas quartas-de-final do campeonato paulista, fez a gangorra da bipolaridade palmeirense voltasse a pender para o pólo positivo – e com força. Chega a ser engraçado.

Mas não são só palmeirenses que estão olhando o time com bons olhos: a imprensa e até torcedores de outros clubes estão se referindo ao Verdão com muito mais respeito que o costume. Pelo menos até a próxima oscilação.

O placar dos jogos seguem sendo o fator primordial para as análises do futebol jogado – o chamado resultadismo. O fato é que na última terça o Palmeiras teve um volume de jogo bem semelhante ao que já vinha apresentando nos outros jogos; a ligação entre defesa e ataque ainda foi feita na maior parte das vezes através de lançamentos longos e o número de finalizações desferidas e sofridas seguiu o bom padrão da temporada.

O que realmente fez com que a avaliação fosse diferente foi o placar, resultado de uma tarde bastante feliz na execução das assistências e das finalizações.

Os primeiros passos

Flamengo 1x1 Palmeiras
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

No ano passado, a primeira coisa que Felipão fez foi acertar a recomposição defensiva. O Palmeiras tornou-se um time extremamente competente na retaguarda e o índice de gols sofridos despencou. A equipe se recuperou de um início irregular no Brasileirão e venceu a competição até com uma certa folga, mesmo sem mostrar tantas virtudes lá na frente.

Felipão acertou e defesa e usou a ligação direta com o setor ofensivo, recheado de grandes jogadores, para que eles se virassem para fazer os gols. É claro, uma ou outra diretriz, mais as jogadas ensaiadas na bola parada, foram a contribuição do treinador para que o time chegasse aos gols. O resto, foi resultado do talento dos jogadores.

Ricardo Goulart
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Para este ano, a chegada de Ricardo Goulart deu uma perspectiva diferente a nosso ataque. Sua mobilidade e seu gosto por pisar na área, além do ótimo senso de posicionamento e de seu talento como finalizador, fazem do camisa 11 um atleta indispensável em qualquer partida, dentro do planejamento da administração da condição física.

Diante das características de Goulart, o sistema ofensivo, bastante cru em 2018, pode ser desenvolvido em função de sua presença. E outra peça fundamental para essa arquitetura é Gustavo Scarpa, com sua facilidade em flutuar por todos os cantos do campo ofensivo e preencher os espaços que Goulart deixa quando se manda para a área. Quem não tem essa característica é Lucas Lima, que acabou perdendo espaço.

Um time-base com peças de ajuste para todas as situações

Com Goulart, Scarpa e Dudu, temos um trio ofensivo que, com um centroavante com mais mobilidade e capacidade de trocar passes, como Deyverson, pode construir ataques estruturados bem mais envolventes. Claro que o apoio do segundo volante e dos laterais segue sendo essencial, mas esta configuração básica parece ser capaz de incomodar qualquer sistema defensivo.

Mas o Palmeiras pode mais. Felipão tem nas mãos um elenco com jogadores das mais diversas características, os quais ele pode usar não apenas para poupar os atletas do excessivo desgaste físico, mas também para adaptar nosso ataque da melhor forma às vulnerabilidades das defesas adversárias.

Além do quarteto ofensivo já mencionado, Felipão tem à disposição um verdadeiro bat-cinto de utilidades. Ferramentas diferentes para serem usadas em desafios diferentes.

Borja: o típico homem de área, ideal para prender os zagueiros enquanto os meias chegam de trás. Mesmo em má fase, segue sendo uma ótima opção para povoar a área quando o time estiver em busca de gols nos minutos finais;

Arthur Cabral

Arthur Cabral: ainda em fase de reaquisição de ritmo de jogo, parece ter todos os atributos de um centroavante: além da força física para jogar fixo na área, tem boa movimentação e pode trocar passes; finaliza bem por baixo e no jogo aéreo;

Lucas Lima

Lucas Lima: como quarto homem da linha de meias, alterando o esquema para o 4-1-4-1, não vai precisar de tanta mobilidade, que nunca foi sua característica. Desta forma, pode brilhar como em seus melhores momentos da carreira; com a intermediária ofensiva preenchida, não precisa percorrer tanto espaço ou forçar passes mais longos; sua grande capacidade de antever movimentos pode resultar em assistências preciosas;

Raphael Veiga: tem as mesmas características do meia clássico que Lucas Lima, com menos virtuosismo, mas com mais capacidade física, o que faz com que ele possa se converter num segundo volante quando o time está sem a bola – mais indicado para quando o time precisar trocar passes para furar defesas contra um time que tem está com o contra-ataque armado;

Felipe Pires

Felipe Pires: como ele mesmo se descreveu, é velocidade pura. Com suas características, é ideal para o jogo vertical, quando o time adversário avança a última linha e deixa espaços;

Carlos Eduardo

Carlos Eduardo: é o rabiscador, ponteiro que tem no drible sua principal arma, embora ainda precise evoluir no passe final; indicado para quebrar linhas compactas e recuadas;

Willian: meia-atacante de beirada com grande poder de finalização; também gosta de pisar na área e tem ótimo senso de colocação e finalização. Indicado para jogar pelo lado quando Goulart não puder estar em campo, para suprir exatamente essas características, de preferência com Veiga por dentro. Quem tem Willian, não precisa de Pato;

Zé Rafael

Zé Rafael: joga predominantemente pela esquerda, fazendo a mesma função de Dudu. A diferença é que não é tão rápido; em compensação, tem mais aptidão para jogar afunilando e fazer o papel do meia-armador no processo de constantes trocas de posição que a dinâmica do ataque exige;

Ainda temos Hyoran que reúne um pouco das características de Zé Rafael e Willian; e Guerra, que tem traços do jogo de Lucas Lima e do próprio Goulart. Os dois estão alguns passos atrás dos companheiros neste momento, mas são jogadores cujas qualidades podem virar esse jogo a qualquer momento.

Um passo de cada vez

Felipão e Mattos
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Com a defesa acertada e o desenvolvimento pleno do sistema ofensivo, depois de finalmente poder contar com Scarpa e Goulart ao mesmo tempo (o que permite ao treinador desenvolver o esquema básico de ataque, que pode ser alterado a qualquer momento com todas essas peças específicas mencionadas) o Palmeiras será capaz de marcar gols com a mesma eficiência que consegue não tomá-los. É de se imaginar que até o final de maio esse estágio esteja cumprido.

É aí que pode ser iniciada a fase final da construção do time, que é melhorar a transição para o ataque; fazer da ligação direta uma opção a ser usada quando a defesa adversária está desguarnecida, e não a única opção. O Palmeiras tem que saber fazer a bola chegar ao quarteto ofensivo sem correr tantos riscos de perder a bola em tantos passes longos, forçados.

Essa fase, no entanto, não precisa ser feita no atropelo. Mais importante que fazer esse ajuste é cumprir as tarefas básicas para se ganhar um jogo: fazer gols e não tomá-los. Enquanto isso não acontece, precisamos saber conviver com essa quantidade de lançamentos longos.

O desespero da torcida em ver o time “jogando bem” é compreensível, mas a construção de um time que seja completamente equilibrado, forte na defesa e no ataque, e que tenha recursos para construir as jogadas de forma rápida ou cadenciada, conforme o momento do jogo exija, leva tempo. Algo que nenhum técnico teve desde o início desta nova fase do Palmeiras, com a inauguração do Allianz Parque.

Felizmente Felipão tem o estofo necessário para aguentar as pancadas que seus antecessores não suportaram; a construção da identidade desta equipe segue e, para a fase decisiva da temporada, que começa na segunda metade de agosto, é que podemos esperar um time completo: competitivo, e jogando “bem”. Por enquanto, só os resultados já estão de ótimo tamanho.


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Felipão sustenta marca histórica e pode até bater a Academia de 72

Em 24 de novembro de 1971, Oswaldo Brandão assumiu o comando do Palmeiras pela quarta vez. Após uma campanha medíocre na primeira fase do Brasileirão daquele ano e de um empate em casa contra o Coritiba, pela primeira rodada da segunda fase, Mario Travaglini foi demitido e o Velho Mestre foi mais uma vez chamado.

O time de Brandão não conseguiu avançar ao triangular final, e o Brasileirão daquele ano acabou nas mãos do Atlético, mas o Brasil veria, meses depois, nascer um dos times mais espetaculares da História do Futebol.

O ano de 1972 foi mágico para o Verdão. A Segunda Academia encantou o país e a escalação básica, até quem não é palmeirense, sabe decorado: Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Nei. Fedato, Madurga, Pio e Ronaldo, menos lembrados, também foram presenças constantes em campo.

Sob o comando de Oswaldo Brandão, aquele time magnífico só foi conhecer sua quinta derrota em 2 de novembro de 1972, 344 dias após o início dos trabalhos. É um recorde absoluto e praticamente inalcançável.

De volta ao presente

Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Considerando que a partida contra o Bahia, no dia 2 de agosto, sob o comando do auxiliar Paulo Turra, marcou o início do trabalho da atual comissão técnica, já são 236 dias decorridos e o Palmeiras só perdeu quatro partidas desde então.

Sem cometer a heresia de comparar o talento dos jogadores das duas épocas, enxergando apenas os números: para bater o recorde da Academia de Oswaldo Brandão, o grupo atual precisaria se manter invicto até o dia 13 de julho. Na prática, teria que chegar até a Copa América sem perder, e ainda resistir à primeira partida das quartas-de-finais da Copa do Brasil, a ser disputada no dia 10 de julho, no primeiro jogo após a pausa.

Traduzindo em jogos, será necessário então resistir a mais 21 partidas (cinco pelo Paulista, nove pelo Brasileiro, três pela copa do Brasil e quatro pela fase de grupos da Libertadores) para alcançar a fantástica marca.

A tarefa é quase impossível. Mas o que este time sob o comando de Felipão conseguiu até agora já é a segunda maior sequência de um trabalho de um treinador antes de perder o quinto jogo. Nunca na História do Palmeiras outro trabalho demorou tanto para perder pela quinta vez – a não ser a incrível Academia de Oswaldo Brandão.

A temporada tem doze meses

Felipão

É comum notar na imprensa, dia após dia, críticas ao futebol do Palmeiras. Exigem que o time, em março esteja jogando “em todo seu potencial”. Esquecem, convenientemente, que a temporada tem doze meses e que o funil começa mesmo a partir da segunda metade de agosto, quando teremos as quartas-de-finais da Copa do Brasil e da Libertadores.

Temos que crescer na hora certa. De nada adianta estar voando nos estaduais. Quem mostra tudo o que pode agora está fatalmente condenado a sucumbir no fim da temporada, seja porque os jogadores viram o fio fisicamente, seja porque o time fica manjado taticamente e acaba sendo neutralizado nas fases decisivas.

Infelizmente nossa torcida segue entrando na ladainha de que o time “poderia estar jogando mais”. De fato, poderia – mas não é motivo para cairmos feito patinhos nos truques da imprensa, cujo único objetivo é aumentar a temperatura do caldeirão palmeirense.

Ricardo Goulart
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

As lesões de Goulart e Scarpa, em momentos distintos, atrasaram um pouco o desenvolvimento tático, mas mesmo assim o time segue evoluindo, tendo mostrado partidas muito consistentes. Com os dois jogando juntos, tendo ainda o suporte de Dudu, e temos um “potencial” de evolução muito grande pela frente.

E mesmo assim o time segue extremamente competitivo, tomando pouquíssimos gols e sustentando uma sequência histórica de muito respeito.

As oscilações são normais. Com exceção do paulista, que pouco vale, não há taças em jogo agora e nossa preocupação é avançar nas Copas e manter a pontuação suficiente para um lugar no G4 no Brasileiro. Na hora certa, com o físico bem administrado, é que devemos esperar este time mostrando “todo o potencial que tem” e deslanchando rumo às conquistas.

Não caia nas arapucas. Mantenha o olho em quem tenta desestabilizar nosso ambiente.  São inimigos do Palmeiras. Despreze-os. Valorize somente os bons profissionais e a mídia palestrina, que tratam nosso time com o respeito que ele merece.


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