Multicampeão pelo Verdão, o histórico treinador afirmou, em entrevista à TV Bandeirantes, que Abel “é o maior treinador que o Palmeiras já teve em todas as épocas”, e acrescentou: “Ele conseguiu os títulos, conseguiu fazer com que esses jogadores trabalhassem pelo clube com alegria, com satisfação e pensamento pelo Palmeiras que, quem sabe, nós não conseguimos passar”.
Felipão e Abel têm uma amizade de longa data. Os dois se conheceram quando Scolari era o treinador da Seleção de Portugal (2003 a 2008) e convocou o atual comandante do Verdão em alguns jogos amistosos. No ano passado, quando o Palmeiras jogou contra o Juventude, em Caxias do Sul, o ex-treinador visitou a delegação palmeirense.
“O Abel, como jogador, já apresentava sinais de comando. Era muito sério, equilibrado. Quando o chamei para a seleção, ele sabia que não era a primeira opção para a posição, mas continuou super equilibrado. Sempre notei nele essa facilidade em influenciar os jogadores. Confio no trabalho dele”, completou.
Abel minimiza elogios de Felipão
Na entrevista coletiva desta sexta-feira, Abel soube dos elogios feitos por Felipão mas, modestamente, minimizou.
“Não vejo as coisas assim. Sou mais um dentro de uma estrutura. O futebol me ensinou que dependemos um dos outros, que precisamos ser coletivos, plurais. Respeito essas opiniões, mas sou mais um dentro do clube com uma posição específica. No Brasil precisam encontrar um herói e um vilão. Vocês nunca vão me ouvir falar ‘eu ganhei ou perdi'”, disse o comandante.
A diretoria do Palmeiras anunciou no final da noite de ontem
a demissão de Luiz Felipe Scolari do comando técnico do time. A decisão vem
depois de um grave declínio no desempenho da equipe após a parada para a Copa
América.
Contando o amistoso contra o Guarani, foram 14 jogos, com
apenas 3 vitórias, 6 empates e 5 derrotas. As vitórias vieram na Libertadores e
na Copa do Brasil, competições em que o Palmeiras acabou eliminado. No
Brasileirão, as sete partidas sem vitória custaram uma liderança folgada, com
cinco pontos de margem.
Antes da intertemporada, o time atravessava uma fase
brilhante. No primeiro semestre, foram 33 jogos, com 23 vitórias, 8 empates e
apenas 2 derrotas. O time bateu alguns
recordes históricos e sustentou uma série invicta de 15 partidas, com 13
vitórias.
Felipão encerra sua terceira passagem com um saldo bastante positivo: foram 46 vitórias, 23 empates e apenas 10 derrotas (incluindo dois empates sob o comando de Paulo Turra). Um aproveitamento de 67,9%. Contando todas as passagens, foram 485 jogos no Palmeiras, o segundo técnico que mais dirigiu o clube. Aos 70 anos, dificilmente esta lenda voltará a comandar o Verdão.
Um Felipão evoluído
Divulgação
O estilo de Felipão nesta terceira passagem foi um tanto
distinto do que acostumamos a ver em suas duas passagens anteriores pelo
Palmeiras, e mesmo na seleção da CBF. Mais evoluído e atualizado do que nunca,
o general trocou as observações de Murtosa, seu parceiro durante décadas, pela
dupla Paulo Turra/Carlos Pracidelli, que inseriram metodologias modernas de
treinamento e de definições de estratégia.
Com isso, o estilo “sargentão” mostrado principalmente em
sua primeira passagem esteve bastante pálido. O aspecto tático nunca esteve tão
presente em seu comando, em detrimento ao motivacional. Talvez isso tenha feito
falta nos momentos derradeiros.
O que não mudou foi sua disposição em proteger o grupo para
manter o comando no vestiário, outra de suas grandes marcas. Felipão sempre fez
questão de isentar seus atletas diante dos insucessos, cometendo, com isso,
alguns deslizes – o mais problemático foi a infeliz frase após a
desclassificação na Copa do Brasil, nos pênaltis, diante do Inter. A expressão “ninguém morreu” tinha a intenção de
manter o apoio da torcida aos atletas diante da perspectiva de outros dois
campeonatos ainda em disputa, mas acabou ganhando a conotação de debochar da
decepção dos torcedores, o que o desgastou bastante.
Outro aspecto que manteve uma marca da carreira de Scolari
foi o estilo de jogo apoiado num sistema defensivo intransponível. Ao atrair os
adversários para nosso campo de defesa, sempre muito bem protegido, Felipão
abria espaços em nosso campo ofensivo, para que velocistas o aproveitassem em
contra-ataques rápidos, com poucos e precisos passes, chegando rapidamente às finalizações.
A imprensa, como
sempre, sua inimiga
Mesmo com um desempenho espetacular entre julho do ano
passado e junho deste ano, quando comandou uma inesquecível arrancada rumo ao
décimo Campeonato Brasileiro e esculpiu uma série invicta memorável, o
Palmeiras de Felipão atraiu a antipatia da imprensa e, de forma incrível, de
parte de nossa própria torcida.
Os resultados magníficos não eram suficientes para calar as
críticas, que apontavam sobretudo para a falta de toques na bola. Um sistema
defensivo ultra-sólido não era bom. Chegar rápido ao gol adversário não era
bom. Exigiam tabelas, passes vistosos.
A cruzada pelo “jogo bonito” nunca foi tão intensa, tendo
sempre como antagonista o Palmeiras de Felipão, uma figura que jamais gozou de
prestígio com os repórteres. Suas preferências políticas e estilo enérgico
jamais foram bem digeridos pela classe.
Assim, a imprensa, que sempre se pautou pelos resultados, do
nada passou a defender filosofias de jogo. Tomemos como exemplo o Santos: de
forma inédita, os resultados decepcionantes do time de Sampaoli passaram a ser
relativizados. Até um massacre de 4 a 0 no Pacaembu.
A força dos meios de comunicação minou a confiança de parte
de nossa torcida e, na esteira, de parte de conselheiros do clube. A fase de
oscilação, que foi entremeada por jogos em que as arbitragens nos roubaram
abertamente, custou duas eliminações e a perda da liderança. Neste momento o
resultadismo voltou a falar alto e a pressão sobre a diretoria foi grande. A
cabeça do técnico e do Diretor de Futebol foram exigidas. Para sua própria
proteção, Mattos decidiu demitir Felipão e assim aliviar a pressão sobre si.
Primeira prateleira
Felipão está, facilmente, na primeira prateleira dos ídolos
históricos destes 105 anos de existência da Sociedade Esportiva Palmeiras. Sua
saída do clube, provavelmente definitiva, implica em luto.
Tivemos o privilégio de testemunhar, mais uma vez, uma lenda
viva entre nós. A trajetória de Luiz Felipe Scolari o faz um dos grandes
personagens da História do Futebol. E sua imagem está indelevelmente ligada ao
Palmeiras.
Só podemos desejar a Felipão o melhor. Um grande líder, um
profissional exemplar, um homem excepcional. OBRIGADO POR TUDO, MESTRE!
Vamos em frente
A vida segue. O Palmeiras está vivo na disputa do
Brasileirão e uma virada no comando sempre tem o poder de acelerar o tempo de
recuperação.
Mas o Palmeiras, depois de mais uma grande lição aprendida, precisa
pensar o que quer para seu futuro. Já não basta construir resultados
brilhantes; para nós, é necessário encantar. Felipão estava construindo uma
identidade vencedora, sem a menor preocupação com beleza. Objetivo, estava
montando uma máquina que fazia mais gols do que tomava na maioria absoluta das
partidas. A interrupção deste trabalho é uma chance de caminhar em direção à competitividade
aliada à beleza.
É óbvio que queremos de ser campeões com um time jogando futebol
esteticamente bonito sem deixar de ser competitivo. É possível. Mas se fosse
fácil, todo mundo faria.
O desafio está à nossa frente: encontrar alguém capaz de extrair
o máximo das qualidades que nosso elenco, inegavelmente, possui, ganhando
títulos e encantando. Alguém com capacidade para comandar um elenco pesadíssimo
e de suportar a pressão de ser o técnico de um clube, agora oficialmente,
antipático.
O Palmeiras está atrás de um profissional que consiga montar
uma identidade de jogo dentro desses conceitos, para ser aplicada por muitos e muitos
anos e replicada em nossa base, para que os meninos possam ser integrados ao
time de cima preparados da melhor forma.
Quem será o homem capaz de executar esta tarefa?
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
A temporada doméstica do futebol está de volta e com ela vem o calendário extenuante a que os clubes brasileiros, principalmente os que tem competência suficiente para sobreviver nas competições, são submetidos. O Palmeiras, ao lado de Flamengo, Cruzeiro, Grêmio, Inter e Athletico-PR, permanece disputando três frentes: Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. O Atlético-MG também segue em três disputas: além do Brasileirão, briga também pela Copa do Brasil e pela Sul-Americana.
Já se pode dizer, diante do mau início, que Cruzeiro, Athletico e Grêmio estão fora da briga pelo Campeonato Brasileiro e deverão focar na disputa dos mata-matas. Logo, apenas Palmeiras, Flamengo, Inter e Galo são os clubes que precisam realmente estudar bem seus elencos e calendários para distribuir as forças de forma a se manterem competitivos e ao mesmo tempo administrarem o físico de seus atletas.
O Flamengo finalmente reforçou a lateral direita com Rafinha,
mas segue com uma visível inconsistência no setor defensivo do elenco. O Inter,
nosso adversário desta quarta pela Copa do Brasil, tem um time titular muito
bom, mas ainda tem problemas quando lida com lesões – as perdas simultâneas dos
dois laterais (Zeca lesionou-se e Iago foi negociado) tende a prejudicar o
plano de jogo de Odair Hellmann para os próximos jogos. Já o Atlético e o Bahia
ainda lutam para cobrir os furos de seus times titulares.
De todos, com um elenco minuciosamente planejado, o Palmeiras
é o clube mais preparado para a maratona. Podemos armar um time B e até um time
C que não fariam feio no Brasileirão. Cabe ao General Scolari e à Comissão
Técnica planificarem as batalhas e escalarem os soldados mais adequados a cada
batalha.
Largada!
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Diante da parada de quatro semanas, é possível exigir um
pouco mais dos titulares no início. Se repetir a estratégia vencedora do ano
passado, Felipão tende a escalar o que tem de melhor nos mata-matas e
administrar o elenco aos finais de semana, no Brasileirão.
Para a partida contra o Inter, em casa, é importante abrir
vantagem, a mais larga possível. Força máxima, no papel e em campo, sem
administrar uma eventual vantagem no placar. Visando o jogo de volta, quanto maior
a diferença de gols, melhor, a fim de poder controlar as possibilidades de
lesão.
Já no clássico diante do SPFC, sábado, no Morumbi, a
escalação vai depender de alguns fatores. Em 2018, a defesa era sempre trocada
e devemos ir de Prass; Mayke (se estiver com o desconforto no púbis sob
controle), Antônio Carlos, Edu Dracena e Victor Luis. Do meio para a frente,
vai depender do placar do jogo de amanhã e principalmente dos testes realizados
pela fisiologia.
Dudu, além de ser um dos atletas mais resistentes do elenco, é fominha, no melhor dos sentidos, e deve permanecer entre os titulares – o que é ótimo não apenas tecnicamente, mas para preservar a identidade do time. Felipe Melo é outro atleta a quem Felipão costuma recorrer sempre que a fisiologia dá o sinal verde. No mais, podemos ter as entradas de Veiga, Scarpa, Moisés e Borja, por exemplo. Ou de Hyoran; ou de Willian, recuperado. Ou Felipão pode manter todos os titulares, caso o resultado contra o Inter seja muito bom.
Camarões à disposição
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Em 2012, Felipão reclamava do cardápio, dizendo que estava
comendo arroz com feijão todos os dias e que de vez em quando queria ter uns
camarões, em referência à baixíssima qualidade do elenco.
Hoje nosso comandante pode variar à vontade. O elenco é
farto e tem jogadores com ótima condição técnica, com todas as características diferentes
possíveis para que o plano de cada jogo seja executado utilizando as melhores
ferramentas.
Além disso, os atletas dispõem de uma estrutura impecável à disposição
para mantê-los nas melhores condições físicas.
As próximas dez semanas serão intensas física e emocionalmente. O Palmeiras está pronto, preparado para encarar. Temos três troféus para buscar e queremos todos. Essa busca passa pela capacidade de nosso comandante em fazer as melhores escolhas. VAMOS PALMEIRAS!
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
O bom resultado diante do Novorizontino, na segunda partida
pelas quartas-de-final do campeonato paulista, fez a gangorra da bipolaridade
palmeirense voltasse a pender para o pólo positivo – e com força. Chega a ser
engraçado.
Mas não são só palmeirenses que estão olhando o time com
bons olhos: a imprensa e até torcedores de outros clubes estão se referindo ao
Verdão com muito mais respeito que o costume. Pelo menos até a próxima
oscilação.
O placar dos jogos seguem sendo o fator primordial para as
análises do futebol jogado – o chamado resultadismo. O fato é que na última
terça o Palmeiras teve um volume de jogo bem semelhante ao que já vinha
apresentando nos outros jogos; a ligação entre defesa e ataque ainda foi feita
na maior parte das vezes através de lançamentos longos e o número de
finalizações desferidas e sofridas seguiu o bom padrão da temporada.
O que realmente fez com que a avaliação fosse diferente foi
o placar, resultado de uma tarde bastante feliz na execução das assistências e
das finalizações.
Os primeiros passos
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
No ano passado, a primeira coisa que Felipão fez foi acertar a recomposição defensiva. O Palmeiras tornou-se um time extremamente competente na retaguarda e o índice de gols sofridos despencou. A equipe se recuperou de um início irregular no Brasileirão e venceu a competição até com uma certa folga, mesmo sem mostrar tantas virtudes lá na frente.
Felipão acertou e defesa e usou a ligação direta com o setor
ofensivo, recheado de grandes jogadores, para que eles se virassem para fazer
os gols. É claro, uma ou outra diretriz, mais as jogadas ensaiadas na bola
parada, foram a contribuição do treinador para que o time chegasse aos gols. O
resto, foi resultado do talento dos jogadores.
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Para este ano, a chegada de Ricardo Goulart deu uma
perspectiva diferente a nosso ataque. Sua mobilidade e seu gosto por pisar na
área, além do ótimo senso de posicionamento e de seu talento como finalizador, fazem
do camisa 11 um atleta indispensável em qualquer partida, dentro do
planejamento da administração da condição física.
Diante das características de Goulart, o sistema ofensivo,
bastante cru em 2018, pode ser desenvolvido em função de sua presença. E outra
peça fundamental para essa arquitetura é Gustavo Scarpa, com sua facilidade em
flutuar por todos os cantos do campo ofensivo e preencher os espaços que
Goulart deixa quando se manda para a área. Quem não tem essa característica é
Lucas Lima, que acabou perdendo espaço.
Um time-base com peças de ajuste para todas as situações
Com Goulart, Scarpa e Dudu, temos um trio ofensivo que, com
um centroavante com mais mobilidade e capacidade de trocar passes, como
Deyverson, pode construir ataques estruturados bem mais envolventes. Claro que
o apoio do segundo volante e dos laterais segue sendo essencial, mas esta
configuração básica parece ser capaz de incomodar qualquer sistema defensivo.
Mas o Palmeiras pode mais. Felipão tem nas mãos um elenco
com jogadores das mais diversas características, os quais ele pode usar não
apenas para poupar os atletas do excessivo desgaste físico, mas também para
adaptar nosso ataque da melhor forma às vulnerabilidades das defesas
adversárias.
Além do quarteto ofensivo já mencionado, Felipão tem à disposição
um verdadeiro bat-cinto de utilidades. Ferramentas diferentes para serem usadas
em desafios diferentes.
Borja: o típico
homem de área, ideal para prender os zagueiros enquanto os meias chegam de
trás. Mesmo em má fase, segue sendo uma ótima opção para povoar a área quando o
time estiver em busca de gols nos minutos finais;
Arthur Cabral:
ainda em fase de reaquisição de ritmo de jogo, parece ter todos os atributos de
um centroavante: além da força física para jogar fixo na área, tem boa movimentação
e pode trocar passes; finaliza bem por baixo e no jogo aéreo;
Lucas Lima: como
quarto homem da linha de meias, alterando o esquema para o 4-1-4-1, não vai precisar
de tanta mobilidade, que nunca foi sua característica. Desta forma, pode
brilhar como em seus melhores momentos da carreira; com a intermediária
ofensiva preenchida, não precisa percorrer tanto espaço ou forçar passes mais
longos; sua grande capacidade de antever movimentos pode resultar em assistências
preciosas;
Raphael Veiga: tem
as mesmas características do meia clássico que Lucas Lima, com menos
virtuosismo, mas com mais capacidade física, o que faz com que ele possa se
converter num segundo volante quando o time está sem a bola – mais indicado
para quando o time precisar trocar passes para furar defesas contra um time que
tem está com o contra-ataque armado;
Felipe Pires: como ele mesmo se descreveu, é velocidade pura. Com suas características, é ideal para o jogo vertical, quando o time adversário avança a última linha e deixa espaços;
Carlos Eduardo: é
o rabiscador, ponteiro que tem no drible sua principal arma, embora ainda
precise evoluir no passe final; indicado para quebrar linhas compactas e
recuadas;
Willian: meia-atacante
de beirada com grande poder de finalização; também gosta de pisar na área e tem
ótimo senso de colocação e finalização. Indicado para jogar pelo lado quando Goulart
não puder estar em campo, para suprir exatamente essas características, de
preferência com Veiga por dentro. Quem tem Willian, não precisa de Pato;
Zé Rafael: joga
predominantemente pela esquerda, fazendo a mesma função de Dudu. A diferença é
que não é tão rápido; em compensação, tem mais aptidão para jogar afunilando e
fazer o papel do meia-armador no processo de constantes trocas de posição que a
dinâmica do ataque exige;
Ainda temos Hyoran
que reúne um pouco das características de Zé Rafael e Willian; e Guerra, que tem traços do jogo de Lucas
Lima e do próprio Goulart. Os dois estão alguns passos atrás dos companheiros
neste momento, mas são jogadores cujas qualidades podem virar esse jogo a
qualquer momento.
Um passo de cada vez
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Com a defesa acertada e o desenvolvimento pleno do sistema
ofensivo, depois de finalmente poder contar com Scarpa e Goulart ao mesmo tempo
(o que permite ao treinador desenvolver o esquema básico de ataque, que pode
ser alterado a qualquer momento com todas essas peças específicas mencionadas)
o Palmeiras será capaz de marcar gols com a mesma eficiência que consegue não tomá-los.
É de se imaginar que até o final de maio
esse estágio esteja cumprido.
É aí que pode ser iniciada a fase final da construção do
time, que é melhorar a transição para o ataque; fazer da ligação direta uma opção a ser usada quando a defesa
adversária está desguarnecida, e não a
única opção. O Palmeiras tem que saber fazer a bola chegar ao quarteto
ofensivo sem correr tantos riscos de perder a bola em tantos passes longos, forçados.
Essa fase, no entanto, não precisa ser feita no atropelo.
Mais importante que fazer esse ajuste é cumprir as tarefas básicas para se
ganhar um jogo: fazer gols e não tomá-los. Enquanto isso não acontece,
precisamos saber conviver com essa quantidade de lançamentos longos.
O desespero da torcida em ver o time “jogando bem” é compreensível,
mas a construção de um time que seja completamente equilibrado, forte na defesa
e no ataque, e que tenha recursos para construir as jogadas de forma rápida ou
cadenciada, conforme o momento do jogo exija, leva tempo. Algo que nenhum
técnico teve desde o início desta nova fase do Palmeiras, com a inauguração do
Allianz Parque.
Felizmente Felipão tem o estofo necessário para aguentar as pancadas que seus antecessores não suportaram; a construção da identidade desta equipe segue e, para a fase decisiva da temporada, que começa na segunda metade de agosto, é que podemos esperar um time completo: competitivo, e jogando “bem”. Por enquanto, só os resultados já estão de ótimo tamanho.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
Em 24 de novembro de 1971, Oswaldo Brandão assumiu o comando do Palmeiras pela quarta vez. Após uma campanha medíocre na primeira fase do Brasileirão daquele ano e de um empate em casa contra o Coritiba, pela primeira rodada da segunda fase, Mario Travaglini foi demitido e o Velho Mestre foi mais uma vez chamado.
O time de Brandão não conseguiu avançar ao triangular final,
e o Brasileirão daquele ano acabou nas mãos do Atlético, mas o Brasil veria,
meses depois, nascer um dos times mais espetaculares da História do Futebol.
O ano de 1972 foi mágico para o Verdão. A Segunda Academia
encantou o país e a escalação básica, até quem não é palmeirense, sabe
decorado: Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu,
Leivinha, César e Nei. Fedato, Madurga, Pio e Ronaldo, menos lembrados, também foram
presenças constantes em campo.
Sob o comando de Oswaldo Brandão, aquele time magnífico só
foi conhecer sua quinta derrota em 2 de novembro de 1972, 344 dias após o
início dos trabalhos. É um recorde absoluto e praticamente inalcançável.
De volta ao presente
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Considerando que a partida contra o Bahia, no dia 2 de
agosto, sob o comando do auxiliar Paulo Turra, marcou o início do trabalho da
atual comissão técnica, já são 236 dias decorridos e o Palmeiras só perdeu
quatro partidas desde então.
Sem cometer a heresia de comparar o talento dos jogadores das duas épocas, enxergando apenas os números: para bater o recorde da Academia de Oswaldo Brandão, o grupo atual precisaria se manter invicto até o dia 13 de julho. Na prática, teria que chegar até a Copa América sem perder, e ainda resistir à primeira partida das quartas-de-finais da Copa do Brasil, a ser disputada no dia 10 de julho, no primeiro jogo após a pausa.
Traduzindo em jogos, será necessário então resistir a mais
21 partidas (cinco pelo Paulista, nove pelo Brasileiro, três pela copa do
Brasil e quatro pela fase de grupos da Libertadores) para alcançar a fantástica
marca.
A tarefa é quase impossível. Mas o que este time sob o comando de Felipão conseguiu até agora já é a segunda maior sequência de um trabalho de um treinador antes de perder o quinto jogo. Nunca na História do Palmeiras outro trabalho demorou tanto para perder pela quinta vez – a não ser a incrível Academia de Oswaldo Brandão.
A temporada tem doze meses
É comum notar na imprensa, dia após dia, críticas ao futebol
do Palmeiras. Exigem que o time, em março esteja jogando “em todo seu potencial”.
Esquecem, convenientemente, que a temporada tem doze meses e que o funil começa
mesmo a partir da segunda metade de agosto, quando teremos as quartas-de-finais
da Copa do Brasil e da Libertadores.
Temos que crescer na hora certa. De nada adianta estar
voando nos estaduais. Quem mostra tudo o que pode agora está fatalmente condenado
a sucumbir no fim da temporada, seja porque os jogadores viram o fio
fisicamente, seja porque o time fica manjado taticamente e acaba sendo
neutralizado nas fases decisivas.
Infelizmente nossa torcida segue entrando na ladainha de que o time “poderia estar jogando mais”. De fato, poderia – mas não é motivo para cairmos feito patinhos nos truques da imprensa, cujo único objetivo é aumentar a temperatura do caldeirão palmeirense.
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
As lesões de Goulart e Scarpa, em momentos distintos, atrasaram um pouco o desenvolvimento tático, mas mesmo assim o time segue evoluindo, tendo mostrado partidas muito consistentes. Com os dois jogando juntos, tendo ainda o suporte de Dudu, e temos um “potencial” de evolução muito grande pela frente.
E mesmo assim o time segue extremamente competitivo, tomando
pouquíssimos gols e sustentando uma sequência histórica de muito respeito.
As oscilações são normais. Com exceção do paulista, que pouco vale, não há taças em jogo agora e nossa preocupação é avançar nas Copas e manter a pontuação suficiente para um lugar no G4 no Brasileiro. Na hora certa, com o físico bem administrado, é que devemos esperar este time mostrando “todo o potencial que tem” e deslanchando rumo às conquistas.
Não caia nas arapucas. Mantenha o olho em quem tenta desestabilizar nosso ambiente. São inimigos do Palmeiras. Despreze-os. Valorize somente os bons profissionais e a mídia palestrina, que tratam nosso time com o respeito que ele merece.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.