A torcida do Palmeiras não para de surpreender

Michel Bastos
César Greco/Ag.Palmeiras

O Palmeiras venceu o Vitória ontem pela manhã no Allianz Parque e deu um alento à torcida, com razão desconfiada depois das três partidas anteriores em que o Verdão havia sido derrotado. É verdade que o time, apesar dos quatro gols marcados, não jogou exatamente um futebol massacrante, envolvente, empolgante. Mas de maneira geral, o Palmeiras foi dominante.

O Vitória foi superior nos 25 minutos em que esteve à frente no placar, muito mais em razão da ansiedade de nossos jogadores e da torcida presente ao estádio, situação que foi quebrada com a marcação do pênalti. E FOI PÊNALTI: Mina foi puxado pelo calção, algo difícil de perceber nas imagens logo após a partida, mas que com as imagens que surgiram depois, ficou nítido.

Outro rápido momento de superioridade do visitante foi entre os 15 e 20 do segundo tempo – uma pressão que teve início no vacilo de Mina que Neílton desperdiçou, e acabou na cabeçada de Wallace no travessão – a entrada de Michel Bastos reverteu o momento e o Palmeiras construiu a goleada.

O árbitro, péssimo, nos prejudicou muito. OK, ele marcou o pênalti que a imprensa insiste em dizer que não foi, houve mais dois: um em Felipe Melo, empurrado com as duas mãos num escanteio aos 17 do primeiro tempo; e outro em Willian Bigode, atropelado quando se preparava para marcar, aos 7 do segundo tempo. Mesmo assim, a imagem que a imprensa está vendendo é a de que fomos ajudados.

Haja mau humor

TecladoParte de nossa torcida, mal-humorada, com muita vontade de reclamar, está inacreditavelmente comprando a versão da imprensa apenas para reforçar o argumento de que tudo está uma porcaria.

O Palmeiras foi superior em mais de 60 minutos do jogo, sendo que em 25 deles o problema não foi técnico nem tático, e sim de nervosismo. O Vitória finalizou apenas 4 vezes – duas entraram, indefensáveis, golaços – e teve gente que ainda quer reclamar do Fernando Prass.

Tivemos três partidas com resultados ruins, em que nosso futebol oscilou – em todas fomos melhores em um tempo e piores em outro – insuficiente para conseguir ao menos três empates. Nosso goleiro, sempre tão seguro, teve lances em que deixou dúvida se as bolas eram defensáveis ou não. Essa sequência ruim parece ainda ter mais importância que a boa vitória de ontem. O mau humor e a vontade de reclamar ainda parecem muito maior do que a disposição de enxergar que o time fez o que dele se esperava ontem – e até mais.

Goleamos, mas não parece

Nossa torcida ontem foi mais uma vez fantástica – pelo menos no estádio. Mais de 36 mil pessoas, num jogo contra um adversário menor, depois de três derrotas sendo a última num Derby, é algo admirável – e não importa se boa parte desse volume estava garantido antes mesmo da quarta-feira, turbinado pela invasão de vans vindas das cidades do interior, trazendo grupos atraídos pelo conveniente horário em que a partida foi disputada.

Mesmo com o time atrás no placar, segurou o nervosismo e não houve vaias. A impaciência era latente, mas a postura de apoio prevaleceu e o time respondeu. Esse foi o pessoal do estádio.

Mas nossa torcida, bipolar e intensa, não para de surpreender. Nas redes sociais e nos próprios comentários deste site, parece que perdemos de novo. Parece que fomos dominados e achamos quatro gols na sorte. Mesmo com o placar oferecendo uma enorme chance de virar as páginas das três derrotas de uma vez só, com momentos muito interessantes dentro de campo – o ritmo que o time imprimiu entre os 20 e os 35 do segundo tempo, quando fez dois gols, foi sensacional e matou o jogo.

Rosto franzido

“Tá, mas foi só o Vitória”. Pincei este comentário para ilustrar mais este episódio de nossa torcida na internet. Dá pra imaginar o rosto do cidadão todo franzido digitando isto após ver o jogo pela TV. É quase divertido imaginar o que seria lido nas redes sociais em 1972 ou em 1993 se elas existissem então. Mas não é preciso viajar na maionese e ir tão longe: basta ter memória boa e lembrar de muita coisa escrita mesmo em 2016.

O que conforta é supor que esta parcela mal-humorada que invade a internet para encher o saco mesmo após uma recuperadora goleada é apenas uma minoria ruidosa que tem poucas chances de ir ao estádio, e que a maioria silenciosa conseguiu enxergar coisas boas na partida de ontem, já virou as páginas das derrotas e já está mirando os próximos jogos, em que temos coisas grandes por conquistar- mesmo sem perder de vista os defeitos que mostramos ontem. VAMOS PALMEIRAS!


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Aqui, o link para se tornar um padrinho do site: https://www.padrim.com.br/verdazzo

Eduardo Baptista zerou o saldo com a torcida ao conceder coletiva épica

Eduardo Baptista concedeu uma entrevista coletiva pós-jogo tão épica quanto tudo o que aconteceu no gramado do estádio Campeón Del Siglo. Bastou uma pergunta, sobre a condição de jogo de Willian Bigode, que marcou dois gols na partida, para desencadear uma reação que já começou irritada e cujo tom só foi subindo à medida que as palavras pulavam de sua boca como balas de uma metralhadora. Eduardo estava muito puto.

O responsável por isso foi Juca Kfouri, que nesta matéria em seu blog no UOL acusou o treinador de ser “maleável” e de ceder a pressões de Alexandre Mattos para escalar Roger Guedes no lugar de Willian na partida de sábado passado. Atribuiu a informação a fontes que não querem ser reveladas.

É muito fácil ser jornalista. Basta invocar o direito garantido por lei de preservar a fonte e escrever absolutamente o que quiser. No caso, o articulista descreveu nosso treinador como uma pessoa manipulável e sem pulso, justamente num momento em que vinha sendo fortemente cobrado pela eliminação no Paulistão.

Eduardo reagiu. Veja o vídeo abaixo, publicado na página “Mídia Palmeirense”do Facebook.

Zerado

A virada histórica em campo, seguida desta declaração épica, praticamente zerou o saldo de Eduardo Baptista com a torcida e o treinador ganhou bastante fôlego para remontar o time para a conclusão da fase de grupos da Libertadores e para os inícios do Brasileiro e da Copa do Brasil.

Dentro de campo, ele continua tentando achar saídas para a crise tática do time. No primeiro tempo, tentou aprimorar o esquema ensaiado no sábado contra a Ponte, e foi um retumbante fracasso. No segundo tempo, na base da tentativa e erro, parece ter encontrado um encaixe interessantíssimo com Michel Bastos na lateral esquerda; Tchê Tchê inspirado é sempre uma ajuda indispensável, e Willian Bigode quando joga como segundo centroavante ao lado de Borja é letal. Pode ser um caminho a ser seguido – resta saber o que fará com Dudu.

Fora de campo, uma das maiores queixas da parte da torcida que se mostrava mais insatisfeita com o treinador era a de sua suposta apatia e frouxidão. Talvez animado por esse falatório é que o blogueiro do UOL decidiu acreditar em suas desinteressadas fontes e soltou o veneno. Pois levou uma invertida que ninguém esperava.

Ao mesmo tempo, o episódio serviu também para unir ainda mais o grupo em torno dos objetivos do ano. As pequenas e corriqueiras desavenças que aconteceram durante esta trajetória, se já não estavam perfeitamente contornadas, agora estão. Nada como uma treta!

Não se pode confiar na imprensa

Nossa torcida precisa aprender de uma vez por todas a não confiar na imprensa quando as fontes são ocultas – normalmente “um diretor”, “um conselheiro” ou “pessoas próximas” a alguém. A prerrogativa de proteger a fonte é usada de forma torpe por jornalistas esportivos que têm por único objetivo praticar o clubismo. Uma falsa imagem de nosso treinador foi cuidadosa e gradativamente pintada por esses péssimos profissionais; nossa torcida, ingênua, comprou, e se surpreendeu ao conhecer o verdadeiro Eduardo.

Não alimentem boatos maldosos plantados por esses caras. Não proliferem textos, áudios e vídeos sacanas desses maus profissionais. Quando eles aparecerem em suas telas, desliguem a TV. Não visitem mais seus sites ou blogs. Prefiram prestigiar a mídia palmeirense, assumidamente parcial: sempre ao lado do Palmeiras.

(Abrem-se parênteses aqui para sustentar o respeito aos setoristas, que defendem seus salários no dia-a-dia da Academia de Futebol e nem que quisessem poderiam ser sacanas com o Palmeiras: afinal, eles estão lá todo dia e numa dessas podem se vir sozinhos com o Felipe Melo numa alameda qualquer, e aí experimentariam a responsabilidade de nosso camisa 30.)

Parabéns professor Eduardo. Estamos a seu lado. Até os cornetas que querem o bem do Palmeiras estão – ou passaram a estar.

Já aqueles cornetinhas que só querem ter razão e que casaram com suas próprias opiniões, que sentem ao lado do jornalista que não revela suas fontes no bonde que vai para o quinto círculo do inferno.


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

Aqui, o link para se tornar um padrinho do site: https://www.padrim.com.br/verdazzo

“Devolvam esse Borja!”

César Greco / Ag.Palmeiras

Miguel Borja foi o reforço mais caro do Palmeiras para a temporada. O atacante colombiano de 24 anos teve grande destaque na campanha do Atlético Nacional na conquista da Libertadores do ano passado e o Verdão investiu mais de US$ 10 milhões em sua contratação.

Nas duas primeiras partidas, o cartão de visitas: um gol com pouco mais de dez minutos em campo, contra a Ferroviária, decidiu um jogo que estava ficando complicado; e contra o Red Bull, foi mais uma vez às redes no lance final do jogo. Em 65 minutos em campo, totalizando 37 segundos com a bola no pé, meteu dois gols.

Mais do que os gols, sua postura em campo é claramente diferenciada. Borja é forte fisicamente, ganha sem muita dificuldade as disputas com os zagueiros adversários; demonstrou excelente coordenação e tempo de passadas para equilibrar o corpo e fazer a finalização da melhor forma possível, e uma ótima pontaria – os dois gols marcados mostraram enorme precisão. Na verdade, todas essas qualidades saltam aos olhos e é desnecessário ressaltá-las ao leitor mais atento.

Mas no último jogo a bola não entrou. Borja teve três chances claras de gol e falhou em todas:

  • na primeira, bateu de chapa, de primeira, após cruzamento rasteiro de Keno; pegou Lucchetti no contrapé mas o goleiro fez o milagre ao se contorcer todo e espalmar a bola;
  • na segunda, Dudu deu um passe açucarado para o colombiano, que estava mais aberto pela esquerda – deixando claro que não é jogador que fica fixo no meio dos zagueiros. Borja cortou pelo meio, tirou do zagueiro com muita facilidade e soltou o canudo com a direita – a bola bateu na orelha de Lucchetti, que virou o rosto para o lado;
  • na terceira, no segundo tempo, mais uma vez Dudu serviu o camisa 12, que ajeitou rapidamente o corpo dentro da área e teve tudo para fazer o segundo gol, mas ao bater de curva no canto direito de Lucchetti tirou demais e a bola saiu raspando a trave.

Foram três finalizações de gente grande. A maioria delas nem teria acontecido ou não teria levado perigo, fosse Borja um atacante comum. Mas isso não importa para a torcida do Palmeiras nas redes sociais.

A cornetagem em cima do colombiano, que aconteceu sobretudo no Twitter, foi insana. Os próprios palmeirenses que pediram, no calor do jogo e das chances desperdiçadas, que ele fosse devolvido para a Colômbia ou vendido, admitem que as postagens não devem ser levadas a sério.

Qualquer pessoa razoável consegue separar postagens feitas na emoção de opiniões que mereçam maior consideração. Os tweets tem carimbo de data e hora, é fácil saber quando o torcedor está usando o cérebro ou a ponta do dedão do pé para decidir o que tuitar. Mas nem todo mundo tem o cuidado de verificar o momento da postagem e as consequências dos tweets viram interações que beiram o absurdo.

Há também os tweets que são reflexos amplificados daquela opinião com a qual o autor já casou. Ele decidiu que odeia determinado jogador, e mesmo numa noite em que o dito tem uma boa atuação, ele espera o primeiro toque errado na bola para descarregar no teclado toda sua revolta.

Ligar para a ex, de madrugada, bêbado

Tuitar durante um jogo, sobretudo em momentos tensos, é uma ideia tão boa quanto ligar para a ex de madrugada, bêbado, depois de uma balada com o placar zerado. Há quem goste de viver esse tipo de emoção.

Cabe a quem está lendo dar todo o tipo de desconto e não entrar na onda. Vale sempre uma checada no perfil do autor, se o tweet realmente chamou sua atenção – muitas vezes é apenas um troll. Mesmo operando há mais de dez anos, o Twitter ainda é mal utilizado por muita gente por pura falta de entendimento da ferramenta – por quem escreve, por quem lê e por quem se dá o direito de julgar.

Filtro ligado é fundamental. Não fosse por ele, e o Borja já poderia começar a pensar em jogar no SCCP ou no Flamengo. Que tal?

A Igreja Cuquista dos Últimos Dias

CucaO Palmeiras iniciou a temporada de 2017 com três jogos. Os amistosos contra a Chapecoense e Ponte Preta e a partida de abertura do Paulistão contra o Botafogo foram partidas bastante aquém do que se pode esperar do time durante toda a temporada – o que, obviamente, deve estar dentro do esperado.

Apesar de apenas dois jogadores dos que vinham jogando com frequência no grupo que conquistou o eneacampeonato terem deixado o clube – Gabriel Jesus e Cleiton Xavier – o entrosamento no grupo atual ainda tende a demorar para surgir. Isto se deve à mudança de proposta tática que Eduardo Baptista está implantando.

Embora tenha declarado que não pretende fazer muitas mudanças no desenho tático nesta fase inicial, o que já pudemos ver é bem diferente do time de Cuca. E parte disso também se deve ao estágio físico dos jogadores, naturalmente bastante tímido após os excessos das férias.

O esquema básico, já sabemos, é o 4-1-4-1, mas pudemos ver uma variação no último domingo quando Thiago Santos foi a campo. Foi o primeiro tijolinho do segundo castelo a ser construído, ainda que o primeiro esteja longe da fase de acabamento. Os jogadores precisam se acostumar com as novas movimentações.

Temos que levar ainda em conta que três jogadores fundamentais ainda não estrearam este ano: Mina, Moisés e Guerra. E ainda há a expectativa da chegada de Borja – as conversas voltaram a esquentar nas últimas horas e o colombiano pode ser anunciado ainda esta semana.

Mas nem todas essas necessárias ressalvas parecem suficientes para acalmar as cornetinhas de arquibancada e de redes sociais. Tanto no Allianz Parque quanto online, a sinfonia pra cima do novo treinador já começou. A entrada de Thiago Santos deflagrou uma histeria inacreditável, como se fosse um sacrilégio ensaiar na partida de estreia do Paulistão um segundo esquema de jogo, mais encorpado na marcação.

Parte dessas manifestações são resultado da frustração de ter perdido Cuca, que havia conseguido uma química muito boa com o elenco, extraindo o máximo daquele grupo e conquistando o Brasileirão com autoridade. Imaginam os reclamantes que essa autoridade jamais será repetida com outro treinador e que só Cuca salva. Temos em nossa torcida a Nova Igreja Cuquista dos Últimos Dias.

A passagem de Cuca pelo Verdão foi espetacular. Ele saiu por cima como não víamos um técnico sair do Palmeiras desde Felipão, no século passado. Mas o Palmeiras é maior que qualquer técnico ou jogador e deve seguir em frente sempre. Não nos esqueçamos que a saída de Cuca partiu do desejo do próprio treinador, e que Eduardo Baptista é quem foi escolhido pelo clube, não o contrário.

Calma!

A pressa e o pessimismo não se justificam, pelo menos por enquanto. Eduardo vem fazendo o que dele se espera. Em três partidas, conhecendo o elenco, com peças importantes ainda de fora e com o desenvolvimento físico em estágio inicial, nem que ele fosse o Gabriel Jesus dos técnicos o time estaria jogando como gostaríamos.

E só para refrescar a memória da Igreja Cuquista: nos primeiros quatro jogos, Cuca colecionou quatro derrotas, sendo uma delas um sonoro 4 a 1 para o Água Santa.

Não sabemos onde Eduardo Baptista, que é filho do senhor Nelson, pode fazer este time chegar. Mas por enquanto está tudo absolutamente dentro do previsto.