Botafogo é surrado no tribunal e resultado da partida em Brasília é mantido
Jorge Willian
Após quase três horas de sessão, o STJD decidiu, por 9 votos
a zero, não acolher o pedido de impugnação da partida Botafogo 0x1 Palmeiras, impetrado
pelo Botafogo, alegando erro de direito do árbitro.
Com o resultado, o Palmeiras aumenta sua vantagem na
liderança do campeonato para cinco pontos em relação ao vice-líder, o Santos, e
para oito pontos em relação ao terceiro colocado, o Flamengo.
O STJD promoveu, literalmente, um circo, ao fazer de suas
sessões um espetáculo itinerante, exatamente com a intenção de “familiarizar” o
público com o direito desportivo – como se os torcedores de futebol estivessem
interessados no que os auditores, com ou sem a devida vênia, falam nos
microfones. A sessão de hoje foi realizada numa faculdade em Salvador.
O único fato realmente interessante de toda a sessão foi a
revelação de toda a gravação da conversa da equipe de arbitragem durante o
lance em que Deyverson sofreu o pênalti. Pela primeira vez, o público teve a
chance de entender como as decisões são tomadas pelos árbitros usando esta nova
tecnologia.
A marcha dos nove a zero
Depois da exibição da conversa da equipe ser repetida por
três vezes, sincronizadas com a câmera principal de transmissão, depois com os
vídeos da equipe do VAR, depois com a
câmera que registra os movimentos dentro da cabine, foi a vez dos
advogados dos clubes.
O advogado do Botafogo bateu na tecla do erro de direito,
insistindo que o gesto do árbitro caracterizou o reinício do jogo, mesmo sem o
apito. Disse que o pouco tempo em que a bola teria ficado em jogo não importa,
e usou, para reforçar seu argumento, o fato de que o julgamento de Heverton, da
Portuguesa, em 2013, baseou-se no mesmo princípio – o de que o tempo em que a
suposta irregularidade é cometida não atenua as razões para se caracterizar o
erro de direito. Rasteiro.
O advogado André Sica, do Palmeiras, como parte interessada, destruiu a argumentação do colega carioca. Disse que, se for para se apegar ao que estritamente diz o regulamento, que a falta do apito para reiniciar a partida já caracteriza que não houve o erro de direito, e que portanto, o caso estaria “morto”. Mas foi além, citando um certo princípio da relevância, dando um banho no botafoguense.
Depois de todas essas falas, os auditores votaram e
justificaram, um a um, suas decisões, e a defesa do Palmeiras mais uma vez
mostrou que está forte, obtendo o resultado por unanimidade.
Causa fraca, surra jurídica e bastidores
O placar acerca de um assunto como esse reflete uma
somatória de fatores e o principal deles é a fragilidade da causa do Botafogo.
O clube carioca entrou na briga muito mal calçado, talvez confiando na extrema
competência de seu corpo jurídico ou numa eventual influência nos bastidores.
Mas nosso advogado, o competentíssimo dr. André Sica, sozinho,
foi tão forte na defesa quanto Luan e Gustavo Gómez protegidos pelo Felipe
Melo. Sua argumentação foi nada menos que brilhante.
Mas sabemos que essas coisas se resolvem mesmo é nos
bastidores. E o Palmeiras se mostrou forte também por trás das cortinas, não
dando chance ao pequeno clube carioca de bagunçar o campeonato brasileiro mais
uma vez, como fez há 20 anos para não ser rebaixado, no infame Caso Sandro
Hiroshi.
Os 25 pontos alcançados ao fim de nove rodadas dão dois
pontos a mais que a projeção de pontos feita pelo Verdazzo antes do início da competição. Nos
próximos dias, faremos a primeira checagem para finalizar o primeiro quartil.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.