Caros jornalistas: por favor, deixem o humor para os humoristas
A coletiva de Deyverson ontem teve uma característica
diferente do normal. Curta, com apenas três perguntas respondidas, sem muita
margem para que uma nova hecatombe acontecesse.
Deyverson estava tenso, provavelmente resultado do longo briefing realizado minutos antes dele subir à sala de imprensa. Visivelmente travado, o camisa 16 se concentrou em cumprir um script. O trabalho da assessoria de imprensa, neste caso, foi cuidar para que a situação não piorasse. Em se tratando de Deyverson, o cuidado é mais do que justificado.
Os repórteres presentes à coletiva, claro, não gostaram nada da forma como tudo foi conduzido. O jornalista da Band, Chico Garcia, fez um desabafo em sua conta no Twitter. As respostas dos torcedores, de vários times, dizem muito sobre o que o jornalismo esportivo no Brasil se tornou.
A situação para a reportagem esportiva é que infelizmente não somos bem-vindos nos clubes de futebol. Infelizmente. Só na hora que serve pra eles, pra mostrarem o patrocinador ou pra divulgar algo que lhes interesse.
Atribui-se a Thiago Leifert uma nova fórmula do jornalismo
esportivo: a de mesclar a informação com o entretenimento. Na verdade, isso já
existe há muito mais tempo, mas a fórmula aperfeiçoada pelo filho do diretor da
RGT produziu resultados comerciais muito consistentes e hoje é replicada em muitos
outros canais – estes, por sua vez, fizeram adaptações livres da mistura, e
hoje temos na televisão verdadeiras aberrações.
Se hoje os jornalistas se sentem marginalizados nos clubes, a responsabilidade de boa parte disso é dos produtores desses programas vespertinos, que sumiram com a linha que separa uma atividade séria, respeitada e necessária de um programa de humor, e dos próprios jornalistas que compactuam com essa distorção. A partir do momento em que um jornalista se veste de porquinho para as câmeras, fica claro, claríssimo, que alguma coisa está errada. Deixem o humor para os humoristas!
A chacota invadiu o jornalismo e a reação dos clubes, mesmo
tardia, veio, com muitas restrições ao trabalho da imprensa. Afinal, como
confiar no trabalho de uma turma que chega na coletiva e pergunta ao
entrevistado o que ele acha de se parecer com o Zé Ramalho?
Os jornalistas esportivos sérios acabam sendo prejudicados por essa reação. Mas a classe, como um todo, permanece inerte. Ninguém dá um soco na mesa para que todos se olhem no espelho e vejam no que transformaram a atividade. Ninguém cobra os colegas fanfarrões. Ninguém pensa em revisar o código de ética e de conduta da classe diante desta nova realidade. Talvez falte coragem para peitar as editorias, que estão satisfeitíssimas com o resultado comercial da thiagoleifertização. Resta choramingar no Twitter.
Prestigiem a mídia palestrina
É por essa e por outras que a mídia palestrina segue
ganhando cada vez mais força. Não existe nenhuma orientação comercial por trás
de nosso trabalho. Nossa descontração é natural e só surge quando o momento
permite. Nossas perguntas jamais serão pegadinhas, muito menos armadilhas.
Nossos comentários podem ser ácidos, mas jamais terão veneno.
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