Nas últimas semanas, a relação entre Palmeiras e CrefisaFAM tem gerado dois pólos de discussão na imprensa em geral: a questão do Fair Play Financeiro – que foi tema deste post do Verdazzo – e a recente “reformatação” da parceria, algo que, segundo o que se tem lido e ouvido, foi impulsionado por uma intervenção da Receita Federal do Brasil.
O fato é que, desde seu início em janeiro de 2015, a parceria é assunto frequente em programas esportivos e análises pela internet. Trata-se de comentários que, pretensamente, estão discutindo o tema “patrocínio do futebol”.
O problema é que tais discussões têm gerado muito blablablá e quase nada de conclusivo. No dizer de um saudoso e ilustríssimo PALESTRINO: “muito calor e pouca luz”, expressão comum nas, sempre aclaradoras, análises de Joelmir Beting ao longo de sua carreira.
Aproveitando o gancho das últimas semanas, o artigo anexo relata resultados de um estudo sobre patrocínio de futebol publicado em 2016 numa revista científica especializada em gestão esportiva. Os resultados são contraintuitivos e baseiam-se numa amostra de sete das maiores ligas europeias por um período de seis anos.
Muito mais do que enfatizar os resultados do estudo, o artigo visa propor mais rigor, mais formalismo e mais objetividade nas discussões sobre patrocínio de futebol. A esperança é que, aprimorando-se as análises, as conclusões sejam mais confiáveis e mais úteis.
Clique aqui para fazer o download do artigo completo.
*Douglas Monaco é leitor e padrinho do Verdazzo.
Este artigo foi publicado simultaneamente em inglês no único site possível com esse fim: Anything Palmeiras.
O Palmeiras voltou aos trabalhos na última quarta-feira e o ambiente é muito bom. O elenco é forte e bem remunerado, e tem a garantia de estar respaldado quanto à estrutura e à pontualidade nos pagamentos. Tudo isso faz do Palmeiras, mais uma vez, forte candidato a levantar taças este ano.
O diretor de futebol Alexandre Mattos concedeu entrevista na abertura dos trabalhos na qual reconhece que o Palmeiras tem todos os elementos para realizar uma temporada cheia de êxitos; declarou ter identificado onde o clube errou na temporada passada e que esses erros não devem se repetir: mencionou a priorização de competições e a forma como se trabalhou a pressão externa pela conquista de campeonatos como falhas a serem corrigidas. Veja abaixo a entrevista completa, bastante esclarecedora.
Mattos, no entanto, não mencionou claramente dois dos fatores mais importantes que interferem nos resultados de um time de futebol: as arbitragens e o desrespeito da imprensa.
Fique de olho no apito
Cesar Greco / Ag.Palmeiras
Em paralelo a qualquer erro que nossos jogadores e diretoria possam ter cometido, tivemos problemas seriíssimos com os homens do apito e das bandeiras. Levantamento da própria CBF, mesmo sem o rigor que qualquer torcedor palmeirense teria se fizesse um estudo semelhante, aponta o Palmeiras como o clube mais prejudicado pelas arbitragens em 2017.
Ficamos em segundo lugar no Brasileirão, a nove pontos do primeiro colocado, mas todos se lembram da operação na reta final da competição. Quem viveu intensamente aquelas semanas sabe que o balde de água fria jogado pelas arbitragens de Héber Roberto Lopes contra o Cruzeiro e Anderson Daronco contra o SCCP foram definitivos para o rumo do troféu.
Equivocadamente, virou senso comum em nossa torcida que o Palmeiras precisa não apenas ser melhor que os adversários: é necessário ser muito melhor, tem que sobrar, para vencer os campeonatos diante da histórica disposição das arbitragens em nos prejudicar.
O Palmeiras não pode aceitar placidamente essa situação. Nossos jogadores tem que se preocupar em vencer somente os adversários; as arbitragens não podem entrar na conta regular de obstáculos a serem vencidos, o absurdo não pode virar regra. A máxima de que os erros acontecem para todos os lados e se anulam precisa voltar a prevalecer – no nosso caso, está claríssimo que não se anulam coisa nenhuma.
A imprensa, sempre ela
Reprodução
Se Mattos diagnosticou que a priorização de competições foi um erro, que não se repita. E se acha que a pressão externa atrapalhou, tem dois caminhos paralelos para neutralizá-la: blindar ao máximo o ambiente e preparar os jogadores para se tornarem imunes ao falatório, e minimizar a origem dessa pressão, revertendo a pré-disposição da imprensa em minar o trabalho do Palmeiras.
Outro senso comum em nossa torcida é que a imprensa é anti-palmeirense. Obviamente toda torcida tem esse tipo de reclamação, mas a do Palmeiras tem documentos que escancaram esta perseguição – aqui, uma leitura muito esclarecedora. E recentemente o jornalista Luiz Ademar, ex-presidente da ACEESP, fez um desabafo em sua conta no Twitter a respeito da redação onde trabalhou nos últimos anos.
No fundo todo mundo sabe, inclusive como tratam Santos e Palmeiras. Nem preciso dizer. E os clubes pequenos e a garotada? Ninguém quer fazer! Ridículo! Eu era o patinho feio por tratar todos iguais.
A perseguição ao Palmeiras é clara e afeta não apenas os jogadores, mas também a torcida, que inadvertidamente passa a fazer parte da pressão descomunal que é transmitida principalmente via redes sociais aos atletas. Para jogar em clube grande é preciso aguentar pressão, é certo, mas no Palmeiras ela é muito maior que nos adversários e é outro fator de desequilíbrio numa disputa que deveria ser justa.
A arte de trabalhar nos bastidores
Os bastidores tem esse nome por se tratar de uma série de atividades feitas na penumbra. A discrição das atitudes, dependendo de quem as toma, pode estar relacionada a situações que envolvem a preservação de suscetibilidades – ou em casos menos virtuosos, ameaças à ética.
Dentro dos limites traçados pelos princípios éticos que deveriam guiar a sociedade, esperamos que os dirigentes do Palmeiras defendam os interesses do clube como todo o empenho. E isso envolve garantir que as arbitragens não nos roubem mais. Não queremos ser favorecidos, mas não aceitamos mais ser roubados.
Exigir o tratamento correto dos órgãos de imprensa, fazendo com que o evidente favorecimento a SCCP e Flamengo cesse e que o desprezo a tudo que envolve o Palmeiras dê lugar ao respeito é outra frente que precisa ser trabalhada.
Saber como se faz isso é obrigação de quem se coloca na situação de dirigir um clube de futebol. Conhecer o caminho dos bastidores é uma informação que se passa de presidente para presidente. De cartola para cartola. Se virem.
Hora de se mexer, de uma vez por todas
O Palmeiras já soube muito bem defender seus interesses nessas duas frentes. Durante o período em que a gestão de nosso futebol foi feita em conjunto com a Parmalat, o Palmeiras não era sistematicamente roubado. As arbitragens não eram perfeitas, mas a máxima dos erros que se anulam prevalecia.
E naqueles anos, tirando um ou outro jornalista caricato, a imprensa respeitava o Palmeiras e ninguém importante se metia a besta com nosso time. E é claro que a ordem vinha de cima, porque se dependesse da vontade da maioria deles, prevaleceria a camisa que vestem por baixo.
Com exceção das já mencionadas exceções caricatas, ninguém tem nada a dizer da ação do Palmeiras e da Parmalat nos bastidores com relação a limites éticos naquela época. Bem o contrário do que a história recente de outros clubes rivais contam.
Nosso elenco é ótimo, nossa estrutura é fantástica e nosso bolso vai muito bem, obrigado. Mas tudo isso, já vimos em 2017, não é suficiente se não fizermos como na década de 90 e nos impormos, não só diante dos onze adversários que entram em campo para nos enfrentar, mas diante dos inimigos que, nas sombras dos bastidores, fazem o que podem para levar vantagens indevidas sobre nós.
Que nosso presidente, assim que voltar de suas férias, trabalhe forte nessas frentes para garantir que não percamos mais títulos este ano que não sejam por mérito esportivo dos adversários.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
A diretoria do Palmeiras já declarou que o grupo está fechado para iniciar 2018 e que novas contratações só acontecerão de forma circunstancial. O elenco foi reforçado com cinco atletas – três deles titulares indiscutíveis e seguramente entre os três melhores da posição no país; está claramente mais forte que o elenco do ano passado.
O que deixa a imprensa atônita é que o time ficou sensivelmente mais competitivo a um custo irrisório. Na base da troca, ou atraindo jogadores importantes em fim de contrato, o Palmeiras conseguiu elevar a qualidade do elenco sem recorrer à demonizada Crefisa.
Onde está a mágica?
Este estágio de manutenção do elenco foi atingido após três anos de construção gradual, que precisou ser totalmente reformulado após o desastre da campanha de 2014. Com dois pilares remanescentes de 2015, Fernando Prass e Dudu, o time foi elevando o nível em cada posição. Da turma de 2016, permanecem Edu Dracena, Mina, Jean, Moisés e Tchê Tchê.
No ano passado, mais uma bateria de contratações importantes: Mayke, Luan, Juninho, Felipe Melo, Bruno Henrique, Guerra, Hyoran, Veiga, Keno, Willian, Borja e Deyverson. Neste ponto, temos um elenco forte, mas que ainda deixou lacunas – devidamente preenchidas nesta janela com as contratações recentes.
Dinheiro rasgado?
Nestes ciclos de contratação, o Palmeiras desembolsou uma boa quantia de dinheiro – em 2017 especialmente, uma soma vultosa fez a alegria da imprensa, que usou o dado para jogar uma pressão descomunal sobre o grupo. A falta de títulos ao final da temporada foi interpretada como dinheiro rasgado.
Usando de desonestidade intelectual, os comentaristas de sofás bombardearam o planejamento feito em 2015, que está se concretizando agora. O dinheiro usado nestes três anos não serviu apenas para chegarmos aos títulos da Copa do Brasil de 2015 e ao eneacampeonato brasileiro em 2016.
Hoje o Palmeiras pode ostentar uma condição invejável no mercado: um elenco forte, que a cada temporada vai renovar duas ou três posições por conta de negociações com o exterior. Nenhum titular vai querer deixar o Palmeiras para outro clube brasileiro. Ao contrário: os melhores jogadores dos outros clubes é que sempre considerarão a possibilidade de vir para o Palmeiras.
Mexendo pouco no elenco, com jogadores do nível de Lucas Lima, Diogo Barbosa e Weverton querendo fazer parte de nosso elenco, o Palmeiras segue muito saudável financeiramente; com dívidas modestas bem escalonadas e sem receitas adiantadas, o que permitirá ao clube fazer extravagâncias pontuais – duas ou três ao ano, exatamente o que está previsto no processo natural de rodar o elenco. Essas contratações de destaque deixarão o Palmeiras cada vez mais em evidência no cenário brasileiro.
Excelência
Todo esse planejamento financeiro é complementado pelo trabalho nas categorias de base, que tende a dar cada vez mais frutos para o time de cima ou para serem vendidos, gerando mais renda para o clube. E assim se fecha o ciclo virtuoso que é visto nos maiores clubes do planeta. O Palmeiras, claro, tem sua realidade financeira inserida no contexto da economia brasileira, mas diante da excelência do planejamento e dos processos, tende a se descolar do pelotão.
Atônita, aturdida, a imprensa seguirá procurando meios para relativizar, desmerecer e tumultuar o futebol do Palmeiras. Mas vai chegar num ponto que terá que se render.
Um Feliz 2018 a todos os palmeirenses do planeta!
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Com apenas três contratações confirmadas e mais duas ou três, no máximo, a serem anunciadas, o Palmeiras vai começar o ano com um elenco bastante coeso. Os atletas que entrarão em 2018 têm bagagens muito distintas, mas a maioria absoluta terá duas coisas em comum: qualidade técnica e tempo de casa, o que já faz do Palmeiras, de saída, um dos times de destaque do ano que vem.
Nossa torcida ainda traz vícios de uma época não muito distante, quando a solução para um time cujos resultados estavam aquém do esperado era “mandar todo mundo embora” e contratar, contratar, contratar. Essa tendência se tornou mais proeminente com a mal-interpretada baciada de 2015 – um movimento necessário para o momento estratégico do Palmeiras. Poucas vezes uma torcida ganhou tantos presentes de uma vez só.
Quando se troca praticamente todo o elenco, como era necessário acontecer com o de 2014, parte das contratações naturalmente não vingam e novas reposições são necessárias. Isso causou novos ciclos em 2016 e 2017 – não tão intensos como o de 2015, mas suficientes para manter nossa torcida mimada, à espera de novos e numerosos presentes a cada ano que começa.
A falta de títulos nesta temporada decorreu muito mais de erros estratégicos do que da qualidade do elenco, com uma ou outra ressalva – que já foram ou estão em vias de serem corrigidas. Iniciaremos 2018 com poucas, porém precisas contratações. O torcedor que vive inebriado por presentinhos novos, ainda mais por ser bombardeado pela imprensa sobre o demonizado poder financeiro do clube, vai ter que se contentar com uma quantidade menor para esta janela. Poucos, mas bons, ou ótimos – esperamos.
Uma nova fase
Fechando esse ciclo inicial, uma nova etapa que envolve a integração com a base deve ser iniciada e intensificada nos próximos anos. Paralelamente à recuperação do elenco, nossas categorias de base evoluíram assustadoramente – os títulos conquistados a rodo nesta temporada são apenas consequências de um trabalho magnífico que começou em 2013 e que agora rende seus frutos.
Boa parte das contratações com o perfil “jovens de destaque que podem crescer e se valorizar”, como Rodrigo, Erik e Hyoran, serão substituídas por promoções de meninos formados em casa, que já cresceram com o DNA do clube e que poderão evoluir para se tornarem titulares, com potencial real para se tornarem atletas dominantes.
Ao mesmo tempo, nota-se que essa integração vai ao encontro de um conceito maior ainda: o do desenvolvimento de uma identidade de longo prazo para o futebol do clube, já abordada neste post.
Essa é a tendência enquanto este projeto do futebol palmeirense, que entra em seu quarto ano de execução, estiver em vigor. Independiente de pessoas – presidentes e diretores passam; o clube permanece – o que importa é o conceito, que precisa estar cada vez mais enraizado e em constante adaptação às evoluções do mercado e, principalmente, do esporte.
Restabelecendo a ordem natural das coisas
Nossos torcedores, sobretudo os que estão abaixo da casa dos 30 anos, ainda não se acostumaram com isso. Tendo visto pouco ou nada dos times vencedores da década de 90, amam o Palmeiras mas cresceram assistindo a rivalidade entre SCCP e SPFC aumentar enquanto nosso time foi ficando de lado, em segundo plano – uma espécie de Santos – e a perda do respeito se espalhou por outros estados. O palmeirense, em pleno surgimento das redes sociais, virou uma espécie de primo revoltado da família.
Felizmente a ordem natural das coisas está voltando a se restabelecer. O Palmeiras, salvo dois hiatos assustadores nas décadas de 80 e 2000, retomou seu histórico posto de protagonista – e pela primeira vez, na era da internet e das zoações sem limites. As provocações, que antes eram quase em tom de piedade, novamente trazem embutidas a inveja de quem queria estar em nosso lugar. E quem também voltou a seu lugar histórico na escala foi o SPFC, que cada vez mais clona o que o Palmeiras fez de pior nos anos de dificuldades.
Nossa torcida – principalmente a ala mais jovem – só precisa aprender a viver nesta nova-velha realidade, entendendo exatamente como os rivais hoje nos enxergam e equilibrando a elevação da auto-estima com o repúdio à soberba. É questão de tempo.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
Um dos assuntos mais quentes dos bastidores palmeirenses nas últimas semanas diz respeito ao diretor de futebol Alexandre Mattos.
Muito se contesta sua atuação à frente do Departamento de Futebol Profissional, apegando-se aos valores gastos pelo clube, sobretudo este ano.
Para que este post não vire uma grande conversa de boteco, listaremos a seqüência de fatos e valores envolvidos.
As contratações têm um contexto, necessários para que se analise a atuação do profissional de forma séria.
Ciclo 2014-2015
Mattos foi contratado e herdou um elenco tenebroso, como veremos mais à frente.
Trabalhou intensamente para reconstruí-lo, considerando todos os jogadores a manter e a dispensar – e realocando todos os que não serviriam.
Nesse período foi-lhe colada na testa a fama de monstro contratador e gastão.
Deem uma rápida olhada nos jogadores que Mattos tinha à disposição em dezembro de 2014 para servir de base para a temporada de 2015. Prepare o antiácido.
GOLEIROS
Bruno
Deola
Fernando Prass
Jaílson
Raphael Alemão
Fábio
LATERAIS
Ayrton
Fernandinho
Juninho Pampers
Marcelo Oliveira
Paulo Henrique
Weldinho
Bruno Oliveira
João Pedro
Victor Luís
ZAGUEIROS
Lúcio
Tiago Alves
Victorino
Wellington
Luiz Gustavo
Nathan
Thiago Martins
Tobio
VOLANTES
Eguren
Tinga
Washington
Wendel
Wesley
Bruninho
Gabriel Dias
João Denoni
Renato
MEIAS
Bernardo
Bruno César
Felipe Menezes
Mazinho
Mendieta
Valdívia
Allione
Tiago Real
Juninho Silva
Patrick Vieira
Diego Souza Xavier
ATACANTES
Cristaldo
Diogo
Henrique Ceifador
Maikon Leite
Leandro
Luan Ambicanhoto
Mouche
Rodolfo
Vinishow
Gabriel Leite
Destes 53 jogadores, apenas sete permaneceram no elenco de 2015. Dezenove foram imediatamente dispensados e o restante foi sendo emprestado e/ou liberados aos finais dos contratos.
Vieram, em princípio: Alan Patrick, Amaral, Andrei Girotto (0,19), Arouca, Dudu (9,94), Gabriel, Jackson, João Paulo, Kelvin, Leandro Pereira (4,88), Lucas, Rafael Marques (3,17), Robinho (3,15), Ryder, Victor Ramos, Vítor Hugo (6) e Zé Roberto. Com o tempo, mais jogadores foram incorporados ao elenco, como Aranha, Cleiton Xavier, Egídio, Alecsandro, Fellype Gabriel, Leandro Almeida (3), Barrios (7,3) e Thiago Santos (0,74). E o time foi campeão da Copa do Brasil.
Os valores entre parênteses são os valores pagos, em milhões de reais; os outros vieram sem custos. O total gasto nas transferências foi de R$ 38,4 milhões.
Ciclo 2015-2016
Dois jogadores foram dispensados no segundo semestre de 2015: Alan Patrick e Leandro Pereira, que deixou R$14,21 milhões no caixa, diminuindo sensivelmente o saldo negativo nos investimentos. Seis foram dispensados logo após a conquista da Copa do Brasil: Jackson, João Paulo, Kelvin, Aranha, Andrei Girotto, Ryder e Victor Ramos. Outros quatro foram emprestados nos primeiros meses do ano (Amaral, Lucas, Robinho e Leandro Almeida). Nos livramos de Fellype Gabriel em abril e Cristaldo foi vendido em junho.
Essas 14 saídas foram repostas pelas chegadas de Edu Dracena, Erik (12,74), Jean (7,7), Moisés (4,25), Régis, Rodrigo, Roger Carvalho, Vágner, Fabrício, Roger Guedes (2,1), Fabiano (2), Mina (12,63) e Tchê Tchê. Leandro Pereira voltou da Bélgica, desta vez emprestado, e fez seus gols na campanha do Brasileirão. O valor investido foi de R$ 41,42 milhões.
Sob o comando de Cuca, o time conquistou o eneacampeonato brasileiro.
Ciclo 2016-2017
Treze jogadores deixaram o Palmeiras entre o fim de 2016 e os primeiros meses do ano: Gabriel Jesus (73,6), Gabriel, Cleiton Xavier, Barrios, Rafael Marques, Vítor Hugo (15,4), Régis, Rodrigo, Roger Carvalho, Vágner, Fabrício, Leandro Pereira e Alecsandro. Para repor suas saídas, nove jogadores chegaram entre dezembro e fevereiro, e aqui o valor investido foi realmente alto: Hyoran (7), Keno (2,99), Raphael Veiga (4,58), Michel Bastos, Antônio Carlos, Felipe Melo, Guerra (11,7), Willian e Borja (32,8).
Mauricia Mata/ECV
Com o passar do tempo e com a enorme pressão interna e externa por conquistas, mais jogadores reforçaram o elenco: Juninho (10,2), Luan (9,99), Mayke, Bruno Henrique (13) e Deyverson (18). O total investido nesta temporada foi de nada desprezíveis R$ 110,26 milhões.
Como negociador, Mattos é um monstro
A seqüência de fatos, do início ao fim, não deixa dúvidas: Alexandre Mattos, como negociador, é de longe o melhor profissional que existe no mercado brasileiro. Não existe ninguém com um radar tão bom e que ao mesmo tempo tenha um tino para fazer negócios.
Seu cartão de visitas foi logo no começo, quando chapelou nossos rivais e trouxe Dudu, que hoje é nosso capitão e artilheiro do Allianz Parque. Conseguiu fazer R$ 10 milhões com o Leandro Pereira e mais de R$ 9 milhões com o Vitor Hugo. Mas a balança comercial de um time não necessariamente precisa ser positiva.
O fluxo financeiro de um clube de futebol envolve entradas e saídas além da compra e venda de jogadores. Como saídas, além das despesas operacionais, temos a folha de pagamento. Como entradas, temos o dinheiro da televisão, do patrocínio, das premiações, do Avanti e das bilheterias, além das receitas geradas pelo marketing.
Clube não é banco e não precisa dar lucro. A soma das receitas deve estar equilibrada com a soma das despesas. E convenhamos, a soma das receitas é muito maior que as despesas operacionais e salários. Logo, não há problema algum se a balança comercial for negativa, desde que as outras receitas compensem o desequilíbrio. É assim que se monta um elenco forte.
Logo, apontar o valor gasto como argumento para depreciar o trabalho do diretor de futebol é um erro grosseiro. O valor gasto para reforçar o time este ano estava dentro do orçamento. Como disse Dudu, “o Palmeiras gastou porque tinha”. O que se pode questionar são os critérios para as contratações.
Contando os três ciclos, Mattos gastou R$ 190,05 milhões, contra R$ 103,21 milhões que entraram em nossos cofres – um saldo negativo de R$ 86,84 milhões. Mas não percam de vista que o atual elenco tem um valor técnico e patrimonial maciçamente maior do que o elenco que ele recebeu quando foi contratado. Se conseguir revender todos os jogadores do elenco atual pelo valor que comprou, R$ 162,36 milhões entrarão em nosso caixa – um lucro extraordinário, sobretudo se verificarmos que as contas do clube estão no azul. Esses jogadores são de qualidade superior, o valor investido neles não virou pó. Eles ainda poderão nos trazer títulos e um excelente valor na revenda.
Fazer negócios em futebol envolve risco. Tecnicamente, um Erik aqui é compensado por um Vitor Hugo ali. Um Deyverson cá é compensado por um Mina acolá. Leandro Almeida e Vagner deram errado? OK, mas ninguém dava nada por Moisés e Tchê Tchê. E o saldo segue sendo positivo, com dois títulos nacionais em três anos.
É monstro, mas às vezes exagera no tino comercial e na amizade
Mattos por vezes exagera no tino comercial e arrisca pesado sem que haja um planejamento para a evolução do valor dos ativos. Como diretor de futebol, ele deveria prever esse movimento, mas seus olhos brilham incontrolavelmente quando uma nova oportunidade de compra aparece.
No ano passado, Hyoran e Raphael Veiga eram grandes apostas que deveriam ter crescido em 2017 para estourarem em 2018. Eis que chegamos às portas da virada do ano e as especulações dão conta que o Palmeiras está em tratativas com Lucas Lima, cuja contratação, se confirmada, derrubaria qualquer argumentação em torno do investimento nos garotos, que tendem a ter o mesmo destino de Erik, fruto do ciclo anterior.
Uma nova especulação dá conta que o atacante David, do Vitória, está em vias de ser contratado por R$ 15 milhões. O garoto, de 22 anos, parece ser muito bom, mas ainda não tem cacife para competir com Keno ou Dudu, nem mesmo com Willian Bigode. Viria, no máximo, para ser reserva na posição, desbancando Erik e Roger Guedes. O valor especulado parece muito alto para alguém para ser apenas opção de banco. Parece mais lógico apostar no menino Artur, um ano mais novo, prata-da-casa que está emprestado e brilhando no Londrina.
Por fim, existe a preocupação com a concentração de negócios com um empresário em específico: Eduardo Uram, que usa o Tombense como fachada para seus negócios. É comum em qualquer ramo de negócio que se tenha a preferência por um fornecedor específico e não raro isso é um facilitador. No futebol, às vezes para que um negócio saia, é preciso trazer um “contrapeso” – o caso mais célebre foi a chegada de Jorge Mendonça ao Palmeiras, em 1976, que veio empurrado pelo Náutico num pacote que envolveu a compra do meia-atacante Vasconcelos. Hoje, poucos sabem que houve um Vasconcelos jogando no Palmeiras, mas todos sabem quem foi Jorge Mendonça.
Mesmo assim, a preferência por jogadores agenciados por esse profissional, diante do retorno oferecido, requer no mínimo um pouco mais de atenção. Ao mesmo tempo que essa amizade já rendeu ótimos negócios como Vitor Hugo e Willian Bigode, nos empurrou bombas claríssimas como Roger Carvalho e Andrei Girotto.
O buraco é mais em cima
César Greco / Ag.Palmeiras
Com o melhor profissional de compra e venda de jogadores à disposição, o Palmeiras fracassou este ano. Com duas mudanças no comando técnico, os jogadores que foram sendo comprados nem sempre foram a melhor opção para o treinador seguinte, e os investimentos acabaram não sendo bem aproveitados. Não é Mattos quem decide pela demissão dos treinadores, e sim o presidente, que parece ter o mesmo problema do antecessor e de todos os presidentes de todos os clubes: a crônica tendência de trocar o treinador, cedendo às pressões de torcedores e conselheiros.
Temos um presidente que este ano se preocupou muito mais com política do que com futebol. Ao preferir despachar do clube social e não da Academia, Mauricio Galiotte deixou o ambiente que envolve o elenco muito mais sujeito a turbulências. Tudo o que pode dar errado, sem a presença do pulso mais firme por perto, tende a acontecer.
Alexandre Mattos, ficou provado, não consegue administrar um ambiente como a Academia ao mesmo tempo que checa seu radar de jogadores e sua agenda de telefones. O episódio entre Felipe Melo e Cuca, provavelmente o fato mais nocivo ao clube no ano, provavelmente não teria acontecido com uma supervisão adequada. Mattos não é esse cara – ele pode até ter tido conhecimento do problema lá no início, mas não soube evitar que crescesse até que a bomba explodisse.
A quem interessa a fritura
Keiny Andrade/Folhapress
Até 2012, a diretoria de futebol profissional do Palmeiras foi tocada por amadores. O clube começou a ficar para trás em relação aos rivais, amargou um rebaixamento, até que o profissionalismo, após 12 anos do fim da cogestão com a Parmalat, fosse reimplantado na Academia de Futebol.
Com o profissionalismo, muitas portas se fecham. As conversas de bastidor ficam restritas e poucas informações vazam. Assim, os egos de pessoas que vivem de disseminar “informações quentes” em seus grupos de Whatsapp passam fome.
Se fosse só a fofoca, o problema seria pequeno. Mas o profissionalismo, além de fechar portas, também tende a fechar torneiras. Comissões são uma praxe no mundo do futebol, mas precisam ser supervisionadas de perto. Um diretor bem remunerado tende a controlar esse fluxo bem – mas mesmo assim precisa de acompanhamento muito próximo da presidência. No amadorismo, essas comissões viram uma festa, sangrando as finanças do clube.
Por fim, a volta do amadorismo é um instrumento político bastante eficiente. Ao entregar a amadores funções importantes de uma potência como o Palmeiras, um grande cacique político do clube tende a fortificar seus alicerces políticos. Diretores remunerados atrapalham essas manobras e, por receberem salários, configuram um argumento que supostamente defenderia as finanças do clube – uma desavergonhada falácia.
São as pessoas com esses interesses que lutam pela demissão de Alexandre Mattos.
Um profissional como Mattos precisa se manter focado só no que sabe fazer de melhor: comprar e vender. Para retomar o recente ciclo vencedor, o Palmeiras precisa reconstruir o ambiente de 2015/2016 na Academia de Futebol, com os olhos do presidente sempre próximos do time e de tudo o que envolve o elenco. As compras, por mais que aparentem ser um negócio de ocasião, precisam ser conduzidas com mão de ferro, e barradas se não forem congruentes com o projeto técnico da temporada.
Nenhum de nós gostaria de ter que concorrer no mercado com um time que tem Mattos como diretor de futebol. Mantê-lo aqui é mandatório para que o Palmeiras continue sendo o clube que dá as cartas no mercado. Basta mantê-lo sob forte supervisão.
Este post foi escrito com a ajuda indispensável da comunidade de padrinhos do Verdazzo, que colaborou com a pesquisa de valores e datas dos atletas comprados e vendidos no período.