O caminho para o deca e os cuidados para que 2009 não se repita

Mauricio RamosEm 2009, o Palmeiras tinha o Brasileirão nas mãos, mas uma série de fatores convergiram para que nosso time naufragasse na reta final e ficasse fora até do G4 – e consequentemente sem a vaga para a Libertadores. O desastre começou na rodada 28, quando empatamos em casa contra o Avaí – mesmo assim, mantivemos a margem de cinco pontos para o vice-líder. Mas daí para a frente, uma sucessão de problemas nos tirou do prumo – um jogo desastroso no Recife, com mais de meio time lesionado ou suspenso, determinou uma derrota por 3 a 0 para o Náutico. Uma derrota dura para o Flamengo de Petkovic no Palestra aumentou o problema: a vantagem caiu para 4 pontos para o segundo colocado, e o próprio Flamengo se aproximou, ficando a seis pontos.

Na rodada 31, perdemos para o Santo André quando Cleiton Xavier sentiu lesão no primeiro tempo. O time já havia perdido Pierre cinco rodadas antes e o meio-campo sentiu muito mais essa perda. A margem de liderança caiu para apenas um ponto. A vitória sobre o Goiás no Palestra, na rodada 32, renovou os ânimos e subimos a diferença para dois pontos, mas em seguida veio um empate por 2 a 2 no Derby em Presidente Prudente. A esta altura, estávamos empatados na liderança com o SPFC, ganhando só nos critérios de desempate.

A partida seguinte, no entanto, foi quase uma pá de cal. A arbitragem criminosa de Carlos Simon na partida contra o Fluminense destruiu o moral do time, que perdeu a liderança após 15 rodadas na ponta. O trauma se refletiu na rodada seguinte, quando ficamos apenas no empate com o Sport em casa, 2 a 2, e vimos o SPFC abrir 3 de frente, com o Flamengo em segundo.

Na antepenúltima rodada, com os nervos em frangalhos, não conseguimos um bom resultado em Porto Alegre, perdendo para o Grêmio por 2 a 0 e vendo dois jogadores nossos sendo expulsos no intervalo por saírem na mão entre si. A vitória contra o Galo no Palestra, com um gol antológico de Diego Souza, foi capaz de nos recolocar em condições matemáticas de chegar ao título na rodada final, mas o Flamengo venceu o sub-13 do Grêmio na rodada derradeira e chegou ao título, enquanto perdíamos melancolicamente para o Botafogo e acabamos o campeonato em quinto lugar.

De volta ao presente: quatro vitórias e um empate

Palmeiras 3x2 SantosApós mais um bom resultado no Brasileirão, o Palmeiras ficou bem mais próximo da conquista do decacampeonato. A vitória sobre o Santos, num dos jogos mais memoráveis do ano, deixou o Verdão a quatro vitórias e um empate da conquista, com seis rodadas para o fim. É uma situação bem diferente, para melhor, da vivida em 2009 no mesmo ponto da disputa.

Com quatro vitórias e um empate, chegaremos a 79 pontos. O Flamengo, com seus atuais 60, mesmo que vença todos os seus jogos, só pode alcançar 78. O Inter pode chegar aos 79, mas teria que descontar nove gols no saldo.

Em nossa tradicional projeção de pontos, a conta para se chegar ao título com alguma margem de conforto é 77 pontos. Considerando que tanto Flamengo como Inter ainda podem tropeçar nesta reta final, a conta parece bastante plausível. Mas, para o momento, precisamos trabalhar apenas com a frieza dos números, para não corrermos riscos. Quatro vitórias e um empate, é o que nos separa da conquista.

Considerando que nosso time vem de uma sequência avassaladora de 13 vitórias e 4 empates, com uma tabela razoavelmente tranquila à frente, a meta parece perfeitamente alcançável. Mas não podemos nos esquecer de 2009 e do redemoinho que nos apanhou na reta final. Na rodada 29, tínhamos 5 pontos de frente e acabamos fora até da Libertadores. A atenção tem que ser total.

O que vem pela frente

Atlético-MGSem as disputas paralelas no calendário, a conquista do Brasileirão está de fato bastante próxima. A partida mais difícil, na teoria, é a próxima, diante do Atlético Mineiro, em Belo Horizonte. O time de Levir Culpi vive um péssimo momento, tendo conquistado apenas um ponto nos últimos cinco jogos – mas exatamente por isso pode se tornar um problema, já que tem sua vaga para a Libertadores, bastante tranquila até duas semanas atrás, bastante ameaçada pelo Santos. Temos plenas condições de vencer, mas um tropeço pode acontecer.

FluminenseEnfrentar o Fluminense no Allianz Parque sempre foi sinônimo de vitória: desde a inauguração, foram quatro confrontos com 100% de aproveitamento. Desta vez, o visitante virá sem maiores aspirações – já está a uma distância confortável da zona da confusão e pensa nas semifinais da Sul-Americana. Talvez  nem jogue com força máxima. A vitória é bastante provável.

Paraná ClubeA partida a seguir é contra o lanterna, o Paraná, no Durival de Britto – pelo menos até a presente data, embora haja rumores dando conta que o já rebaixado time de Curitiba quer levar a partida para Londrina, reduto palmeirense. Mas mesmo que o local seja mantido, uma vitória do Palmeiras neste jogo é praticamente uma obrigação.

América-MGO mesmo pode se dizer da partida seguinte, contra o América, no Allianz Parque. O time de Adilson Batista entrou numa espiral negativa e conseguiu apenas oito pontos nos últimos 30 disputados. O que pode complicar é o fato de estarem lutando desesperadamente contra mais um rebaixamento. Mesmo assim, jogando em casa, o Palmeiras deve se impor e vencer.

VascoO penúltimo passo é o Vasco, em São Januário. Até lá, seria ótimo que o time carioca já tenha se livrado do rebaixamento, para tirar da partida qualquer aspecto de decisão. Caso isso não aconteça, a partida se torna bem mais complicada, diante do peso da camisa vascaína. Um tropeço aqui não pode ser descartado.

VitóriaSe chegarmos à última rodada precisando de três pontos, eles devem vir. O adversário é o Vitória, no Allianz Parque. Neste momento é um time que está se salvando do rebaixamento pelos critérios de desempate; depois de mais cinco rodadas pode estar já rebaixado, livre, ou lutando com todas as suas forças. Seja qual for a situação, imaginem um Allianz Parque lotado, com o Palmeiras a um triunfo para ser campeão brasileiro, enfrentando o Vitória. Devem vir mais três pontos.

Teoria x prática

Como vimos, na teoria, temos pela frente quatro vitórias e dois possíveis tropeços – se um deles for um empate, chegamos à conta mágica. Mas podemos perder de Galo e Vasco. E também podemos, claro, tropeçar nos quatro jogos que contamos com a vitória certa.

Nestes casos, ainda temos que contar com a boa possibilidade de Flamengo e Inter não fazerem campanhas perfeitas. O Flamengo vem de dois empates e vive uma crise interna séria. O Inter tem uma tabela bastante tranquila e parece ter feito as pazes com as arbitragens – ganhou dois pontos de graça no fim-de-semana, graças a um pênalti inventado os 48 do segundo tempo contra o time reserva do Atlético-PR. Mas tem um elenco bastante limitado e o fim de temporada costuma ser cruel com as coxas e panturrilhas dos jogadores. Não podemos contar com tropeços dos adversários – mas que eles podem acontecer, podem.

Atenção total

Em 2009, perdemos para o limitado poder de reposição das peças principais. Duas baixas na reta final, Cleiton Xavier e Pierre, prejudicaram demais o rendimento do time. Além disso, Diego Souza teve uma queda brusca de rendimento após ter sido convocado para um jogo na Bolívia pelas Eliminatórias da Copa de 2010 – nosso camisa 10 voltou abalado pela má exibição.

A atuação grotesca de Carlos Simon no Maracanã, na operação que salvou o Fluminense do rebaixamento, foi um golpe duro no moral do time. Os jogadores passaram a se sentir desprotegidos e a confiança foi pelo ralo. A própria torcida sentiu o golpe – este site mesmo entrou em depressão e ficou até o ano seguinte fora de atividade.

Sem controle dos nervos, o time sucumbiu em Porto Alegre na antepenúltima rodada e ficou apenas com chances matemáticas de chegar ao título – algo que, sabemos, passou longe de acontecer no final.

Esse cenário tenebroso está bem longe do atual, a começar pelo fato de que estamos a apenas seis rodadas do fim – em 2009, o problema começou a dez rodadas do encerramento. A tabela de 2018 parece bem mais tranquila que a de nove anos atrás.

Felipão tem peças de reposição muito mais qualificadas que Muricy Ramalho; além de ter o time muito mais na mão – em conversas com jogadores de 2009, os relatos são de que havia insatisfação no elenco em relação à proposta tática de Muricy.

A única coisa que ainda pode ser igual é a ação da arbitragem. A ajuda que o Internacional, clube que assinou com o Grupo Turner a transmissão dos jogos para TV fechada, mas que lidera uma reviravolta em favor da Rede Globo, recebeu ontem no Beira-Rio contra o Atlético-PR foi escandalosa. E a arbitragem de Bráulio Machado no clássico contra o Santos, apesar de nossa vitória, se vista sob a lente adequada, foi escabrosa.

Se nos resguardarmos com relação às arbitragens, é bem pouco provável que 2009 se repita. E é bom que não se repita mesmo, porque os desdobramentos daquele fracasso refletiram no clube por mais três anos e culminaram com o rebaixamento em 2012, numa sequência mais triste até que a que nos levou ao primeiro rebaixamento, em 2002.

O final de 2018 tende a ser muito, muito mais feliz. Abre os olhos e VAMOS, PALMEIRAS!


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Knockdown: o juiz abre a contagem mas o Palmeiras se levanta

BenedettoFoi uma pancadaça. Os dois gols do maledetto Benedetto jogaram o Palmeiras na lona e ainda zunem na cabeça de milhões de palmeirenses, dos quais boa parte jogou a toalha. Já perdemos, acabou o ano. Fora este, fora aquele. Manda todo mundo embora. Etc etc etc.

Neste segundo dia as coisas começaram a ficar mais claras. As ideias ainda estão meio confusas, mas já é possível ver com alguma clareza que não tem nada perdido. Mata-mata é diferente de pontos corridos, todos sabemos. Precisamos de 3 a 0 e um gol no começo do jogo pode abreviar bastante essa caminhada. O Palmeiras já protagonizou viradas incríveis e você já leu entre ontem e hoje um apanhado de textos palmeirenses professando a fé eterna e por que desistir não faz parte de nosso vocabulário. Aquela coisa toda.

E de fato, se tem um treinador que personifica essas viradas, é Felipão. Se tem um clube com um elenco forte o suficiente para conseguir essa reviravolta, é o nosso. Se tem um estádio que, combinado com sua torcida, apavora os adversários e conspira para que isso seja possível, é o Allianz Parque. Talvez deixemos a desejar apenas nos bastidores – mas que é plenamente possível, é; se alguém pode protagonizar mais uma história épica de Libertadores, é este Palmeiras.

Mas não é do jogo contra o Boca que este texto trata.

Amanhã tem jogo-chave

MaracanãA Terra continua girando e não há muito tempo para contar passarinhos. O foco tem que ser ajustado rapidamente, porque amanhã temos um jogo-chave contra o Flamengo, no Maracanã. Se o Palmeiras não perder, terá dado um passo gigantesco para o décimo campeonato brasileiro. E já vimos o Verdão reagir bem após outras pancadas – após a eliminação na Copa do Brasil, o time engatou uma excelente sequência de cinco vitórias.

Acredito na reação imediata e numa vitória revigorante amanhã. Mas o jogo será difícil; o Flamengo vem em ascensão, a torcida recuperou a empolgação e sabemos o quanto nosso adversário de amanhã conta com ajudas paralelas. A derrota é um resultado perfeitamente possível.

E aí, e se perdermos de novo? Nocaute?

Nada disso.

Animais de rapina

O Verdão iniciou uma sequência duríssima em Buenos Aires, mas decisão mesmo, só na partida de volta. A derrota na Bombonera não decidiu nada, tampouco uma derrota amanhã nos tira de briga nenhuma.

Uma vitória flamenguista amanhã significará apenas uma dificuldade maior para chegar ao objetivo – exatamente como o revés em Buenos Aires. Continuaremos líderes ao fim da rodada, aconteça o que acontecer.

Se a segunda derrota seguida vier, os animais de rapina nos cercarão rapidamente. Trolls nos trollarão; a mídia clubista, declarada ou não, decretará nosso fim – tudo para minar a confiança de nossos jogadores e de nossa torcida.

Não podemos passar o recibo. Teremos quatro dias para nos reerguer de um eventual segundo knockdown e focar novamente em como furar rapidamente a defesa argentina e incendiar o jogo. Vocês sabem como estará o Allianz Parque. O Boca vai passar um apuro dos infernos.

Se acontecer uma derrota no Maracanã, apenas não teremos mais gordura no Brasileiro – e  para quem estava oito pontos atrás no início do returno, a coisa não parece tão ruim. Nada, absolutamente nada estará perdido. É muito importante que, por mais difícil que seja para muitos torcedores lidar com a derrota, não reverberar o mau sentimento nas redes sociais. Quanto mais confiança e apoio nossa torcida demonstrar publicamente, melhor será para nosso elenco recobrar as forças. Vamos fazer nossa parte. VAMOS PALMEIRAS!


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No Scolarismo 2.0, a torcida termina os jogos com a pulsação normal

Mayke vs SPFC
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O Verdão passou por cima do SPFC com muita tranquilidade e abriu distância na ponta do Brasileirão. Mesmo que perca a próxima partida e dê tudo errado na secação sobre os principais concorrentes ao título, o Verdão seguirá na liderança – a não ser que o Inter, o único com chances aritméticas de tomar a ponta na próxima rodada, consiga tirar uma diferença de oito gols no saldo.

O que causa certa estranheza nesse time do Palmeiras é a “falta de emoção” nas partidas. Quando Felipão foi anunciado como novo técnico, um estranho otimismo se apossou de nossa torcida. Pouco mais de dois meses depois, o sentimento mostrou-se acertado, mas a maneira com que ele se confirmou, ninguém esperava.

O times de Felipão sempre se mostraram raçudos ao extremo. Chegavam à vantagem normalmente na base da insistência, perto do fim do jogo. Caso chegassem ao placar necessário muito antes do apito final, se retraíam e seguravam o placar com unhas e dentes. O resultado é que todos chegavam ao fim do jogo completamente exauridos – jogadores e torcedores. A sensação de prazer, contudo, era gigantesca.

O que se vê neste time do Palmeiras de 2018 comandado por Felipão, na maioria dos confrontos, é um time que constrói os resultados sem muito esforço e depois controla o jogo como um adulto brincando de lutinha com uma criança –  não raro, aumenta o placar.

Esquema simples e blindagem: concentração total

Deyverson e Felipão
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Felipão conseguiu montar um esquema de jogo extremamente simples, onde zagueiro defende, volante protege, meia faz a criação e atacante finaliza. Não vamos nos esquecer que o time empatou sem gols em sequência com Bahia e América no início dos trabalhos, mas todos entenderam facilmente suas funções e os resultados passaram a aparecer rápido.

Quando atletas de comprovada superioridade técnica sentem confiança num esquema tático, resta lhes proporcionar tranquilidade para performar. A blindagem reimplantada na Academia de Futebol após a chegada de Felipão era o que faltava para os jogadores se manterem focados apenas nas conquistas, sem serem incomodados com a circulação indesejada de pessoas no ambiente de trabalho.

O nível de concentração que os atletas apresentam em campo não só lhes dá a condição de executar bem suas funções, como intimida os adversários, que sentem estar diante de um adversário muito mais forte, mesmo com um esquema tático de simples leitura.

Foi assim que o SPFC, diante de quase 57 mil torcedores, foi vencido com muita autoridade. O Palmeiras deixou atônitos tricolores de todas as gerações, dando-lhes um autêntico choque de realidade.

Ninguém é imbatível

Cruzeiro 1x0 Palmeiras
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Alguém pode fazer o contraponto mencionando a eliminação contra o Cruzeiro. De fato, o Palmeiras não passou nem perto dessa tranquilidade toda no confronto pela semifinal da Copa do Brasil.

Contou a favor do Cruzeiro o fato de ser um dos poucos times que tem em seu elenco jogadores realmente de qualidade. Além disso, tem um treinador que está há muito tempo no cargo e que tem o elenco na mão; o estilo de jogo reativo de Mano Menezes encaixa bem com o de Felipão, desde que saia na frente – foi só o Cruzeiro precisar de um gol, como aconteceu diante do Boca Juniors, que sua superioridade foi por água abaixo.

O gol de Barcos a cinco minutos de jogo, além do roubo de Wagner Reway, foi decisivo para a eliminação do Verdão. Que isso deixe claro: o Palmeiras não é invencível e todos nós sabemos muito bem disso.

Mas a regra geral, sobretudo no Brasileirão, parece mesmo ser as vitórias com autoridade. Um Scolarismo 2.0 onde os jogadores terminam o jogo exaustos diante da seriedade, concentração e coração que deixam em campo; mas os torcedores saem do estádio com a pulsação normal, quase como europeus.

Que nossa torcida não confunda essa tranquilidade com soberba. Assim como o Cruzeiro, Boca, Grêmio e River são times de qualidade técnica muito superior ao SPFC. Se tomarmos um gol no início dos confrontos que ainda estão por vir na Libertadores, talvez tenhamos as mesmas dificuldades que tivemos na Copa do Brasil. A sorte é que, para essas situações,  ainda temos na manga o Scolarismo 1.0, o original, aquele que chega aos resultados nos minutos finais e que deixa os cardiologistas cada vez mais ricos. E convenhamos, que torna as conquistas muito mais saborosas.


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Temos contas a acertar com nosso adversário na semi da Libertadores

Palmeiras 2x0 Colo-Colo
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O Palmeiras chegou à fase semifinal da Libertadores, que tem na edição de 2018 uma das melhores de sua história. Dois confrontos entre os melhores clubes brasileiros e argentinos definirão a final: River Plate e Grêmio se enfrentarão de um lado da chave, enquanto que o Palmeiras enfrentará o Boca Juniors, no outro lado. Na Libertadores, conta a regra do gol qualificado; o VAR poderá ser acionado.

Mesmo com essas grandes camisas pela frente, o Verdão chega às semifinais como o maior favorito ao título – a vantagem, adquirida pela melhor campanha na fase de grupos, de decidir a semifinal e a eventual final como mandante contra qualquer adversário ratifica essa condição, embora a regra do gol qualificado atenue o efeito de decidir a segunda partida em casa.

Boca: velho conhecido

O Boca Juniors já esteve em nosso caminho na Libertadores por três vezes. Em 1994, na fase de grupos, o Verdão massacrou os xeneizes no velho Palestra por 6 a 1, em partida histórica que conduziu Mazinho à Copa do Mundo nos EUA – na Bombonera, os argentinos venceram por 2 a 1.

Os dois clubes voltaram a se encontrar em 2000 e 2001, no funil. Defendendo o título, o Verdão empatou o jogo de ida da final por 2 a 2 na Bombonera e trouxe a decisão para o Morumbi; o empate por 0 a 0 (sem gol qualificado) levou a decisão para os pênaltis, e os argentinos levaram a melhor.

Alex contra o Boca em 2001No ano seguinte, pelas semifinais, o jogo de ida foi marcado pelo roubo histórico de Ubaldo Aquino, que determinou o empate por 2 a 2 – 3 a 1 para o Palmeiras teria sido o resultado correto, no mínimo. Na volta, mais um 2 a 2, em grande partida de Riquelme no Palestra; nos pênaltis, nova vitória do Boca, que avançou às finais.

Embora os argentinos tenham levado vantagem nesses dois confrontos diretos, ambos foram decididos nos pênaltis, após empates. Já o Verdão traz na bagagem a eliminação do Boca na Copa Mercosul de 1998, nas quartas-de-final – 3 a 1 no Palestra e 1 a 1 na Bombonera. Foi uma competição de alto nível e o Palmeiras foi campeão, enfrentando adversários como Independiente, La U, Nacional do Uruguai na fase de grupos; passou pelo Olimpia nas semifinais e superou o Cruzeiro nas finais em três confrontos.

Este ano, o Verdão encontrou o time mais popular da Argentina na fase de grupos da Libertadores e levou vantagem: 1 a 1 no Allianz Parque e 2 a 0 na Bombonera. Segundo alguns especialistas, o Verdão teve a chance de eliminar os argentinos na última rodada se perdesse para o Junior de Barranquilla, mas quem conhece a História do Palmeiras sabe que isso não era uma opção.

No confronto geral, Palmeiras e Boca já se enfrentaram 24 vezes, e o Verdão só saiu derrotado em três oportunidades; foram 8 vitórias alviverdes e 13 empates, com 38 gols do Palmeiras e 27 do Boca.

O atual adversário

O time do Boca que enfrentou o Palmeiras na primeira fase da Libertadores não mudou muito, mas está melhor. No gol, o desastrado Rossi havia perdido a posição para Andrada, que acabou se lesionando de forma grave no maxilar e está fora de combate. Tendo que recorrer novamente a Rossi, a diretoria argentina agiu rápido e trouxe o goleiro titular da seleção boliviana Lampe, que parou o Brasil no confronto pelas Eliminatórias em 2017 – vejam o que fez o grandão de 1,92m no vídeo abaixo.

Na frente, está de volta o atacante Benedetto, que estava fora da primeira fase por uma lesão no joelho. La Pipa não atuou diante do Cruzeiro no Mineirão por uma lesão leve na coxa, mas não deve ser desfalque nas partidas dos dias 24 e 31 de outubro contra o Verdão.

O time de Guillermo Schelotto, ex-atacante que fez parte do time que enfrentou o Verdão em 2000 e 2001, atravessa uma fase turbulenta: perdeu o Superclásico diante do River, pelo campeonato nacional, e foi eliminado da Copa da Argentina pelo Gimnasia La Plata, ambas as partidas na Bombonera. Mas a classificação ante o Cruzeiro pode reverter esse viés de baixa; ainda faltam três semanas para o primeiro confronto.

Boca Juniors 2018O time básico do Boca Juniors é Lampe; Jara, Goltz, Magallan e Más (ou Olaza); Barrios, Perez e Nandez; Zárate, Benedetto e Pavón. Um time com um meio de campo técnico e atacantes com grande poder de fogo, mas com uma defesa vulnerável.

Os jogadores mais conhecidos do elenco de apoio são o lateral Buffarini, de passagem risível pelo SPFC, o experiente volante Fernando Gago, o ótimo meio-campista colombiano Edwin Cardona e o atacante Ábila, notório por perder gols feitos, além do patrimônio xeneize Carlitos Tévez, que dispensa comentários.

Venham. Temos contas a acertar. VAMOS PALMEIRAS!


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Manipulação da tabela ajuda, mas não faz milagre: o Palmeiras assume a ponta

Willian Bigode
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A vitória sobre o Cruzeiro ontem no Pacaembu devolveu a liderança do Brasileirão ao Palmeiras depois de um ano e nove meses – a última vez que o Verdão esteve no topo da tabela havia sido na última rodada do campeonato de 2016, quando conquistamos o eneacampeonato.

A escalada na classificação sugere que o Palmeiras vive um momento de alta, seja pelas mudanças propostas por Felipão, seja pelo momento técnico dos jogadores. Mas um fator passa despercebido: a tabela de jogos, confeccionada de forma, no mínimo, marota, vai mostrando sua face complementar e a verdade do campeonato fica cada vez mais evidente.

Em maio o Verdazzo propôs esta live; onde o padrinho do site Lucas Galli elaborou um estudo em que evidenciou que a confecção da tabela do Brasileirão visava beneficiar dois clubes: o SCCP e o Flamengo. Assistam ao vídeo e vejam a explicação detalhada.

Com uma sequência de jogos muito favorável a esses clubes no início do campeonato, a ordem dos jogos visava impulsionar os queridinhos para que, eventualmente, pegassem o embalo e ficasse difícil alcançá-los – a exemplo do que aconteceu com o SCCP em 2017. Ao mesmo tempo, montou a tabela do Palmeiras cheia de pedreiras logo de cara, o que tem um potencial imenso de semear crise. O plano funcionou o início, mas não existe milagre.

Na prática, não rolou

Mauricio BarbieriDentro de campo, os times não corresponderam à expectativa. O Flamengo até que surfou na liderança por várias rodadas. A ordem dos jogos permitiu aos cariocas fazerem vários jogos seguidos na ponte Rio-Brasília e, mesmo com um futebol apenas razoável, liderou a competição até a rodada 16.

Já o SCCP foi pior. Com um elenco esvaziado, manteve-se entre os três primeiros graças ao mingauzinho que a tabela lhes reservou até a rodada 8, mas a verdade começou a aparecer e o time hoje tem que se preocupar em manter uma margem segura da zona do rebaixamento.

O Palmeiras teve a missão inversa. O início do campeonato teve uma série de partidas complicadas e os tropeços aconteceram. Os problemas de Roger Machado em desenvolver a identidade de jogo do Palmeiras ficaram mais evidentes e o time oscilou bastante.

Algo que reforça a tese é verificar que na Libertadores as campanhas foram inversas: enquanto o Palmeiras ia de vento em popa, SCCP e Flamengo faziam contas para se classificar. Hoje, o Verdão está muito próximo das semifinais e os concorrentes já estão eliminados.

Da Copa para cá, a verdade apareceu

Últimas 15 rodadasCom um bom acúmulo de pontos, SCCP e principalmente o Flamengo criaram um bom clima para trabalhar. Mas as limitações de seus times determinaram até onde poderiam ir: a ORCRIM de Itaquera naufragou rapidamente; os cariocas, graças ao impulso inicial, ainda se mantêm no G4, mas com um futebol bastante irregular.

A tabela ao lado mostra o desempenho dos clubes nos últimos 15 jogos, que é a classificação aproximada (devido ao ritmo irregular dos jogos, causado por alguns adiamentos) do Brasileirão após a Copa do Mundo. Notem como despencou o desempenho dos favoritos da CBF em relação à classificação pré-Copa.

Esses números nos permitem especular que se a tabela tivesse sido confeccionada de forma equilibrada, o Palmeiras talvez tivesse alcançado a liderança muito antes da rodada 27.

O Verdão foi muito feliz na correção de rota; Felipão deu o encaixe perfeito na base montada desde o início do ano. Podia não ter acontecido – e a chance desse encaixe acontecer com a temporada em andamento costuma ser pequena.

Por outro lado, também é possível imaginar que a correção a que o Flamengo se impôs na semana passada pudesse ter vindo antes se as dificuldades tivessem ficado evidentes mais cedo. A tabela fácil do começo escondeu as limitações do sistema de jogo desenvolvido por Mauricio Barbieri, interino que foi efetivado. Descobriram tarde demais, quando a fase reversa da tabela chegou, e agora rezam para que Dorival Júnior repita na Gávea o encaixe que Felipão conseguiu no Palmeiras.

Desta vez deu ruim, parceiro

Sede da CBFDiante de toda essa salada de números, é possível concluir que, desta vez, a manipulação da tabela não foi suficiente para direcionar o campeonato. As forças dos elencos e as correções de rotas impostas só evitaram a liderança do Palmeiras até a rodada 26.

É claro que as tendências podem se reverter; o Verdão pode ser derrotado no sábado, perder a liderança e não recuperá-la mais. Existe alguma chance do fenômeno se repetir: Dorival Júnior pode dar um estalo e fazer o bom elenco do Flamengo desenhar uma arrancada para o título. Mas se isso acontecer, terá sido jogando bola e não pelo efeito da tabela mastigadinha que foi preparada.

Ironicamente, deixaram uma sequência de jogos bem tranquilos para o Verdão nas cinco rodadas finais, calculando que o time já fosse carta fora do baralho. Erraram, e se quiserem mudar o viés atual do campeonato, é bom que o façam antes da rodada 33.

Hoje, as maiores preocupações do Palmeiras são a dupla gaúcha e, quem diria, o SPFC. O SCCP se preocupa com o rebaixamento e o Flamengo, tudo indica, vai ficar mais um ano só no cheirinho. Sigam o líder!


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