Foram realizados ontem as últimas partidas da fase de grupos da Taça Libertadores da América. Com os resultados, foram definidos os primeiros e segundos colocados que comporão os dois potes que nortearão o sorteio da chave final, que será realizado no próximo dia 4, às 21h.
O Palmeiras garantiu a melhor campanha geral da competição, e terá todas as vantagens de mando até as eventuais finais. O Verdão foi o único clube que venceu cinco partidas; apenas duas venceram quatro jogos (Grêmio e Libertad). Mesmo no considerado “grupo da morte”, o Palmeiras garantiu também o melhor saldo de gols da competição (11).
Os oito primeiros classificados foram ordenados e recebem um número de acordo com suas campanhas (de 1 a 8); bem como os oito segundos colocados (de 9 a 16). Cada clube carregará esse número até o fim da competição, e quem tiver o menor número mandará o segundo jogo em casa no mata-mata. Assim, se o Cerro Porteño (13 pontos) e segundo em seu grupo, enfrentar o Santos (10 pontos) em qualquer fase do mata-mata, o time brasileiro decidirá em casa. Confira os potes:
PRIMEIROS COLOCADOS
SEGUNDOS COLOCADOS
1) Palmeiras
9) Cerro Porteño
2) Grêmio
10) Racing
3) Libertad
11) Flamengo
4) River Plate
12) Independiente
5) Cruzeiro
13) Atlético Tucumán
6) SCCP
14) Boca Juniors
7) Atlético Nacional
15) Estudiantes
8) Santos
16) Colo Colo
Confrontos
O Palmeiras só não tem vantagem contra um dos possíveis adversários das oitavas: o Colo Colo, do Chile. O Independiente é um freguês de carteirinha. Confira os confrontos, e clique sobre os times para ver os detalhes:
Na noite de quinta-feira, o Verdazzo entrevistou o conselheiro Marcio D’Andrea, que participou ativamente do planejamento e da execução na gestão 2013-2016 e que traz sua visão sobre o atual momento do futebol de da política do Palmeiras.
As críticas, como é padrão aqui no Verdazzo, são feitas com responsabilidade e em tom construtivo, como acreditamos que a Política, com “P” de Palmeiras maiúsculo, deve ser feita.
Torcer fervorosamente pelo Palmeiras é sempre um aprendizado. Quando você espera que as coisas caminhem de uma forma, elas tomam um rumo completamente oposto.
Admito que estava totalmente desmotivado para o clássico de ontem. Não pelo desempenho de nosso time, que vinha sendo muito bom – vínhamos de três vitórias fora de casa com jogos realmente difíceis – mas sim pela forma com que o SCCP nos tratou nos últimos confrontos, encomendando as arbitragens e transformando a disputa esportiva em algo desleal.
Diante disso, a partida de ontem parecia ser apenas mais uma. Tinha perdido a mística do Derby, daquele clássico que esperamos durante toda a semana contando as horas. E diante dessa expectativa, imaginava que, em caso de derrota, ela não teria os efeitos apocalípticos que derrotas em Derby costumam ter – sobretudo se mais uma vez fosse por atuação da arbitragem, como de costume.
Ocorre que nada disso aconteceu. Perdemos o clássico e Anderson Daronco não teve nenhuma influência no resultado. O Palmeiras até jogava melhor, mas ao tomar o gol, se desmanchou mentalmente e virou um time impotente, sem reação, incapaz de agredir o adversário. E as consequências foram avassaladoras. O trabalho deste grupo e da comissão técnica está sendo duramente atacado por parte da torcida e de conselheiros, exatamente pelos resultados específicos contra o SCCP, olhando os números puros e esquecendo como eles foram construídos.
Sequência muito incômoda
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
A derrota de ontem se juntou a outras cinco, desde o ano passado. O número incomoda demais, a frase “seis derrotas em sete jogos” martela em nossa cabeça neste momento. Sobretudo porque três delas foram num espaço de menos de três meses, e nossa única vitória, fora de casa, válida pela primeira final do Paulista, acabou sem efeito nenhum, já que o título foi parar nas mãos deles.
Essa situação acaba por criar uma mística que não é verdadeira: a de que o Palmeiras “não sabe jogar contra o SCCP”. Cheguei até a pensar numa suposta superioridade tática causada por um encaixe específico, afinal, o SCCP vem sofrendo bastante em jogos contra times bem menos qualificados que o Palmeiras. Ocorre que eles também sofrem contra nós, mas por alguma razão, são precisos nas finalizações e matam jogos, coisa que nós, mesmo sendo superiores, não conseguimos fazer. São apenas detalhes, coisas do futebol. Vamos relembrar jogo a jogo:
SCCP 1×0 Palmeiras, 22/02/2017, Itaquerão, Turno do Paulistão Vínhamos de seis jogos sem derrotas em Derbies. Jogamos melhor, amassamos o adversário, mas não conseguimos fazer o gol. Aos 42 minutos do segundo tempo, Jô, que nem era titular, aproveitou um erro de Guerra e fez o gol solitário. QUEM JOGOU MELHOR: PALMEIRAS
Palmeiras 0x2 SCCP, 12/07/2017, Allianz Parque, Turno do Brasileirão O jogo tinha ares decisivos, já que 13 pontos separavam os times após um início de campeonato ruim do Palmeiras e a vitória era obrigatória. Depois de um começo muito bom, o Palmeiras tomou um gol num pênalti bobo feito por Bruno Henrique; seguiu pressionando mas não conseguiu chegar ao empate; no segundo tempo, com experiência, o adversário cozinhou o jogo e achou o segundo gol num contra-ataque bem encaixado. QUEM JOGOU MELHOR: PALMEIRAS
SCCP 3×2 Palmeiras, 05/11/2017, Itaquerão, Returno do Brasileirão Depois de uma incrível reação, o Palmeiras chegava ao Derby embalado e podendo ameaçar de fato a liderança do SCCP no campeonato. E mais uma vez o time se portou bem, jogando melhor, mas foi punido com um gol irregular de Romero, impedido. Dois minutos depois, tomou o segundo num lance de bola parada. O time ainda tirou forças sabe-se lá de onde para reagir, e Mina descontou. Sentindo o perigo, a arbitragem de Anderso Daronco inventou um pênalti de Edu Dracena em Jô – 3 a 1. O Verdão ainda descontou no segundo tempo, mas não evitou a derrota, diante de todo tipo de antijogo e catimba que um time pode praticar. QUEM JOGOU MELHOR: PALMEIRAS
SCCP 2×0 Palmeiras, 24/02/2018, Itaquerão, Turno do Paulistão O jogo estava equilibrado e o placar foi aberto numa jogada isolada, com todos os méritos, de Rodriguinho, no fim do primeiro tempo. No segundo tempo, o Palmeiras pressionava, jogava melhor, aí o time da casa recorreu à cera e ao antijogo e o serviço foi completado pela arbitragem de Raphael Claus, que inventou um pênalti de Jailson em Renê Júnior e ainda expulsou nosso goleiro. QUEM JOGOU MELHOR: EQUILÍBRIO
SCCP 0x1 Palmeiras, 31/03/2018, Itaquerão, Primeira final do Paulistão Borja abriu o placar logo no começo do jogo e finalmente o Palmeiras, ao sair na frente, teve tranquilidade para jogar o jogo. Os nervos do adversário foram para o espaço e o Verdão teve a chance de aumentar a vantagem e praticamente matar o confronto – num deles, o bandeirinha impediu que Willian e Borja partissem livres em direção ao gol de Cássio marcando impedimento inexistente. QUEM JOGOU MELHOR: PALMEIRAS
Palmeiras 0(3)x(4)1 SCCP, 08/04/2018, Allianz Parque, Segunda final do Paulistão Desta vez quem teve a felicidade de marcar um gol no começo foi o SCCP, numa infelicidade de Victor Luis. O Palmeiras não conseguiu imprimir um melhor ritmo, teve problemas com os nervos, mas mesmo assim chegou a um pênalti aos 26 minutos do segundo tempo, revogado pela arbitragem após interferência externa – o que matou nosso time mentalmente e nos levou a perder a disputa de pênaltis. QUEM JOGOU MELHOR: EQUILÍBRIO
SCCP 1×0 Palmeiras, 13/05/2018, Itaquerão, Turno do Brasileirão O Palmeiras jogava melhor até sofrer o gol de Rodriguinho aos 38 minutos de jogo, numa jogada isolada. Daí para a frente, nosso time se perdeu em campo, claramente abalado mentalmente, e foi presa fácil, escapando de perder por um placar maior. QUEM JOGOU MELHOR: SCCP
Não existe fantasma
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Cai o primeiro mito: o de que “o Palmeiras não sabe jogar contra o SCCP”. Nas sete partidas, o Palmeiras foi melhor em quatro. Mesmo na única em que o SCCP foi claramente melhor, isso se deveu a uma pane mental do time, e não ao um suposto encaixe tático mirabolante imposto por Fábio Carille.
Nossa única vitória aconteceu porque conseguimos sair na frente. Eles conseguiram o mesmo, nas outras seis vezes. Não conseguimos reagir, ou por falta de tempo, ou por interferência da arbitragem, ou por incapacidade mental nossa.
E por que eles saíram na frente seis vezes? Uma por sorte (Victor Luis), duas por erros individuais nossos (Guerra, Bruno Henrique), duas por mérito deles (Pedrinho, Rodriguinho) e uma por erro da arbitragem (Romero). Nenhuma vez diante de uma clara superioridade.
Temos que entender essa sequência tem apenas um padrão: quem saiu na frente, ganhou; de resto, o nervosismo falou mais alto e/ou a arbitragem desequilibrou. O Palmeiras precisa aprender a jogar atrás no placar e a reverter situações adversas. É um trabalho muito mais mental do que técnico ou tático.
O Palmeiras fez jogos excelentes fora de casa este ano, contra adversários difíceis, em ambientes hostis, e em todas saiu na frente, fazendo valer seu plano de jogo e sua superioridade técnica. Segurou a vitória em quase todas as vezes. Ontem, saiu atrás, num jogo cercado de rivalidade e com um histórico recente tumultuado. Pesou na cabeça de nossos atletas, que mostraram uma fraqueza que precisa ser trabalhada e estão longe de serem do tipo que jogam “sem vontade” ou de serem “frouxos”.
Em jogos sem interferência de juiz, o problema está na cabeça de nossos jogadores, não é o SCCP. Precisamos aprender a sair de catimbas e continuar impondo nosso plano de jogo, independentemente do placar. Afinal, quando eles saíram atrás, mesmo em casa, também perderam os nervos. Eles não são nenhum fantasma; jamais foram e jamais serão. Se nossos atletas melhorarem a parte mental, mesmo saindo atrás novamente no próximo jogo, teremos toda a condição de virar e chegar à vitória. VAMOS PALMEIRAS!
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
A torcida do Palmeiras vive um carrossel de emoções com Miguel Borja no comando do ataque. O colombiano já marcou dez gols este ano, deu algumas assistências, foi artilheiro do Campeonato Paulista e segue fazendo gols – ontem, em Lima, deixou sua marca mais uma vez e ainda teve participação importante no primeiro gol.
Mesmo com todos esses números, o atacante que custou R$ 35 milhões ao Palmeiras ainda faz boa parte da torcida arrancar os cabelos com sua evidente grossura, comprovada após mais de um ano como jogador do Verdão.
No ano passado, Borja tinha como justo escudo a famosa “barreira do idioma”, além da “personalidade introvertida”. O principal problema, entretanto, era a adaptação ao estilo do futebol brasileiro, bem diferente do que estava acostumado a jogar na Colômbia. Era mais do que justo exercitarmos a paciência.
Hoje, Miguel já aprendeu a marcar, a se posicionar e a se deslocar de forma que participe mais do jogo e renda mais para o grupo. E é exatamente aí que notamos o quanto ele é grosso. A dificuldade para dominar uma bola é gritante. Como ele maltrata a criança!
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Na Colômbia, Borja só tinha que se preocupar em dar um toque na bola – normalmente direto para o gol. No máximo, uma ajeitada para depois soltar a patada. Nessas condições, ficava difícil detectar o quanto ele tem problemas para fazer um domínio, ou para levantar a cabeça e enxergar o que fazer, ou para executar bem um passe.
Encantados com seus canhonaços, nem notamos que ele é péssimo cabeceador e que tê-lo no ataque significa abrir mão de jogadas aéreas como alternativas para buscar o gol.
Mas ele está longe de ser o pior atacante do mundo. Já tivemos centroavantes muito, mas muito mais grossos que Borja, e nem precisamos voltar demais no tempo para lembrar de exemplos claros. A questão é que, mesmo com essa grossura, ele tem números muito bons este ano, além de uma postura profissional irretocável. Há até quem feche os olhos para suas deficiências, satisfeito com os resultados entregues.
Tudo isso nos leva a pensar sobre a posição de quem está insatisfeito: choram de barriga cheia ou têm todo o direito de pensar mais alto ainda, sonhando com um centroavante que seja, ao mesmo tempo, letal nas finalizações mas que também tenha mais intimidade com a bola e participe com mais elegância e principalmente, mais efetividade nas jogadas?
O fator grana
Marco Galvão/Estadão Conteúdo
Um dia acreditamos que Borja seria o atacante de nossos sonhos. O estilo de jogo na Colômbia mascarou suas deficiências e pagamos nele um valor muito, mas muito acima do que hoje sabemos que ele realmente vale. E é preciso fechar essa conta, sobretudo depois que a Receita Federal mudou a regra do jogo e Borja, assim como outros atletas que vieram com apoio financeiro da Crefisa, passaram a ser dívida do clube e não risco do patrocinador.
Entra também na equação o reserva: Deyverson, este sim, um fracasso completo, um atacante ruim em todos os sentidos que também não custou barato – cerca de R$ 16 milhões. O pior é que ele nem tem as características de um centroavante nato e Borja acaba sendo o único realmente especialista na posição do elenco. A única forma de recuperar o investimento feito no jogador que veio do Alavés seria na venda de Miguel – é pouco provável que o Palmeiras salve mais que R$ 5 milhões neste equívoco que usa a camisa 16.
Temos três cenários possíveis no superaquecido mercado de julho:
Borja se destaca na Rússia e um time pequeno da Inglaterra paga até mais que a grana nele investida em 2017. No lucro, o Palmeiras traz um centroavante artilheiro e bom de bola, e segue com Deyverson no banco;
Uma variação desta possibilidade seria vender também o Deyverson e trazer outro centroavante para o banco – teríamos uma dupla de centroavantes totalmente nova para o segundo semestre e a situação financeira resolvida;
O Palmeiras não consegue nenhuma boa oferta por Borja, que segue no elenco; Mattos mesmo assim traz um atacante de ponta e Miguel vai para o banco; o Palmeiras se livra de Deyverson por uma ninharia e resolve de vez o problema do comando de ataque – mas acaba com as chances de ter sucesso financeiro na operação, amargando um enorme prejuízo;
Nada acontece e o Palmeiras segue com Borja e Deyverson – o colombiano fazendo seus gols, o treinador recorrendo ao camisa 16 quando necessário e o Palmeiras ponteando os campeonatos – sempre sonhando como poderia ser mais fácil se tivéssemos um centroavante que fizesse gols e que ainda chamasse a bola de “meu amor”.
A novela ainda tem chão. A seguir, cenas dos próximos capítulos.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
É importante ratificar que o regulamento da Copa do Brasil deste ano aboliu a regra do gol qualificado, o que dá ao clube mandante do segundo jogo uma grande vantagem.
Os confrontos da fase seguinte serão conhecidos em novo sorteio, após a definição dos oito clubes finalistas – só então teremos a chave definitiva, com todos os confrontos projetados até a final.