Transformando a deslealdade em padrão

Com graves problemas financeiros, o presidente do SCCP Roberto de Andrade acusou o golpe. Em entrevista coletiva, ao lado do técnico Fábio Carille, fez o que todo gestor malsucedido costuma fazer: culpou o “momento do Brasil”.

É verdade que o país passa por problemas conjunturais que afetam mortalmente a economia, sobretudo os pequenos empresários. Mas no mercado que atua, o SCCP jamais poderia colocar a culpa dos problemas financeiros que enfrenta no vazio que o peito de sua camisa hoje ostenta.

Desleal
Diego Ribeiro/globoesporte.com

É uma vergonha que um clube com a quantidade de torcedores que tem o SCCP, que continua recebendo uma fábula de dinheiro da RGT, coloque a culpa no “momento do Brasil” por não conseguir pagar uma fatura de 60 mil reais.

Mas mais vergonhoso ainda foi quando o presidente interrompeu uma pergunta que estava sendo feita ao treinador, na qual se traçava um paralelo com outros clubes brasileiros que estão conseguindo manter o nível de investimento alto no time de futebol. De forma grosseira, Andrade disse que os parceiros desses outros times “são bancos”, e que não é dinheiro do clube, em clara alusão ao Palmeiras – e pior, disse que a competição está sendo DESLEAL.

Chega a ser desnecessário rebater esta deselegância; a relação entre Palmeiras e Crefisa é totalmente lícita e fruto da grandeza de nosso clube. Ao deixar escapar o termo “DESLEAL”, o presidente do SCCP revelou inconscientemente o desespero por que passa. É como o garotinho mais magrinho da rua que é mandado para o gol, avisa os outros amiguinhos que “não vale bomba” e sai de campo chorando quando leva a primeira bolada na cara.

Vamos falar sobre ser desleal

No campeonato paulista de 1977, o atacante Ruy Rey, da Ponte Preta, xingou descontroladamente o árbitro Dulcídio Wanderley Boschillia, notoriamente um pavio-curto, com menos de dez minutos de jogo na finalíssima. Poucas semanas depois, foi anunciada sua contratação pelo SCCP. Isso é meio desleal.

Talvez deslealdade seja conseguir que trouxessem um juiz da Argentina para assaltar a Portuguesa numa semifinal de Campeonato Paulista, como em 1998. Ou ganhar um título em cima do pequeno Brasiliense, precisando para isso de uma enorme ajuda do famoso juiz Carlos Eugênio Simon.

Possivelmente seja desleal manipular os bastidores para que se mandassem jogar novamente todas partidas em que Edilson Pereira de Carvalho, que confessou participar de manipulação de resultados para beneficiar apostadores. As duas partidas em que o SCCP perdeu seis pontos foram limpas, mas mesmo assim foram redisputadas e quatro pontos importantes foram recuperados. Talvez não o suficiente para evitar que o Inter fosse campeão, mas nada que uma arbitragem criminosa de Marcio Rezende de Freitas não desse um jeito.

Se formos lembrar de mais arbitragens como essas, o post não acaba nunca.

Desleal é receber milhões e milhões da RGT a mais do que os outros clubes durante anos e achar que não havia desequilíbrio.

Desleal, sem dúvida alguma, é mamar nas tetas do governo federal através de um generoso patrocínio da Caixa Econômica Federal, muito acima do valor de mercado, por anos a fio.

Não vale bomba!

O SCCP se acomodou; não se preparou para quando a fonte da Caixa secasse. Talvez o clube estivesse muito ocupado comemorando o ano de 2012 ou admirando os acabamentos em mármore do estádio que foi erigido por uma construtora corrupta como agrado a um poderoso político corrupto.

Agora fala em deslealdade. Só falta falar que no próximo jogo “não vale bomba”.

Quem é que apequenou mesmo?

ApequenouEm abril de 2014, depois de uma manobra infeliz do então presidente Paulo Nobre no processo de renovação do contrato de Alan Kardec, o SPFC atravessou a negociação e contratou o atacante, que à época era um dos principais jogadores de nosso elenco. Em coletiva, o presidente do clube Carlos Miguel Aidar, confrontado publicamente por Nobre, disse que aquilo tudo acontecera porque o Palmeiras estava se apequenando.

Passados três anos, o episódio já pode perfeitamente entrar para a lista das maiores patacoadas da História do Futebol. Na verdade, Aidar fez a declaração tentando desviar o foco da imprensa para o Palmeiras, que atravessava um momento difícil, se recuperando de administrações calamitosas e de um rebaixamento, quando na verdade o próprio SPFC dava sinais inequívocos de que estava numa crise muito maior que a nossa.

Desde que o time chegou ao tricampeonato brasileiro em 2008, quando se autointitulou “soberano”, o time da Vila Sônia passou muita vergonha dentro e fora de campo. A eliminação da Copa Sul-Americana ontem pelo modestíssimo Defensa Y Justicia, da Argentina, pode até parecer o fundo do poço, mas pelo jeito ainda vamos nos divertir muito nos próximos anos.

Histórico

A derrocada bambi que Aidar tentava esconder traz uma série de vexames. Tinham acabado de se salvar do rebaixamento no Brasileiro de 2013, já no bico do corvo. Eliminações para o Avaí (Copa do Brasil 2011), Coritiba (Copa do Brasil 2012), Bragantino (Copa do Brasil 2013), Ponte Preta (Sul-Americana 2013), Penapolense (Paulista 2014) e Audax (Paulista 2016) foram entremeadas com goleadas acachapantes, como a que sofreram na última rodada do Brasileirão de 2015 por 6 a 1, dos reservas do SCCP.

Fora de campo, o time se afunda política e financeiramente. Carlos Miguel Aidar foi chutado do clube, num vergonhoso processo de impeachment que ele mesmo tratou de interromper para tentar diminuir o constrangimento – o caso envolveu desvio de dinheiro através de sua namorada. No ano passado, em mais um surto de arrogância, o clube gastou cerca de $25 milhões numa operação obscura por um zagueiro mediano na ilusão de vencer uma Libertadores. Seus cardeais resolvem as coisas no braço, CEOs são contratados e demitidos conforme o clima e o clube mais moderno do país, o modelo a ser seguido, o soberano, ao que parece era só maquiagem mesmo.

Nenhuma luz no fim do túnel

Forrada de patrocínios de produtos de segunda linha, a camisa do time parece um balcão de armazém de bairro. O técnico é Rogério Ceni, que deu a entrevista mais arrogante da História ontem após a eliminação, peitando a imprensa e dizendo que está tudo sob controle, que as três eliminações sofridas pelo clube em 22 dias estão dentro da normalidade. A culpa é do calendário, da falta de sorte, e seus 59% de aproveitamento são muito bons. OK!

Perdido, sem comando, o clube tenta se apoiar sobre o suposto moral de um ex-atleta que se mostra uma verdadeira piada como técnico. A soberba do profissional se confunde com a do clube, que o mantém não em nome da confiança e da continuidade do trabalho, mas apenas porque precisam dele como pára-raio.

O elenco é patético, o desempenho em campo é risível, os gols por cobertura abundam. Neste Brasileirão, são seriíssimos candidatos ao rebaixamento e completarão ao final do ano a décima temporada com apenas um título – a insossa conquista da Sul-Americana de 2012, em que não houve disputa do segundo tempo da final porque o adversário foi ameaçado até com arma de fogo no vestiário. E não há nada que indique que uma virada está por vir.

Quem mesmo?

Nossos inimigos, o clube que tentou roubar nosso estádio e que se aproveitou de um conflito mundial para marginalizar e levar vantagem sobre uma comunidade de descendentes de imigrantes – a mesma que os ajudou a se salvarem da falência anos antes – está acertando as contas com a história. Enquanto isso, o Palmeiras, com muita competência, mas sem soberba, volta a enfileirar troféus e hoje é o protagonista do futebol brasileiro. Quem é que apequenou mesmo?

Suposto uniforme vazado na internet contrasta com versões da torcida

A internet está forrada de supostos novos modelos para a camisa do Palmeiras para a temporada 17/18. Lamentavelmente, a Adidas acompanha o calendário europeu para os lançamentos das coleções e os times brasileiros começam as temporadas com um uniforme e terminam com outro, tornando difícil a caracterização e a identificação de um time com um uniforme.

17-18 Provável De qualquer forma, a camisa que está vazando com mais força parece ser esta, da figura ao lado. A não ser que seja um belo golpe da Adidas nos piratas – algo que não seria inédito – esta peça lembra a camisa que nos vestiu entre 1992 e 1997, passando por Adidas, Rhumell e Reebok. As listas brancas, que a imprensa maldosa associava ao leite da Parmalat, neste caso viraram um verde mais escuro. Há quem associe com uma recente do camisa do SCCP.

O escudo foi suprimido e o “P” que caracteriza o Palmeiras flutua do lado esquerdo do peito. As listas da Adidas, que haviam sido deslocadas para as laterais da camiseta nesta temporada, voltaram para os ombros, mas sem escorrer pela manga, o que atrapalhava bastante a relação com patrocinadores e a colocação de patches. A gola é careca, em verde escuro, e nota-se a ausência completa do branco.

Gosto é gosto. De cara já admito que o modelo não casa muito com minhas preferências; sou mais chegado ao tradicional.  O escudo intacto é algo que não poderia ser mexido para dar lugar a esses modismos minimalistas – embora o nosso “P” seja realmente uma obra de arte.

Que o vermelho nunca mais volte a nossa camisa principal. Isso é um alívio. Mas não precisavam sumir com o branco. Essas composições com dois tons de verde precisam ser muito bem pensadas. Essa ficou estranha.

Como toda camisa nova, esta gerou polêmica e deve passar pelos mesmos estágios nos torcedores mais exigentes:
1) Horrível, que porcaria é essa?;
2) Olhando de perto, até que não é ruim não; e
3) Acabei de parcelar em 10x no cartão

A internet produziu algumas peças alternativas interessantes.

Apesar do “P”, esta camisa é a que mais se aproxima do conceito clássico: um tom de verde, e branco nas mangas e nas listras. Botão na gola verde, para seguir uma tendência das coleções desta temporada – prefiro mesmo a velha gola “V”, branca.
Esta, segundo o autor, é uma versão baseada no que a adidas desenvolveu para outros times como o Bayern. Gola pólo com variações suaves nos verdes das listas verticais, grossas.
Tem esta viagem baseada no modelo da Reebok de 1997, com dois tons de verde meio-a-meio, e as 3 listras ainda na lateral.
Reprodução
No final da tarde apareceu esta, supostamente de uma loja em Londres, supostamente dos uniformes 1, 2 e 3. Com calções seguindo a onda “monocromática”. Socorro!

O que acharam?

Galiotte se alinha completamente a Mustafá e define diretoria, com retaliações

Mauricio Galiotte
Fernando Dantas/Gazeta Press

O Presidente Mauricio Galiotte confirmou as expectativas e definiu ontem a diretoria que o acompanhará no resto da gestão. O cargo mais importante, o de diretor remunerado de futebol, exercido por Alexandre Mattos, foi mantido.

Os diretores administrativo e financeiro, Paulo Roberto Buosi e José Eduardo Caliari, também seguem no cargo. Caliari foi pivô da manobra que deu a Leila Pereira a condição estatutária para concorrer a uma cadeira no Conselho Deliberativo. Foi premiado.

O único diretor que foi a favor da impugnação da candidatura e mesmo assim foi mantido na posição foi Alexandre Zanotta, do departamento jurídico – neste caso, contou demais a competência profissional do conselheiro, mas não se pode descartar o peso do despiste – manteve-se um dos insurgentes exatamente para tentar descaracterizar a retaliação coletiva.

Estão fora da gestão Galiotte figuras importantíssimas e estratégicas na reconstrução do Palmeiras nos últimos anos: Luis Fronterotta e Ricardo Galassi, que estavam no planejamento; Marcio D’Andrea, da tesouraria; e Guilherme Pereira, também do jurídico. Em seus respectivos grupos políticos, todos foram lideranças no movimento que tentou manter o estatuto do Palmeiras ileso, contra a canetada que vendeu uma cadeira no Conselho à patrocinadora do time.

Os vice-presidentes Genaro Marino e José Carlos Tomaselli, que também votaram pela preservação do estatuto do clube, embora não possam ser destituídos, na prática estão completamente isolados, alheios a toda decisão estratégica da gestão. Ambos foram muito atuantes nos últimos quatro anos.

Por que isto aconteceu?

Mauricio Galiotte é refém de Mustafá Contursi. Qualquer um que se sentasse naquela cadeira, sem uma boa articulação política, seria.

A estratégia de Mustafá foi simples: Paulo Nobre tinha o desejo de ser o diretor estatutário do futebol, para trabalhar ao lado de Mattos. Galliotte preferiu deixar Mattos com mais autonomia e vetou a ideia, já criando a primeira fissura. Mustafá então aproveitou o equívoco de Nobre no timing de apresentar a impugnação da candidatura de Leila para criar um impasse. Galiotte, sob intensa pressão, acabou cedendo às emoções e rompeu com o amigo, que seria seu esteio político num possível embate. Ao manipular o afastamento de Paulo Nobre do clube, Mustafá ficou com a faca e o queijo na mão.

Para se ponderar: Galiotte ficou entre a cruz e a espada. O presidente não tinha uma, mas duas facas em seu pescoço. Para sua sorte, os dois estavam do mesmo lado. Se Galiotte se mantivesse leal a sua corrente política, imediatamente perderia a governabilidade, controlada por Mustafá, e o apoio financeiro da Crefisa. Manteria a independência e teria a seu lado um ex-presidente com bastante influência, mas sem ferramentas importantes nas mãos. Ainda assim, seria algo possível de contornar.

Uma coisa é certa: se decidisse peitar Mustafá e Leila, o time deste ano já não seria tão forte. Borja não seria nosso. Sua decisão é questionável, mas parece um exagero tachá-lo de B3 pela internet, como já se pode ver por alguns torcedores menos envolvidos.

E agora?

Mauricio Galiotte tem nas mãos, hoje, um clube totalmente saneado financeiramente e organizado. Os sistemas e métodos estão normatizados e no curto prazo nada se altera.

O futebol segue forte, pelo menos este ano. Mattos sobrevive à fogueira de vaidades mantida por Mustafá, mas factoides serão criados e transformados em bola de neve no primeiro fracasso do time. A frigideira já está acesa.

Para agradar a seus currais eleitorais, Mustafá deve privilegiar gastos com o clube social, que haviam sido asfixiados na gestão anterior. Galiotte, impotente, vai ceder. Com as receitas recorrentes comprometidas, o time de futebol ficará cada vez mais dependente de aportes pontuais da Crefisa.

A Crefisa, por sua vez, ainda não se deu conta de onde se meteu e curte intensamente o sonho da publicidade que nunca teve antes. Quando enjoar da brincadeira – e isso acontecerá cedo ou tarde, diante de uma operação que claramente envolve valores acima do mercado – tirará o time de campo, literalmente. Já passamos por essa situação há pouco mais de 15 anos e o resultado não foi nada bom.

O que podemos fazer?

Xingar muito no Twitter não resolve nada. O único jeito de tentar reverter a situação é ficando sócio do clube e se unindo aos grupos progressistas que se mantêm já há muitos anos ativos e que conseguiram, quando tiveram as portas abertas, implantar os avanços que são visíveis hoje.

Politicamente, entretanto, esses grupos, como o Fanfulla, seguem minoritários dentro da estrutura política arquitetada por Mustafá, que idealizou o estatuto, reescrito em sua gestão. Só um movimento popular intenso pode diminuir o desequilíbrio imposto por um conselho em que 148 das 300 cadeiras são compostas por vitalícios – e as regras para a eleição destes privilegiam apenas os amigos de quem já está no poder. É uma estrutura viciada que só pode ruir em caso de uma pouco provável traição, ou de um movimento popular intenso.

Caso o leitor sinta que chegou a hora de participar mais ativamente de todo esse processo, o caminho é se informar com os grupos políticos de torcedores sobre como ficar sócio, e engrosse as fileiras lá dentro. Se preferir, entre em contato com o Verdazzo. Mas prepare bem o estômago e preste bastante atenção em tudo o que estiver à sua volta. A política do Palmeiras não é para iniciantes.

WTorre tira o Palmeiras de casa nas decisões para lucrar mais e doura a pílula

Máquinas retiram o gramado do Allianz Parque (25/3/17)
Reprodução: Twitter @wbortolotti

Já classificado como líder geral, o Palmeiras encerrará o mês de março e a fase de classificação do Paulistão nesta quarta-feira, em Campinas, contra a Ponte Preta. Desde o fim de janeiro, o Verdão vem usando o estadual para fazer acertos no time, adaptando o elenco, modificado em relação ao que encerrou o ano passado como campeão brasileiro, ao estilo de jogo idealizado pelo novo treinador, Eduardo Baptista.

Depois de dois amistosos, 11 jogos pelo estadual (contando três clássicos bem movimentados) e mais dois jogos pela Libertadores, o time parece ter encorpado. Os resultados apareceram e o time encerrará esta fase do ano como líder nas duas competições que participa. O elenco mostra ter abraçado a proposta do técnico e os treinos e viagens acontecem em harmonia. Tudo o que é necessário para chegar forte nas fases decisivas e conseguir bons resultados. Ou quase tudo, como veremos mais à frente…

A partir do final de semana, o ano começa realmente a pegar no breu, com as partidas que definirão a classificação para a fase eliminatória da Libertadores e a abertura do mata-mata do campeonato estadual. Nosso adversário e o local de jogo já estão definidos: enfrentaremos o Novorizontino, fora de casa, no próximo final de semana, para recebê-los uma semana depois. Não no Allianz Parque, mas no Pacaembu .

Calendário

A WTorre marcou três shows bastante próximos para os próximos dias: Justin Bieber, dias 1 e 2 de abril, e Elton John, no dia 6. A construtora conseguirá aproveitar a montagem do palco para os três shows, o que diminuirá seus custos e aumentará substancialmente sua margem de lucro. Mas o que aconteceria com o gramado, coberto por cerca de dez dias e castigado por três eventos? Certamente se deterioraria, tornando impraticáveis as disputas das quartas e das semifinais do Paulista e do jogo da Libertadores contra o Peñarol.

A construtora então recorreu a um método alternativo, caro, mas que pode ser custeado pelo assombroso lucro que deve auferir com o show triplo: programou a retirada e a recolocação do gramado. E dourou a pílula, colocando um vídeo em sua página no Facebook mostrando um processo semelhante adotado na Arena Amsterdam, há alguns anos. E todos nós sabemos: para brasileiro trouxa comprar uma ideia, é só falar que na Europa é assim, que os olhinhos brilham de deslumbre. E nem acha ruim que precisaremos jogar a partida de volta contra o Novorizontino no Pacaembu.

Esse processo não é economicamente viável num show simples, como será o de Sting, no dia 6 de maio. O evento será realizado com a configuração anfiteatro, em que o palco fica virado para a ferradura e ocupa apenas uma parte da grande área do Gol Norte. Mesmo com essa estrutura reduzida, não há tempo hábil para a desmontagem; caso o Palmeiras avance à final do Paulistão com a vantagem do mando, como todos esperamos, a finalíssima precisará ser jogada também no Pacaembu – algo confirmado ontem à noite pelo presidente Maurício Galliote no programa Mesa Redonda, da TV Gazeta.

A excelente campanha do Palmeiras na fase de classificação, que deu ao time o direito de mandar os jogos decisivos em casa, não poderá ser desfrutada. A WTorre, que quer, precisa e tem direito de lucrar com a estrutura multiuso do estádio, usa sua prerrogativa tirando time e a torcida de nossa casa justo em momentos decisivos por algo que parece ser um misto de descaso e incompetência em conciliar as agendas de espetáculos com a do futebol.

Atuando no Allianz Parque, o Palmeiras consegue vantagens esportivas e financeiras extraordinárias. Desde a inauguração, em novembro de 2014, o Palmeiras já mandou 7 partidas no Pacaembu e venceu 4, empatou 1 e perdeu 2 – um aproveitamento de 61%, inferior aos 72% de nossa nova casa, onde já levantamos dois títulos. Os mais de 30 mil pagantes em média proporcionam, a cada partida, mais de R$ 2 milhões ao Palmeiras, ao passo que no Pacaembu o valor arrecadado cai dramaticamente.

Mansidão

O Palmeiras e a WTorre precisam desenvolver em conjunto uma unidade de inteligência que consiga trabalhar nos bastidores junto a promotoras de eventos e entidades organizadoras do futebol (FPF, CBF e Conmebol) um mecanismo para conciliar datas e preservar os interesses do clube e da torcida.

A WTorre, tratada como parceira, não age como tal. A atual diretoria do Palmeiras decidiu traçar uma política de bom relacionamento com o incômodo inquilino, mas na prática verificamos uma postura subserviente diante do absurdo de nos vermos alijados de usar nosso estádio em duas das três partidas decisivas, incluindo uma final de campeonato.

Entendemos que tudo isso é resultado de um contrato patético, que rende processos de arbitragem que ainda estão em andamento. Mas enquanto as regras não são todas estabelecidas, será que não podemos jogar um pouco mais duro? Será que uma mensagem de boa sorte no telão do estádio conseguiu essa mansidão toda de nosso presidente?