As maluquices que o povo fala depois de um Derby

Dudu
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

Toda a mitologia que se cria em torno dos Derbies fica mais aflorada, claro, quando um confronto é disputado. No último sábado, o Palmeiras recebeu o SCCP no Allianz Parque como franco favorito e acabou derrotado por 1 a 0.

Como todos vimos, foi uma partida extremamente desequilibrada, na qual o Palmeiras sofreu um gol de bola parada aos sete minutos e amassou a defesa adversária nos 91 minutos seguintes sem sucesso.

Nos grandes mistérios da vida, em que o homem não consegue através da ciência explicar o porquê de determinadas coisas, o expediente mais comum é recorrer a explicações místico-religiosas – algo que, de alguma forma, dê algum conforto a uma mente perturbada pela incompreensão.

No futebol, a sabedoria de boteco com suas frases de efeito faz esse papel. Perder clássicos leva o torcedor às raias do desespero – que, por sua vez, é pródigo em cunhar frases. Algumas estão em alta desde o apito final de Luiz Flávio de Oliveira. Vamos tentar entendê-las para desconstrui-las.

Base de dados: marcar primeiro; e o fator casa

Para começar este exercício, usaremos um levantamento de todas as partidas disputadas entre 2015 e este início de 2019 – as últimas quatro temporadas em que os dois times tiveram seus novos estádios como aliados e que com ajuda deles ganharam, cada um, dois Brasileiros.

Foram 16 partidas, com 6 vitórias do Palmeiras, 2 empates e 8 vitórias deles. É preciso lembrar que num dos empates, em abril de 2015, a decisão foi para os pênaltis e o Palmeiras saiu vencedor: “acabou, Petros”.

Em todos os jogos em que houve vencedor, quem saiu na frente, ganhou. Isso mostra o quanto o fator emocional é presente no confronto. Levar um gol num Derby traz aos atletas do time que está atrás uma dose de pressão imediata que faz com que a reação se torne algo muito complicado.

O fator casa vale muito menos que a pressão de sair atrás no placar. Neste período, foram sete vitórias dos visitantes, sete dos mandantes, além dos dois empates. O que conta mesmo é o fator emocional – tanto o estrago que sofre quem leva o gol, quanto o estímulo de confiança de quem marcou.

Freguês é o caramba

Borja

Os 103 anos de confronto já tiveram sequências e tabus para os dois lados, e o ciclo está sempre virando. O saldo final ainda é nosso, com duas vitórias de margem.

Nos últimos cinco jogos, o placar é de 3×2. O último confronto antes da partida de sábado havia sido uma vitória do Palmeiras.

O torcedor palmeirense fica tão descompensado quando perde um Derby que, para poder pedir ajuda às entidades místicas que regem o mundo do futebol, aceita pechas que sequer tem base real.

Não tem nada de freguês. Para que isso aconteça, o sertão vai ter que virar mar e a vaca vai ter que tossir três vezes antes do galo cantar.

Fogo contra fogo

Outra teoria maluca que surgiu foi a de que “o Carille sabe como jogar contra o Palmeiras”. Nossa torcida está fazendo um enorme favor ao adversário ao criar esses mitos, que absolutamente não correspondem à verdade.

O placar nos confrontos induz a essa conclusão – um sonoro 7 a 1. Só que quatro delas, a vitória foi apertada, equilibrada, pelo magro 1 a 0 e sob a maldição dos nervos destruídos – que também trabalhou a nosso favor na nossa única vitória, na ida da final de 2018, gol do Borja. O placar de 1 a 0 sempre tem como componente o acaso. Sorte também ganha clássico.

Não podemos esquecer que entra nesse saldo a operação de Anderson Daronco forjada para lhes garantir o Brasileiro de 2017 e, claro, a fatídica final de 8 de abril. Juiz também ganha clássico – e até campeonato.

Na real, o Palmeiras perdeu o jogo realmente dominado em apenas duas oportunidades: 0 a 2 no Allianz Parque em 2017, turno do Brasileiro, e 2 a 0 em Itaquera, turno do Paulista em 2018.

Na partida deste final de semana, Fábio Carille não mostrou nada sobre “saber jogar contra o Palmeiras” – afinal, seu time sofreu 25 finalizações e só não perdeu por erros de execução de nossos jogadores. Para derrubar essa frase botequeira, é só combater fogo com fogo e apelar para a velha condicional: “SE o Palmeiras fizesse pelo menos uma das 25 chances que criou…”

Uma engrenagem que precisa ser azeitada

Deyverson
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Tentar recorrer a verdades instantâneas é uma forma pouco inteligente de buscar alívio por derrotas doídas como esta última – sobretudo quando elas alimentam mitos que, além de tudo, fortalecem o inimigo.

O que aconteceu no sábado foi simplesmente uma convergência de fatos em que mais uma vez um gol no começo, fruto de uma bola parada, influenciou todo o andamento do resto da partida.

O Palmeiras precisa usar este enorme fracasso para corrigir um ponto que já nos atrapalhou no ano passado: a parte emocional, que é tão científica quanto todos os métodos desenvolvidos dentro das quatro linhas por Felipão, Paulo Turra e toda a equipe de apoio. É mais uma engrenagem que precisa funcionar bem, mas ao que parece, está emperrando toda a máquina.

O campeonato paulista realmente não vale nada para nós, a classificação não ficou em risco, muito menos os objetivos da temporada. Mas perdemos o clássico, e isso importa muito. Ninguém pode minimizar a derrota por causa do contexto do campeonato ou da temporada; vencer o SCCP é uma das razões de nossa existência e perder para eles nos deixa tristes e/ou com raiva.

Cabe a nós digerir e superar. Há quem use frases de efeito ou verdade de bar para amenizar. Quem não gosta de se enganar, ao menos que use frases que sejam verdadeiras; não essas maluquices que o povo fala na internet.


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Luiz Flávio apita o Derby e a guerra aberta com a FPF segue

A Federação Paulista de Futebol escalou Luiz Flávio de Oliveira para apitar o Derby, que acontece no próximo sábado no Allianz Parque.

Os números de Luiz Flávio apitando os jogos do Palmeiras sugerem honestidade. De fato, o índice de 73,6% de pontos conquistados em 24 partidas é um dos mais altos entre todos os juízes, e acima da média histórica de pontos do Verdão.

Mesmo nos clássicos, a marca de 7-1-4 em 12 jogos é notável. Especificamente contra o SCCP, no entanto, o retrospecto é de equilíbrio, com duas vitórias para cada lado.

Mas não são os números que depõem contra essa escalação. A família Oliveira, que além do aposentado Paulo César e de Luiz Flávio, tem também a sobrinha Patrícia Carla em seus quadros e a relação de longa data com a comissão de arbitragem é estreita.

Paulo César de Oliveira foi a voz do crime praticado em 8 de abril, quando vaticinou em rede nacional que não houve falta de Ralf em Dudu e desencadeou toda a operação para desmarcar o pênalti.

A influência do SCCP em todas as esferas de poder da FPF é assustadora,
a escalação de Luiz Flávio vem carregada de simbologia e é uma demonstração clara da Federação de que a guerra está em seu auge.

Se o Palmeiras quiser vencer o Derby no sábado, vai precisar jogar muito mais bola que o adversário. Mas muito mais. Cabe a todos nós, palmeirenses empurrarmos o Verdão com todas as forças dos pulmões para cima da ORCRIM de Itaquera.


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Palmeiras monta uma fábrica de craques em Guarulhos e colhe os frutos

Enquanto o time comandado por Felipão vem fechando o ano com reais chances de conquistar os maiores títulos da temporada, deixando a torcida cheia de confiança, as categorias menores, que já brilharam intensamente em 2017, vão repetindo a dose em 2018 alcançando as fases finais de todas as competições em disputa. A base vem forte!

Sub-20

O time sub-20 do Palmeiras disputa a final do Brasileirão. Depois de liderar as duas etapas da fase de grupos e de passar pelo mata-mata eliminando o Fluminense sem maiores dificuldades, o time comandado por Wesley Carvalho chega às finais para encarar o Vitória, time que já enfrentou e venceu duas vezes na segunda fase da competição – 1×3 em Salvador e 2×0 em Itu.

Papagaio
Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

O Palmeiras é a base da Seleção Brasileira e tem os dois principais artilheiros da competição: Papagaio, com 9 gols, e Yan, com 7. Além deles, brilham Vitão, Alan e Luan Candido. O time tem jogadores bons em todas as posições, a começar pelo goleiro, Anderson. As finais serão disputadas em duas partidas: amanhã, às 21h30, no Barradão, e na quinta-feira da próxima semana, dia 25, quando receberá o time baiano no Allianz Parque, às 19h15.

O time sub-20 também está forte no Paulistão, defendendo o título: o time ocupa a liderança geral após três fases e está classificado para as quartas-de-final da competição: enfrenta o Red Bull, domingo, às 11h em Jarinu, no jogo de ida. Os outros times na chave são SCCP, SPFC, Guarani, Portuguesa, Desportivo Brasil e Ponte Preta. O Santos já foi eliminado.

Sub-17

FabrícioO Sub-17, campeão Mundial na Espanha, jogará contra o Inter pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil esta tarde, em Alvorada do Sul-RS, em busca do bicampeonato. Na primeira fase, o time passou pelo Vila Nova sem permitir o jogo de volta: 0x2 em Goiânia.
(atualização: Inter 0x1 Palmeiras, gol de Danilo)

No Paulistão, o time enfrentará o Audax, nas quartas-de-final – o primeiro jogo acontece no sábado, às 11h, no estádio José Liberatti. Os outros classificados são SCCP, SPFC, Santos, Amparo, Mirassol e Novorizontino.

O time comandado por Artur Itiro, que também é base da Seleção Brasileira, ocupa a segunda posição na classificação geral, apenas 1 ponto atrás do SPFC – mas é importante ressaltar que a formação principal excursionou para disputar em paralelo alguns torneios amistosos e o time alternativo foi acionado várias vezes.

Os grandes destaques do time são Fabrício, Gabriel Veron e Gabriel Silva. Fabrício tem 32 gols em 18 jogos e está próximo de quebrar o recorde de Gabriel Jesus, que foi às redes 37 vezes em 2014.

Sub-15

O time Sub-15 do Palmeiras também está firme no Paulistão, em busca do tricampeonato: vai jogar as quartas-de-final contra a Ponte Preta; o primeiro jogo acontece no sábado às 9h em Águas de Lindóia.

O time comandado por Lucas de Andrade é o líder invicto da classificação geral com 23 vitórias em 26 jogos, marcou 76 gols e sofreu apenas 12. Os maiores destaques são Ruan Ribeiro e Robert Ribeiro – que não são parentes.

Completam a chave das quartas-de-final SCCP, SPFC, Santos, Audax, Desportivo Brasil e Novorizontino.

Sub-13

O time Sub-13 também chega às quartas-de-final do Paulistão como o time mais bem classificado nas fases anteriores. O time enfrentará o Jabaquara e o segundo jogo acontece em nosso CT, em Guarulhos, no domingo às 10h30 – na ida, o Verdão venceu por 3 a 0.

Os outros clubes que permanecem na disputa são SCCP, SPFC, Guarani, Inter de Limeira, Rio Preto e Noroeste. O Santos já foi eliminado.

Sub-11

O Palmeiras busca o tetracampeonato do Paulistão e enfrenta o Comercial nas quartas-de-final. O jogo de ida aconteceu em Ribeirão Preto e os times empataram sem gols. O jogo de volta acontece no domingo, às 9h, em nosso CT em Guarulhos.

Seguem na disputa o SCCP, o SPFC, o Santos, o Audax, o Santo André e o Marília.

A base vem forte!

Sub-20
Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

Não tem como não usar o bordão. Depois de Gabriel Jesus, que liderou o time à conquista do eneacampeonato brasileiro e hoje brilha no Manchester City, e de Fernando, talento precocemente vendido à Ucrânia, novos talentos podem despontar entre os profissionais em breve.

Uma autêntica fábrica de craques está montada em Guarulhos; os troféus brotam de todos os cantos e o clube é base das seleções da CBF em todas as categorias. Felipão já se mostrou atento aos novos valores e vem usando os meninos em vários treinos – é questão de tempo para serem aproveitados de fato no time principal.

O trabalho, iniciado em 2013 por Erasmo Damiani (hoje coordenador de base de CBF) e que é coordenado por João Paulo Sampaio desde 2015, segue dando frutos, proporciona grandes festas para a torcida no final do ano e pode, enfim, nos dar a primeira de muitas Copas São Paulo em janeiro. VAMOS PALMEIRAS!


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Pleno do TJD deve encerrar hoje a temporada 1 da série “Interferência Externa”

Delegado Olim(com spoilers)
Hoje é dia de season finale no futebol. O Pleno do TJD deve julgar, a partir das 17h30, o recurso do Palmeiras para anular a final do Campenato Paulista, realizada no dia 8 de abril, sob a alegação de interferência externa.

O Palmeiras montou um enorme dossiê onde reúne uma série de provas de que a arbitragem de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza foi ilegalmente impelida a voltar atrás na marcação de um pênalti a favor do Palmeiras, oito minutos depois do lance acontecer.

O TJD já tentou desprestigiar a reclamação palmeirense várias vezes, seja alegando recurso fora de prazo, seja adiando a audiência dando como desculpa a greve dos caminhoneiros. Sem o menor risco de um plot twist, é certo que a decisão de hoje será contrária ao Palmeiras.

O capítulo final entre o Palmeiras e o TJD, presidido pelo corintiano Delegado Olim, marca o final da primeira temporada da série, cuja segunda temporada já foi confirmada pelos produtores, na qual o Palmeiras vai recorrer ao STJD.

Três temporadas

O STJD, antagonista da temporada 2, já fez uma rápida aparição na season 1, numa tentativa dos advogados do Palmeiras de fazer o TJD rever a recusa do recurso, alegando perda de prazo. A exemplo da primeira temporada, que se encerra hoje, o Palmeiras também deve ser derrotado ao final da segunda temporada.

Todo esse caminho, no entanto, é necessário para que o clube possa recorrer à CAS – a Corte Arbitral do Esporte, na Suíça, onde, espera-se, o julgamento não tenha nenhum viés como aqui no Brasil. Sem esgotar todas as instâncias no Brasil, não é possível recorrer à CAS.

Essa deve ser a trama da terceira e última temporada da série, que não tem graça nenhuma e cujo final não tem a menor possibilidade de ser exatamente feliz, já que, na melhor das hipóteses, será feita Justiça – o que está muito longe de deixar alguém feliz diante de toda a patifaria cometida no gramado do Allianz Parque.


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Palmeiras deixa RGT no vácuo; só falta a declaração formal de guerra

RGT no vácuoOs jogadores do Palmeiras passaram reto, sem sequer dar atenção, aos repórteres do SporTV/RGT ao final do jogo de ontem contra o Botafogo.

A cadeira destinada a um representante do Palmeiras no programa “Bem, Amigos”, tradição do programa nos jogos às segundas-feiras, ficou vazia, para evidente constrangimento do apresentador Luiz Roberto.

Segundo a emissora, a negativa partiu dos jogadores. Não é possível saber com certeza até que ponto a ordem veio de cima. Mas é bem pouco provável que os jogadores tenham tido essa iniciativa – até porque, eles adoram uma câmera. Tem todo o jeito de orientação de superiores.

Caso venha à tona que realmente os jogadores estão sendo orientados a ignorar os canais da RGT, se a diretoria de fato entrar de cabeça nessa titânica queda de braço, será uma declaração de guerra inédita e histórica. Será quase como um novo 1942.

“Nunca peite a RGT”

Em conversas com pessoas bastante influentes nos bastidores do futebol, um dos consensos do meio é que comprar uma briga com a RGT é a última coisa que deve ser feita. Além da força da emissora nos bastidores da CBF, a emissora costuma ser a tábua de salvação financeira quando as contas dos clubes não fecham – algo corriqueiro entre as administrações dos cartolas brasileiros.

Provavelmente com um fundo reservado apenas para socorrer clubes com problemas de fluxo, a RGT conseguiu ter praticamente todos nas mãos, e assim consegue dar as cartas não apenas nas transmissões dos jogos, mas também na confecção da tabela. Fora outras influências que ficam na parte de trás das cortinas.

AlexTodo esse poder, que já foi ilustrado por Alex com a frase “quem manda no futebol é a RGT, a CBF só empresta a sala de reuniões”, nunca teve resistência. Ao contrário: o único foco de união dos clubes que poderia um dia ser entrave às pretensões da emissora, o Clube dos 13, foi dissolvido numa manobra arquitetada por Andrés Sanchez e pelos “gângsteres da RGT”, em troca de vantagens para o SCCP – a começar pela equiparação ao Flamengo no contrato para transmissão dos jogos pela TV aberta. Depois disso, o clube ganhou patrocínio estatal, um estádio com dinheiro público e nunca antes na história deste país os árbitros ajudaram tanto um mesmo time. Até bandeirão a torcida deles ganhou de presente.

O Palmeiras, ao contrário, passou a ser sistematicamente prejudicado. Além do cúmulo da roubalheira que são as interferências externas, vemos nas transmissões da RGT sinais claros de prejuízo ao Palmeiras na parcialidade camuflada dos comentaristas e narradores, na sonegação de replays, na construção de efeitos gráficos mentirosos e na direção de som, que sempre abafa nossa torcida.

Diante de tudo isso, nossa diretoria deve ter se perguntado: “de que adianta não peitar a RGT?”

O Palmeiras, depois de um movimento de reconstrução financeira que já está em seu quinto ano, não é mais refém da emissora; o Verdão não precisa fazer, por exemplo, como acabou de fazer o SPFC, que adiantou mais um quinhão e se enforcou um pouco mais para tirar Everton do Flamengo.

Se o clube já é roubado pela arbitragem da FPF e da CBF; se é tratado com um clube de segunda categoria nas transmissões da emissora, e se não precisa do dinheiro fácil vindo dos cofres dos Marinho, para que serve a subserviência afinal? O mantra caiu. Pode peitar a RGT sim! Mas será que vai acontecer?

Os donos do mundo

BozóAo deixar a cadeira vazia, a direção do “Bem, Amigos” quis deixar claro que considerou um acinte a negativa do Palmeiras. Quem trabalha na emissora parece viver num universo paralelo onde Deus é prateado e tem sobrenome: Marinho.

Através do personagem Bozó, Chico Anysio, ainda na década de 70, ironizava a arrogância dos funcionários da RGT que ostentam seus crachás como se pertencessem a uma raça superior. Repórteres da emissora investem sobre os objetos de suas entrevistas com a convicção de que estão fazendo um favor a eles. Quem não quer aparecer na RGT? São os donos do mundo.

Ao ignorar os repórteres da emissora na saída do campo, e pior, ao fazer a “desfeita” de deixar uma cadeira do programa de maior audiência do canal vazia, o Palmeiras ousou fazer o que poucos já tiveram coragem. Quem chegou mais próximo disso foi Eurico Miranda, ao estampar o logo do SBT na camisa do Vasco na final da Copa João Havelange de 2000, só para provocar.

Depois de conseguir sua independência financeira, o Palmeiras tem a chance agora de exigir respeito, revivendo a História escrita há mais de 75 anos por nossos bisavós. À época, usaram a Grande Guerra como desculpa para tomar nosso estádio, mas a italianada colocou os canalhas para correr da rua Turiassú com paus e pedras.

A versão moderna da Arrancada Heroica poderá acontecer na mesa de negociações. Com bastante lastro, proveniente 80% da força da torcida, que sustenta o clube na bilheteria, no Avanti e na compra de produtos licenciados, o Palmeiras bate o pé e arreganha os dentes. Só falta declarar guerra formalmente.

Brigar, pra que?

RespeitoNão temos mais nada a perder. Mas o que temos a ganhar ao bater de frente com a rede de televisão mais poderosa do país?

Para começar, respeito. Da própria RGT, das outras emissoras, das arbitragens e das outras torcidas que sempre sonharam em ver seus clubes fazendo o mesmo.

Caso não acerte com a RGT o acordo para transmitir as partidas em TV aberta, o bloco liderado pelo Palmeiras, que ainda tem Atlético-PR e Bahia, tirará do ar 28% das partidas do Brasileirão da grade da emissora a partir de 2019. Fechar o acordo para TV aberta será bom para os dois lados. E será ótimo se este acordo seja fechado sem que o Palmeiras, a exemplo do Santos, tenha arriado as calças, ganhando o pagamento integral e diminuindo drasticamente a diferença para o que recebem Flamengo e SCCP, os protegidos da emissora, que precisará rever seu sonho da espanholização do futebol brasileiro.

O Verdão tem como trunfo a terceira maior torcida do país, que no engajamento deve ser a primeira. Tem o maior canal de streaming entre todos os clubes da América Latina, a TV Palmeiras/FAM. E pode até vislumbrar transmissões próprias de enorme sucesso, desde que a legislação que hoje determina que os direitos das partidas sejam divididos pelos dois clubes seja readequada, restringindo os direitos apenas aos mandantes. Em caso de fracasso nas negociações, parece claro que o Palmeiras perde menos.

Se realmente levar adiante essa briga, o Palmeiras fará história. Com uma série de vantagens que lhe dão força na  negociação, só não conseguirá êxito se a RGT escolher por não dar o braço a torcer, mesmo que tenha que amargar prejuízo na operação como um todo – neste caso, nossos cofres ainda perceberão a entrada de um bônus do Esporte Interativo.

Em qualquer cenário, o Palmeiras imporá respeito e o caminho estará traçado para que os outros clubes também o trilhem, para livrar nosso futebol da influência nefasta de uma emissora de televisão que trata nosso esporte como seu brinquedo particular. Basta, para isso, seguir em frente na rebelião e se manter firme na mesa de negociação. VAMOS PALMEIRAS!


Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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