Guilhotina no Palmeiras deflagra uma nova corrida contra o tempo para planejar 2020
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
O Palmeiras foi derrotado pelo Flamengo no Allianz Parque na
tarde de domingo e, depois de três meses, Mano Menezes acabou demitido. Junto
com ele, foi dispensado também o Diretor de Futebol, Alexandre Mattos, que já
vinha sendo alvo de uma campanha contra si havia alguns meses.
A derrota, em si, talvez já fosse a gota d’água para ambos.
Mas a maneira como o jogo transcorreu tornou a decisão de demitir Mano muito
fácil. Ainda durante a partida, ele mesmo já sabia que era o fim da linha; sua
expressão corporal à beira do gramado já deixava claro que ele estava ciente
que não haveria sequência em seu trabalho.
Incluindo a partida contra o Atlético-MG em que o time foi
dirigido pelo auxiliar Sidnei Lobo, foram 20 partidas com a comissão técnica de
Mano Menezes, com 11 vitórias, 5 empates e 4 derrotas – três delas na sequência
final do trabalho e decisivas: contra o Grêmio, Fluminense e Flamengo. A
derrota por 3 a 1 para os rubro-negros foi a pior sofrida pelo Palmeiras em
cinco anos de existência do Allianz Parque.
O aproveitamento final da trajetória de Mano no Palmeiras foi
de 63%, marca que o coloca apenas dentro da média histórica geral do clube – o que,
diante dos novos padrões estabelecidos e da ambição imposta por todos nós, é
pouco. Mas não foram apenas os números: a ausência de padrão tático e a postura
leniente da maioria dos atletas em campo sob seu comando tornaram a permanência
do treinador, num momento de decisão para o projeto técnico-tático da próxima
temporada, insustentável.
Mattos foi no
embrulho
Cesar Greco / Ag.Palmeiras
Não sabemos até que ponto a decisão de demitir Alexandre
Mattos passou por discordâncias quanto a segurar ou não Mano Menezes. Era
sabido que Mattos estava fechado com Mano e pode ter havido um impasse do tipo “se
ele for, eu vou junto” – se houve, Mattos acabou fazendo um favor à direção,
dando-lhe o argumento decisivo por sua demissão.
A pressão para demitir o Diretor de Futebol foi mais um
produto desenvolvido pela fábrica de problemas que paira sobre o Palmeiras
desde 1914. Em vez de pressionarem o presidente para ser menos permissivo com
os maus negócios trazidos à mesa por Mattos, como acontecia até 2016,
preferiram pedir a cabeça do subalterno e assim demonstram poder. No final,
demore o quanto for, essas pressões sempre surtem efeito – pelo menos quando o
comando não tem firmeza suficiente.
E agora?
Nós, torcedores, estamos perdidos. “Sabemos” o que não
queremos, e normalmente não pensamos muito na hora de clamar por mudanças,
mesmo sem ter a menor ideia da nova direção para que devemos remar depois.
Na entrevista coletiva concedida na noite de domingo, o
presidente, ao menos aparentemente, mostrou estar na mesma situação. Sua noite
de sono não deve ter sido das melhores.
Os rumos do Palmeiras para 2020 passam pela definição, pela
ordem, da identidade de jogo que se quer implementar, e de quais profissionais comandarão
essa nova implementação – a única coisa já sacramentada é que “a base será
utilizada”.
Essas definições precisam ser rápidas, para organizar o
roteiro de contratações e dispensas. Diante dos longos contratos a que quase
todos os atletas do elenco estão vinculados, as dispensas demandarão tanto ou
mais trabalho que as contratações, já que os jogadores precisam ser realocados
por empréstimo.
O tempo está passando. Tic-tac.
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