Hype sobre a base encobre o desequilíbrio do elenco em formação

O empréstimo de Carlos Eduardo, confirmado nesta terça-feira, mantém a tendência desta janela de transferências: uso massivo da base, nenhuma contratação e muitas dispensas.

Jogadores como Borja e Carlos Eduardo estavam muito desgastados com a torcida e não tinham mais ambiente para seguir no elenco. As dispensas, bem costuradas, vieram em boa hora.

Mas o uso equivocado dos recursos no ano passado parece estar cobrando seu preço. A primeira partida da pré-temporada acontece daqui a oito dias e nenhuma contratação foi feita. A determinação, segundo repercutem os setoristas do clube, é de contenção de despesas.

Para suprir as sete saídas confirmadas até agora no elenco, foram incorporados nove atletas oriundos de nossas categorias de base. E nem todas as saídas tiveram reposição, assim como nem todas as promoções ocuparam lacunas. O elenco ainda parece desequilibrado.

Idas e vindas: desequilíbrio e indefinições

Para a saída de Fernando Prass, Vinicius Silvestre foi incorporado. Para preencher as vagas de Edu Dracena, Antônio Carlos, e Thiago Santos, foram chamados Pedrão, Patrick de Paula e Gabriel Menino – o movimento de Felipe Melo para a zaga corrige este pequeno desencaixe. Até aqui, caso o camisa 30 seja mesmo deslocado, tudo certo.

A saída de Carlos Eduardo está sendo reposta, no papel, por três meninos da base: Angulo, Wesley e Veron. O grupo se ressentia de atletas com essa característica em 2019: além de Dudu, tivemos apenas Carlos Eduardo e Felipe Pires, que logo foi repassado. Teoricamente, os três garotos devem lutar por duas vagas. Até aqui, continua tudo certo.

Luiz Adriano
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Mas ainda há ajustes a serem feitos. De nossa trinca de centroavantes do ano passado, Borja, Henrique Dourado e Deyverson, os dois primeiros já saíram e Deyverson, finalmente, recebeu novas propostas do exterior e tende a ser mais um a deixar o clube. Luiz Adriano e Willian, que não têm porte físico para serem usados como nove clássico, seguem sendo nossas opções para a função.

Papagaio voltou de empréstimo e está treinando separadamente do grupo principal – seria uma opção caso o Palmeiras esteja realmente em situação de penúria, sem nenhuma verba para compras. Mas o ideal, claro, seria investir pesado num reforço para esta faixa do campo.

Victor Luis está cotado para ser negociado com o Atlético, assim como Hyoran – o meia sequer está participando das atividades neste início de trabalhos. Os representantes de Gustavo Scarpa seguem conversando com o Almería-ESP.

Diogo Barbosa
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Se o camisa 26 deixar o clube, Lucas Esteves será a única alternativa para o lado esquerdo da defesa – e o titular, Diogo Barbosa, terminou o ano muito contestado diante de seu fraco desempenho.

Na meia, ainda sem saber se Scarpa fica ou sai, Alan precisa dar certo para ser uma opção para Luxa. Raphael Veiga, Zé Rafael e Lucas Lima rendem bem quando bem usados, mas Luxa precisará ser certeiro para achar a química correta, construindo um desenho tático onde todos produzam o que sabem. Não há margem para erros no setor taticamente mais importante do time. E sequer sabemos quem fica e quem sai.

Vamo-que-vamo

Uma ala da torcida, de forma surpreendente, parece estar comprando bem a ideia de repor as saídas apenas com a base. Provavelmente estão fazendo uma ligeira confusão entre não gastar de forma desordenada com não contratar ninguém.

Um clube com as pretensões do Palmeiras não pode se dar ao luxo de virar um ano sem reforçar o elenco nas funções mais carentes, confiando apenas no poder da base – por melhor que tenha sido o desempenho dos meninos no ano passado. Apostar nos poderes mágicos de Luxemburgo parece um risco muito alto.

Gabriel Verón
Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

A diretoria está tentando consertar seus equívocos na administração financeira no ano passado e está aproveitando o hype em cima da base para justificar uma janela inteira em branco iludindo parte da torcida.

Como contra-argumento, há quem defenda a medida usando como exemplo o sucesso do Flamengo, que contratou meio time na janela de julho em 2019. Tomam uma exceção como regra. Um tiro no escuro que foi na mosca virou tendência.

O planejamento do elenco deste ano é o menos profissional desde 2015. O fluxo de caixa capenga está determinando uma postura “vamo-que-vamo”: coloca pra jogar e vê o que acontece, em julho a gente vai atrás pra corrigir que deu errado.

Ainda há tempo para corrigir, embora o planejamento tático esteja nitidamente atrasado diante de tantas indefinições. O Palmeiras não precisa comprar meio time, bastam duas ou três contratações grandes, que demonstrem realmente o tamanho da ambição do clube para esta temporada. Quanto mais demorar, menor parece. TIC TAC!


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