Jorge Wilstermann X Palmeiras

03/05/2017 - 21:45 Libertadores da América Felix Capriles

Seguindo a rotina de oscilação e de primeiros tempos muito ruins, o Verdão foi derrotado pelo Jorge Wilstermann em Cochabamba e adiou a classificação para a rodada final. O time agora espera pelo Atlético Tucumán e jogará pelo empate no Allianz Parque, ainda sem saber se poderá contar com a presença da torcida. Antes dessa decisão, o time ainda terá confrontos pela Copa do Brasil e pelo Brasileirão – serão agora onze dias para zerar o time fisicamente e apurar ainda mais o time no aspecto tático, em busca do fim das oscilações.

PRIMEIRO TEMPO

Eduardo Baptista errou na estratégia. Prevendo um Jorge Wilstermann pressionando nosso time e dando espaço para nossos contra-ataques, nosso treinador apostou num time mais veloz, sacando Borja do time titular e posicionando Willian como referência. A estratégia pressupunha que nossa defesa fizesse uma partida firme, sem tomar gols, para que essa lógica não se invertesse.

Mas logo a um minuto quase a casa cai: numa bola espirrada com muito efeito do lado esquerdo de nossa defesa, Bergese pegou a sobra e cruzou na linha da pequena área para Ríos, que cabeceou errado, por cima, perdendo chance clara.

Passado o susto, o jogo de velocidade do Verdão ameaçou encaixar nos primeiros minutos. Aos cinco, em bom contra-ataque, Jean inverteu a jogada para Roger Guedes, que fez grande jogada em cima de Alex Silva dentro da área e cruzou por baixo para Dudu, que se preparava para marcar, mas Zenteno cortou e mandou pela linha de fundo – o juiz marcou tiro de meta.

Aos oito, num rebote de escanteio, Michel Bastos recolocou na área; Thiago Santos escorou e Roger Guedes emendou um lindo voleio, mandando para as redes, mas estava impedido. Um minuto depois, Guerra percebeu Olivares adiantado e arriscou um balaço do campo de defesa; a bola viajou, venceu o goleiro mas saiu por muito pouco – seria um golaço.

Acabou o bom momento do Palmeiras. Percebendo que o jogo acelerado favoreceria nosso time, os bolivianos cadenciaram o ritmo e procuraram por uma chance num eventual erro de nossa defesa. Seguiram-se mais de vinte minutos sem que nenhuma das equipes criasse nenhuma chance – nossa defesa não errava mas nossa criação era nula; sem o espaço esperado, Willian e Dudu não apareciam e Guerra sentia dificuldades com o péssimo estado do gramado.

Aos 35, num lance de bola parada, o Jorge Wilstermann achou o gol: após falta da esquerda, a bola passou por nossa dupla de zaga e chegou em Morales, que não foi acompanhado por Jean; o lateral apenas escorou e abriu o placar. Patético.

O gol deflagrou o já conhecido apagão em nosso time e os bolivianos vieram pra cima. Aos 39, Chávez ganhou fácil de Vitor Hugo e chutou cruzado – Prass fez boa defesa. Mas aos 40 não teve jeito: Machado roubou a bola de Guerra no campo de defesa; avançou sem ser incomodado e chegou em nossa intermediária enquanto Vitor Hugo corria para trás para marcar o vento; o volante boliviano aproveitou o espaço e soltou a perna, com rara felicidade, acertando a gaveta direita de Prass, que só olhou: 2 a 0.

Aos 43, depois de erro de passe de Vitor Hugo, Thiago Santos fez falta perigosa. Bergese bateu e Prass fez a defesa. Mas aos 45 o Palmeiras deu esperanças a nossa torcida após falta batida na lateral da área por Dudu: Alex Silva tirou da cabeça de Mina, mas Guerra pegou a sobra e fuzilou Olivares, trazendo a diferença para apenas um gol. Ainda deu tempo de mais um susto: aos 46, Vitor Hugo, em noite tétrica, rebateu mal e Chávez emendou de primeira, cruzado – a bola subiu mas assustou a Fernando Prass.

SEGUNDO TEMPO

Eduardo Baptista, precisando do gol, mandou Borja a campo. Poderia tirar qualquer um dos pontas e manter Willian, que costuma aproveitar bem a presença próxima ao gol enquanto Borja atrai a atenção da defesa. Mas manteve Roger Guedes e Dudu em campo, tirando o camisa 29. Borja entrou para ficar isolado em campo.

Aos 4, um exemplo claro da dificuldade: Borja puxou o contra-ataque sozinho, contra três defensores; sem ter para quem tocar, precisou cavar a falta. Michel Bastos bateu bem, mas a bola saiu à direita de Olivares. Já aos dez, em rara aproximação, Roger Guedes fez boa jogada pelo meio e ligou com Borja, já dentro da área; o colombiano cortou para a direita e tocou de cavadinha na saída de Olivares, mas a bola saiu à esquerda do gol.

Aos 15, Thiago Santos deu lugar a Keno; com Tchê Tchê sendo puxado para a cabeça de área e Dudu entrando pelo miolo. O time, no entanto, continuou muito espalhado e nada funcionava. Para piorar, os erros individuais não eram perdoados pelos bolivianos: aos 21, bola cruzada pela direita no segundo pau; ela encobriu Jean que marcou a bola em vez do jogador; Saucedo limpou facilmente nosso lateral e saiu na cara de Prass, que cometeu pênalti na tentativa de cortar a bola. Cardozo deu uma pancada no meio do gol e aumentou a vantagem.

Nosso time até que reagiu a tempo: pouco depois da entrada de Raphael Veiga no lugar de Dudu, aos 27, Keno aproveitou sobra de escanteio e cruzou buscando Borja na pequena área; Cabezas se antecipou ao colombiano e testou… contra seu próprio gol, diminuindo o placar para o Verdão. Grande Cabezas.

Mas nossa defesa seguia entregando a rapadura. Aos 35, Jean errou o bote e Cardozo aproveitou, invadiu e cruzou; Cabezas não alcançou e Michel Bastos salvou o que seria um vergonhoso quarto gol do Wilstermann. Prass ficou com a bola depois do escanteio e lançou rápido para Keno, que alçou para Borja, de voleio – a bola subiu demais, mas seria um gol bonito.

O Palmeiras parecia não entendera importância de chegar ao gol e selar logo a classificação. Jogava disperso, sem alma. Aos 44, Vitor Hugo teve a chance de finalizar dentro da área, depois de uma falta batida por Michel Bastos que Roger Guedes escorou para o meio, mas o zagueiro preferiu ajeitar de cabeça para Borja, que estava marcado. Aos 49, Tchê Tchê arriscou nosso primeiro e único chute de fora da área, e a bola subiu demais. O juiz apitou o fim de jogo e o Verdão caiu pela primeira vez nesta Libertadores.

FIM DE JOGO

O resultado não chega a ser nenhum desastre, mas incomoda. O Palmeiras perde a chance de garantir um bom lugar na classificação geral, o que poderia nos dar a vantagem do mando no mata-mata nas fases finais. O time ainda perde a chance de administrar o elenco na partida contra o Tucumán, que vai acontecer no meio de uma pequena maratona. E o pior de tudo: fará o time jogar sob pressão, pois se acontecer um desastre e o time argentino vencer o jogo, o Palmeiras pode até ser eliminado caso o Peñarol entregue a paçoca para os bolivianos em casa.

Obviamente as chances de eliminação ainda são muito pequenas, mas pelo fato dela ainda existir, Eduardo Baptista segue sob intensa pressão. Tivesse garantido a vaga, teria uma carta gigante para jogar na mesa em qualquer necessidade. Queimou essa carta esta noite. Que aproveite bem esses onze dias e faça o time ser mais confiável nos primeiros tempos, com menos oscilações. VAMOS PALMEIRAS!

A VOZ DO PADRINHO

Diretamente de Firenze na Itália, onde o jogo começou quase às 3 da manhã, o padrinho Emerson Leão (sim, é xará) dá seu recado. Grazie!

Ficha Técnica

Escalações

Jorge Wilstermann

Olivares
Morales
Alex Silva
Zenteno
Aponte
Machado
Saucedo
Diaz
Bergese
Cabezas
Chávez
Ortiz
Cardozo
Ríos
Roberto Mosquera

Notas

Jogador Descrição Nota
Fernando Prass
Algumas boas defesas e sem chances nos gols
6.5
Jean
Culpado diretamente em pelo menos dois gols, às vezes parece que estáem início de carreira.
2
Mina
Não chegou a ser um desastre, mas esteve bem abaixo de seu nível habitual.
5.5
Vitor Hugo
Justificou o temor de parte datorcida quando saiu a notícia da lesão de Edu Dracena. Vive sua pior fase desde que chegou ao clube.
1
Michel Bastos
Foi o único que se salvou na defesa. Os bolivianos até tentaram forçar por seu setor - provavelmente esperavam Egídio ou Zé Roberto - mas Michel saiu-se bem.
7
Thiago Santos
Não mostrou a costumeira vitalidade; pareceu meio perdido sem ninguém a seu lado e ficou vendido em vários lances - por exemplo, no segundo gol.
5.5
Keno
Fez o que se esperava dele: incomodou o lado direito da defesa e fez bons cruzamentos.
6
Róger Guedes
Um pouco acima da média geral do time, mas nada que justifique essa posição tão garantida entre os titulares todo jogo.
6.5
Tchê Tchê
Sonolento, resolveu bater de fora só no último lance. Podia ter ajudado mais na compactação
5
Guerra
O mais lúcido em campo; não teve a ajuda dos companheiros e ficou vendido.
7
Dudu
Decepcionante a volta do capitão; escondido, facilitou a vida dos marcadores bolivianos.
4
Raphael Veiga
Preencheu um pouco melhor os espaços, mas sem destaque.
5
Willian
Sem Borja para dividir a atenção da zaga, foi presa fácil.
5.5
Borja
Até teve suas chances, mas segue jogando num esquema que não lhe favorece. Eduardo Baptista precisa corrigir isso logo e parar de desperdiçar uma peça tão talentosa.
5

Melhores momentos