Palmeiras X SPFC

11/03/2017 - 16:00 Campeonato Paulista Allianz Parque

O Verdão deu uma aula de bola ao SPFC e mostrou que não está para brincadeira no primeiro clássico no Allianz Parque no ano. Com direito ao terceiro gol por cobertura, uma obra de arte de Dudu, o Verdão sapecou 3 a 0 nas meninas e parece que finalmente encaixou o time. O campeão brasileiro de 2016 adaptou-se ao novo cenário e trucidou o time do super-ataque, que estava há nove jogos sem perder.

Foi uma surra, que podia ter sido bem maior. Na verdade, o time de Rogério Ceni tem que se dar por muito satisfeito por ter saído só com 3 no lombo. Com mais esse show, o Verdão segue a rotina de maltratar o inimigo em casa: são quatro vitórias em quatro jogos, com 12 gols marcados e apenas um sofrido.

PRIMEIRO TEMPO

O Verdão veio no 4-1-4-1, com Tchê Tchê claramente alinhado com Michel, Guerra e Dudu. Thiago Santos ficou isolado entre as duas linhas, mas não sofreu, pois elas ficaram nitidamente mais próximas uma da outra. Com o time mais compactado, o SPFC não conseguiu chegar nem perto de nossa área e finalmente percebeu que uma coisa é jogar contra o Santo André ou o ABC de Natal, outra é pegar um time da Série A. Para complicar mais ainda para o lado delas, esse time de Série A tem sérias aspirações para vencer tudo este ano.

Com Mina comandando a saída de bola, o Palmeiras dominou completamente o jogo do início ao fim, com muita qualidade na posse de bola. Do lado de lá, nervosismo. Dá até pra dizer que foi medo mesmo. Só no primeiro tempo, foram cinco ou seis bolas roubadas no campo de defesa delas – inclusive a que fez a zona oeste da capital paulista tremer mais uma vez.

Logo a um minuto, Michel Bastos mostrou que estava a fim de jogo contra o ex-clube: ele fez jogada individual pela direita, bem aberto; puxou para dentro e bateu forte – a bola foi na rede, por fora, assustando Denis.

Pressionando a saída de bola, o Verdão obrigava o SPFC a forçar o passe, e recuperava a posse, seja mais à frente, seja no campo de defesa. Sem Cueva, que sentiu lesão muscular no meio da semana, o adversário dependia apenas de Cícero para articular o ataque, já que Thiago Mendes foi deslocado para a direita, como meia-atacante. Com tanta invenção do técnico modernão que tem auxiliar inglês, ficou fácil para o Palmeiras mandar no jogo.

Aos 15, em escanteio pela direita, Mina atraiu toda a atenção da zaga do SPFC; Vitor Hugo apareceu por trás e testou, sem direção, mas com perigo.

Aos 19, Thiago Mendes conseguiu uma jogada pela direita, aproveitando vacilo de Egídio no ataque: ele cruzou buscando Pratto isolado na área, no segundo pau; Fernando Prass se esticou e espalmou; o próprio argentino ficou com a bola e tentou bater por baixo, mas tinha pouco ângulo e Prass defendeu sem maiores problemas.

Aos 21, depois de triangulação com Tche Tchê e Fabiano, Michel Bastos ganhou de Júnior Tavares, foi ao fundo e cruzou por baixo – Willian Bigode chegou para a conclusão na área mas chutou prensado com Rodrigo Caio. Aos 25, a melhor chance do SPFC no primeiro tempo: após mais uma falta inventada pelo juiz Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, Thiago Mendes suspendeu na área, em direção ao segundo pau; ninguém conseguiu o arremate e a bola quase entrou direto, mas acabou saindo à esquerda de Prass.

O jogo caiu um pouco após os 30 minutos, com os dois times sentindo o ritmo e o calor. Menos Tchê Tchê: aos 39, ele roubou mais uma bola no meio do campo, partiu pelo miolo e driblou dois adversários; de frente para o gol, com Michel Bastos bem posicionado na direita, ele preferiu encobrir Denis, mas bateu por cima. Pois é, estava guardado…

Aos 46, Buffarini vacilou na troca de passes na lateral do campo, na intermediária defensiva, e perdeu para Egídio; Dudu pegou a sobra e, com muita rapidez e agilidade, ajeitou o corpo e mandou o foguete, cheio de efeito, por cima de Denis, fazendo um golaço histórico. Bem na frente de Rogério Ceni. A comemoração de nossos jogadores foi sensacional, ao lado do banco deles. Uma humilhação completa. O primeiro tempo não poderia ter acabado melhor.

SEGUNDO TEMPO

Desesperado, Rogério Ceni mandou a campo Wellington Nem e tirou um volante, Jucilei. Com mais espaço ainda, nosso meio-campo amassou o SPFC sem dó. Os passes saíam com muita naturalidade e o visitante estava nocauteado em pé, ainda sentindo os efeitos de mais um gol por cobertura.

Aos 8, Fabiano pegou a sobra de um lateral batido por ele mesmo e cruzou; a bola foi no segundo pau e Bigode tentou; Denis rebateu e Dudu quase marcou na sobra, mas a bola saiu por cima.

Aos 10, não teve jeito: Tchê Tchê, o insaível, pegou uma bola pela direita, puxou para dentro e bateu de canhota, um canudaço que triscou na trave esquerda de Denis e estufou as redes do Gol Sul, fazendo justiça ao placar, que estava muito magrinho.

O time do SPFC não sabia mais nem em que estádio estava. Em mais uma saída errada, a bola sobrou limpa para Thiago Santos, mas o arremate de média distância não é a dele; a bola saiu à direita de Denis, sem perigo – mas o gol estava aberto e a chance foi real.

Aos 18, por excesso de confiança, Mina deu uma chance de ouro para o SPFC: ele tentou driblar e perdeu para Luiz Araújo, que acionou Pratto; o argentino tinha Wellington Nem livre na direita mas tentou fazer o gol – o chute saiu fraco e Fernando Prass defendeu bem.

Aos 21, Borja foi a campo, no lugar de Willian. Se a maquiagem já estava toda borrada, com o colombiano em campo foi outra coisa que borrou na defesa do SPFC. Michel Bastos recebeu uma bola invertida na direita, fez embaixadinha e tocou de calcanhar para Fabiano, que cruzou no segundo pau; Egídio surgiu de surpresa e cabeceou – Denis fez grande defesa.

Aos 24, Guerra e Borja reviveram a dupla campeã da Libertadores de 2016: passe açucarado para o colombiano por trás da zaga; Borja ajeitou o corpo e soltou a bomba; a bola saiu por cima do travessão, com muito perigo. Mas um minuto depois, não teve jeito: Thiago Santos rebateu chutão de Denis; Michel Bastos recolheu e lançou na medida para Borja, que ganhou no corpo de Douglas e deu um toquinho para tirar de Denis, que achou que seu zagueiro ganharia a disputa; a bola correu mansinha pela pequena área, sem goleiro, e Guerra chegou para finalizar para as redes, decretando a goleada.

Pouco depois, Keno entrou no Dudu, e Jean no Fabiano. O Allianz Parque aplaudia até anúncio de cartão amarelo. Ao som de “ooooolééé”, o Palmeiras diminuiu um pouco o ritmo, mas mesmo assim criou mais chances. Aos 38, Michel Bastos fez jogada de ponta direita e cruzou por baixo; Keno se esticou todo, depois de um pique extraordinário, mas não conseguiu alcançar a bola – o gol estava vazio.

Com poucos minutos de desconto, o juiz preferiu abreviar o sofrimento do SPFC. E olha que ele tentou dar uma força, marcando falta até em pensamento de nossos jogadores durante todo o jogo. Uma péssima arbitragem, totalmente tendenciosa para o visitante em pequenos detalhes, mas insuficiente para evitar a goleada.

FIM DE JOGO

Foi sensacional, mais uma vez. O Verdão precisava de uma partida com encaixe, convincente como essa, para dissipar as desconfianças. Aumentou o tabu contra as meninas em casa. Acabou com uma invencibilidade que sugeria uma força inexistente, tamanho o desequilíbrio entre ataque e defesa. Esfregou no nariz do arrogante técnico adversário e da BambiPress quem é o melhor time do estado. E tudo isso sem cinco titulares.

O Verdão fica a dois pontos de conquistar a vaga matematicamente, com quatro jogos pela frente. O foco agora se volta totalmente para o Jorge Wilstermann, em mais um jogo pela Libertadores, de novo em nosso estádio. Em clima de muita felicidade, depois de honrar nossos antepassados palestrinos: nunca nos esqueçamos que esse clube que foi mais uma vez humilhado é o mesmo que tentou nos roubar a casa, usando a Segunda Guerra Mundial como desculpa, poucos anos depois de termos ajudado a salvá-los da falência. Aqui, em nossa casa, mandamos nós. Na década de 40, saíram fugidos, no pau. Sete décadas depois, seguem sendo surrados, na bola. Com cobertura, por favor.

OBRIGADO PALMEIRAS!

Ficha Técnica

Escalações


SPFC

Denis
Buffarini
Douglas
Rodrigo Caio
Júnior Tavares
Jucilei
Wellington Nem
Thiago Mendes
João Schmidt
Lucas Fernandes
Cicero
Luiz Araújo
Araruna
Pratto
Rogério Ceni

Notas

Jogador Descrição Nota
Fernando Prass
Foi pouco visto em campo, mas quando foi acionado, mostrou toda segurança.
7
Fabiano
Teve pouco trabalho na marcação, e arriscou boas subidas ao ataque. Para quem voltava de lesão, foi muito bem.
7
Jean
Pouco tempo em campo, já na fase de festa.
0
Mina
Não fosse uma pixotada em saída de bola que quase deu em gol para elas, levaria um notão.
8
Vitor Hugo
Em lance crucial, deu no meio do Wellington Nem e matou o ataque. Como tinha que ser.
7.5
Egídio
Mesmo "sendo Egídio" várias vezes durante o jogo, teve duas participações muito boas: uma finalização de cabeça e a roubada de bola que originou a obra prima de Dudu.
7.5
Thiago Santos
Mesmo com sérios problemas no passe, destruiu a articulação do adversário.
7.5
Michel Bastos
Durante 85 minutos, antes de morrer fisicmente, correu como se não houvesse amanhã e respondeu na bola a seu ex-clube.
8
Tchê Tchê
Com ele em campo, é outra coisa. Foi só o insaível voltar e o time deu o encaixe, com direito a golaço dele. Partida de gala.
9.5
Guerra
Além de fazer seu primeiro gol com a camisa do Verdão, acendeu a primeira faísca com Borja. Que venham mais!
8
Dudu
Não existe jogador no Brasil jogando mais bola que Dudu. Ponto final.
10
Keno
Mesmo com pouco temo em campo, infernizou Buffarini e quase deixou o dele.
8
Willian
Se movimentou bem, e também teve suas chances de gol.
7
Borja
Entrou bem no jogo, perdeu mais uma dentro da área mas foi fundamental na jogada do terceiro gol.
7

Melhores momentos