Palmeiras X Peñarol
12/04/2017 - 21:45 | Libertadores da América | Allianz Parque |
O Verdão penou, mas venceu o Peñarol por 3 a 2 no Allianz Parque e reassumiu a liderança do grupo 5 da Libertadores da América. Depois de sair atrás no primeiro tempo, o time virou o placar, permitiu o empate, mas chegou à vitória aos 54 do segundo tempo, tendo que vencer a catimba dos adversários e até a do juiz. Quando um árbitro faz cera, lembramos que jamais teremos visto de tudo nesta vida; sempre vai haver algo novo.
PRIMEIRO TEMPO
Eduardo Baptista escalou o mesmo time que venceu com autoridade o Novorizontino na sexta-feira. A torcida, que lotou mais uma vez o Allianz Parque, esperava ver novamente aquelas trocas de passes rápidas e insinuantes. Mas Libertadores, sabemos, é diferente. Além do “Novorizontino do Uruguai” ter uma camisa bem mais pesada, a ansiedade dos nossos jogadores e a catimba dos adversários fazem dos jogos do torneio continental confrontos quase sempre heroicos.
Logo de cara, o primeiro lance “de Libertadores”: após bola muito esticada, Fernando Prass saiu por baixo para fazer a defesa; Junior Arias, com a bola já dominada por nosso goleiro, deixou a sola na coxa direita de Prass. O juiz equatoriano Roddy Zambrano começou sua enorme sequência de bananadas não fazendo nada.
Com bola, o Verdão chegou pela primeira vez aos 9: Guerra foi ao fundo pela direita e rolou para Willian; ele foi travado na hora do chute e a bola sobrou com Tchê Tchê, que bateu de chapa, nas mãos de Guruceaga. Aos 14, o Peñarol tentou encaixar um contra-ataque, mas Junior Arias bateu por cima num lance que poderia ser perigoso se ele alçasse para Affonso, que fechava pela esquerda.
O Palmeiras tinha dificuldades em penetrar no sistema defensivo do time carbonero – algo já esperado diante do forte sistema defensivo armado por Leonardo Ramos. Mas nossos jogadores, em vez de usar a movimentação e os toques rápidos, preferiam carregar a bola, o que facilitava a tarefa dos uruguaios.
O Palmeiras chegou perto da área do Peñarol várias vezes, sobretudo pela esquerda, com Dudu; os espaços existiam e mesmo com problemas, o desenho do jogo apontava para um gol do Palmeiras a qualquer momento, bastava acertar o último passe. Mas aí, a surpresa: num escanteio pela direita, cedido por Felipe Melo, Ramón Arias saiu de trás, completamente livre, e conseguiu uma testada violenta, no ângulo esquerdo de Fernando Prass, inapelável. Fabiano dormiu na marcação.
Nosso time ficou muito nervoso após sofrer o gol e por alguns minutos o filme imaginário que passava no telão era o da Libertadores do ano passado. O script era idêntico após o primeiro gol do Nico Lopez. Um enorme apagão defensivo se abateu sobre nosso time, e o Peñarol poderia ter feito o segundo. Aos 38, Junior Arias foi lançado por trás de toda a zaga e ficou na cara de Fernando Prass, mas nosso goleiro saiu em seus pés e abafou a conclusão; no rebote Nandez recolocou na área e Affonso, pressionado por Mina, cabeceou por cima, com o gol vazio.
Aos poucos o Palmeiras se recuperou do baque. Queixo duro, o time encaixou o golpe e voltou para o jogo, mas seguia sem saber como chegar ao gol uruguaio. Mina arriscou um chutão de fora aos 40 e Dudu bateu uma falta, da meia-lua, por cima – foi o máximo que o Verdão fez na parte final do primeiro tempo. O time precisava muito de uma boa orientação no intervalo.
SEGUNDO TEMPO
Sem mudanças, o Verdão foi um rolo compressor no início do segundo tempo. Antes de completar um minuto, Guerra pegou uma sobra e entrou driblando; a bola ficou com Borja que tentou bater por baixo mas Guruceaga defendeu.
No lance seguinte, gol do Verdão: Fabiano cruzou de esquerda; Edu Dracena e Borja disputaram e a bola sobrou do lado direito para Willian Bigode, que bateu firme e empatou o jogo com menos de dois minutos jogados. Era tudo o que o Verdão precisava. Ou quase tudo.
O time uruguaio se assustou. O Allianz Parque se inflamou e o Palmeiras, bem mais rápido nas trocas de passes, engoliu o Peñarol. E aos 5 minutos, saiu o segundo: Fabiano bateu lateral; Borja raspou de cabeça e o zagueiro Quintana falhou feio deixando a bola passar por baixo de seus pés; Guerra pegou a sobra, invadiu a área, enxergou Dudu livre do lado esquerdo e rolou para que o camisa 7 apenas escorasse para dentro do gol, decretando a virada do Verdão. Aí sim, era tudo o que o Palmeiras precisava.
O Peñarol estava nocauteado em pé; faltava apenas o golpe de misericórdia. E aos 9, ele se desenhou: Tchê Tchê cruzou da direita na direção de Dudu; Petryk empurrou nosso capitão pelas costas e o juiz, depois de vacilar por alguns segundos, viu-se obrigado a marcar. Borja foi para a cobrança mas bateu por cima. Nosso time ainda teve uma ótima chance em nova finalização do camisa 12, depois de linda troca de passes entre Tchê Tchê e Guerra.
Mas o jogo mudou. O Palmeiras esfriou e passou a esperar pelo Peñarol no campo de defesa. O time uruguaio avançou e deixou espaços. Era hora de mandar Keno a campo, mas Eduardo Baptista demorava para tomar a decisão. Felipe Melo cortou um contra-ataque com falta e foi amarelado – pouco depois, vieram as primeiras mexidas: Michel Bastos no Borja (Willian foi para o comando do ataque) e Thiago Santos no Felipe Melo.
O Verdão teve mais uma chance de matar o jogo aos 29: Michel Bastos aproveitou o espaço do lado esquerdo da defesa, entrou na área e bateu de chapa, buscando o canto direito de Guruceaga, que defendeu com a ponta dos dedos; Tchê Tchê pegou a sobra, mas com dois zagueiros pela frente; ele bateu forte, mas Hernandez salvou em cima da risca, e a bola ainda bateu no travessão.
Como castigo, o Palmeiras tomou o empate um minuto depois: após cobrança de falta da esquerda; Quintana conseguiu o cabeceio no meio de Edu Dracena e Mina; Prass fez o milagre mas no rebote Gastón Rodriguez tocou para o gol vazio, empatando o jogo.
Aí começou uma sequência inacreditável de cera e catimba. Não que não esperássemos que o Peñarol fosse fazer isso se tivesse o resultado. Mas o nível de sofisticação das técnicas saltou aos olhos. Os uruguaios chegaram ao requinte de comunicar o número errado do jogador que seria substituído apenas para confundir e ganhar mais tempo.
Aos 32, Guerra achou Willian Bigode com espaço na ponta direita; o camisa 29 invadiu, driblou Guruceaga e tocou para o gol vazio, mas a bola subiu e tocou o travessão. Impressionante. Quatro minutos depois, finalmente, Keno foi a campo, mas Eduardo optou por tirar Guerra, que vinha sendo nosso melhor e mais lúcido jogador. Tomou uma enorme vaia do estádio.
Seguiram-se 15 minutos de pressão inócua, catimba e discussão. Até o juiz fazia cera; para ele, quanto menos a bola rolasse, menos chance de se complicar. Até que, já nos acréscimos, Dudu tentou bater rápido uma falta pela direita mas Hernandez ficou na frente da bola, atrapalhando. Muito irritado, nosso capitão cobrou uma atitude do juiz, que reagiu mostrando-lhe cartão amarelo. Dudu, inconformado, uniu as pontas dos dedos fazendo o manjadíssimo “ma che???”, ao que o juiz lhe mostrou mais uma vez o amarelo e por consequência o vermelho. Um absurdo.
Depois de muita discussão e mais de quatro minutos de novas paralisações, com um a menos, o Verdão foi para o abafa final. Lateral na área; Mina desviou e Fabiano testou no chão, mas Guruceaga fez excepcional defesa mandando a escanteio. Já com 54 no relógio, no último lance da partida, Michel Bastos bateu o escanteio e Fabiano testou firme de novo, no cantinho direito – a bola ainda bateu na trave antes de entrar. E logicamente o juiz acabou o jogo logo na sequência.
FIM DE JOGO
Numa análise mais estrita pode-se encontrar vários problemas na postura do Palmeiras em campo neste jogo. Mas a natureza da disputa ameniza as falhas de posicionamento e de movimentação do time. A atmosfera no estádio jogou a tática para segundo plano num jogo entre duas das cinco camisas mais pesadas do futebol sul-americano. Tudo isso, somado à forma e ao tempo que saíram os gols, faz deste jogo um clássico instantâneo. Lembraremos deste jogo por anos a fio.
Nosso time agora tem a difícil missão de virar a chavinha para o Paulistão, onde enfrenta a Ponte Preta em ida e volta por uma vaga na final; para depois voltar novamente as atenções para a Libertadores – daqui a duas semanas, a revanche em Montevideo. Se você achava que isto foi muita emoção, ainda tem mais. VAMOS PALMEIRAS!
A VOZ DO PADRINHO
Hoje o áudio é do Rodrigo Prinholato, de Piraçununga. E tem até produção. A rapaziada tá caprichando, valeu Prinholato!
Ficha Técnica
Escalações
Palmeiras
Peñarol
Guruceaga
Petryk
Quintana
Ramón Arias 
Hernández
Pereira
Novick

Gastón Rodriguez 
Nandez
Cebolla Rodríguez
Affonso 

Perg
Junior Arias

Angel Rodriguez
Leonardo Ramos
Notas
Jogador
Descrição
Nota

Fernando PrassSem culpa nos gols, seguro nas poucas bolas que foram em sua direção. 7 
FabianoErrou na marcação no lance do primeiro gol do Peñarol, mas participou dos três gols do Verdão - o último, épico. 8.5 
MinaMais uma vez importante na saída de bola; dormu no lance do segundo gol. 7 
Edu DracenaFez companhia a Mina no cochilo no gol de Gastón Rodriguez, mas mais uma vez deu seu toque num lance de gol nosso. 7 
Zé RobertoMais uma vez ficou um pouco preso - não fez falta porque Dudu teve o apoio de Guerra e Tchê Tchê. 6.5 
Felipe MeloSobrou OUSADURA. 8 
Thiago SantosFez cosplay do Felipe Melo, mas obviamente não tem a categoria do original. 6.5 
WillianTentou, tentou; errou, errou; mas sempre deixa o seu. 8 
Tchê TchêSonolento no primeiro tempo, acordou na etapa final. 7 
GuerraEl Lobo fez sua melhor partida com a camisa do Verdão; foi um pecado tirá-lo do jogo. 9 
KenoFicou pouco tempo em campo, foi importante na recuperação de bola antes da pressão final. 6 
DuduO mais acionado do ataque, deixou o dele e participou intensamente de todo o jogo. No lance da expulsão, tá absolvido. É muito fácil falar de fora. 8 
BorjaErrou, não desistiu, continuou tentando - e errando. O pênalti perdido ficou bem barato para ele. 4 
Michel BastosMais uma vez entrou perto do fim e se tornou uma ameaça letal ao adversário. 8.5
Melhores momentos

Escalações

Palmeiras

Peñarol
![]() Guruceaga |
![]() Petryk ![]() |
![]() Quintana |
![]() Ramón Arias ![]() ![]() |
![]() Hernández |
![]() Pereira ![]() |
![]() Novick ![]() |
![]() ![]() Gastón Rodriguez ![]() ![]() |
![]() Nandez |
![]() Cebolla Rodríguez ![]() |
![]() Affonso ![]() ![]() |
![]() ![]() Perg |
![]() Junior Arias ![]() |
![]() ![]() Angel Rodriguez |
![]() Leonardo Ramos |
Jogador | Descrição | Nota |
![]() | Fernando Prass Sem culpa nos gols, seguro nas poucas bolas que foram em sua direção. | 7 |
![]() | Fabiano Errou na marcação no lance do primeiro gol do Peñarol, mas participou dos três gols do Verdão - o último, épico. | 8.5 |
![]() | Mina Mais uma vez importante na saída de bola; dormu no lance do segundo gol. | 7 |
![]() | Edu Dracena Fez companhia a Mina no cochilo no gol de Gastón Rodriguez, mas mais uma vez deu seu toque num lance de gol nosso. | 7 |
![]() | Zé Roberto Mais uma vez ficou um pouco preso - não fez falta porque Dudu teve o apoio de Guerra e Tchê Tchê. | 6.5 |
![]() | Felipe Melo Sobrou OUSADURA. | 8 |
![]() | Thiago Santos Fez cosplay do Felipe Melo, mas obviamente não tem a categoria do original. | 6.5 |
![]() | Willian Tentou, tentou; errou, errou; mas sempre deixa o seu. | 8 |
![]() | Tchê Tchê Sonolento no primeiro tempo, acordou na etapa final. | 7 |
![]() | Guerra El Lobo fez sua melhor partida com a camisa do Verdão; foi um pecado tirá-lo do jogo. | 9 |
![]() | Keno Ficou pouco tempo em campo, foi importante na recuperação de bola antes da pressão final. | 6 |
![]() | Dudu O mais acionado do ataque, deixou o dele e participou intensamente de todo o jogo. No lance da expulsão, tá absolvido. É muito fácil falar de fora. | 8 |
![]() | Borja Errou, não desistiu, continuou tentando - e errando. O pênalti perdido ficou bem barato para ele. | 4 |
![]() | Michel Bastos Mais uma vez entrou perto do fim e se tornou uma ameaça letal ao adversário. | 8.5 |