Palmeiras X SPFC

13/07/2023 - 20:00 Copa do Brasil Allianz Parque

Palmeiras 1x2 SPFC

O Palmeiras saiu na frente, mas jogou de forma muito desorganizada e foi derrotado pelo SPFC por 2 a 1 no Allianz Parque, que recebeu o segundo maior público da História. A derrota, humilhante, elimina o Verdão da Copa do Brasil e marca a pior fase do time desde que Abel Ferreira assumiu o comando técnico, no final de 2020.

Sem poder contar com Artur na competição, Abel escalou o ataque com Endrick no comando, Rony aberto pela esquerda e Dudu na direita. Zé Rafael, que tanta falta fez nos últimos jogos, voltou nitidamente no sacrifício; a seu lado, Ríos substituiu Gabriel Menino, que vivia mais uma oscilação incompreensível, mas o colombiano se mostrou completamente perdido no preenchimento dos espaços – sem entrosamento algum com Zé Rafael.

Assim, o Palmeiras não tinha meio-campo, não conseguia proteger a defesa e as jogadas pelas pontas não saíam – na esquerda, Piquerez sentiu falta do bom toque de bola com Dudu, já que Rony nem de longe tem a mesma qualidade nesse fundamento. Na direita, Dudu não teve o auxílio de Mayke, que ficou mais preso, então partia com a bola dominada em diagonal, sem ter com quem tocar, já que Veiga estava invertido, mais pelo lado esquerdo. Em resumo, nada funcionou.

Neste cenário dantesco, foi quase um milagre o Palmeiras ter saído na frente e igualado o placar agregado. Mas tinha que ter saído num lance fortuito: Veiga abriu para Piquerez, que aproveitou o espaço e cruzou; a bola não pegou efeito algum e foi reta em direção ao gol – Rafael ainda tentou voltar, mas o máximo que conseguiu foi espalmar pateticamente para dentro do gol.

Mesmo com a vantagem, o Palmeiras não conseguiu criar aquela atmosfera massacrante no Allianz Parque. A torcida sentiu a desorganização e a falta de pegada do time. O próprio adversário, que normalmente se amedronta nessas situações, conseguiu se manter equilibrado.

E foi assim que, aos 3 do segundo tempo, numa jogada em que Mayke rebateu de forma bizarra, Luciano rolou para a chegada de Caio Paulista, em velocidade. Luan perdeu uma fração de segundo porque estava orientando o posicionamento e chegou atrasado; o lateral adversário conseguiu tirar de nosso zagueiro e tocou por baixo de Weverton.

E o prejuízo poderia ter sido maior: após falta do bico da área, Calleri testou para as redes, mas Anderson Daronco anulou a jogada apontando falta de Diego Costa em Zé Rafael – que de fato ocorreu. O árbitro ainda precisou checar no VAR para confirmar a anulação.

Mas nem isto reverteu o panorama da partida. O Palmeiras poderia ter aproveitado o golpe anímico no adversário e ter acelerado o jogo, incendiando o estádio, mas não estava armado para isto. Com os jogadores espaçados e perdidos taticamente, em nenhum momento nosso time deu algum sinal de que poderia assumir a iniciativa do jogo. Só um lance aleatório, uma bola parada ou uma jogada individual poderia reverter o desastre.

As mexidas não tiveram nenhum efeito – e neste ponto, é preciso evidenciar que as peças que tinha à disposição não lhe davam muitas alternativas. Talvez a melhor mudança fosse retornar Rony para o comando, Dudu para a esquerda e subir Mayke para a ponta, simplesmente trocando Endrick por Marcos Rocha, deixando o time mais parecido com a formação que mais deu certo no ano. Richard também podia ter deixado o campo mais cedo, mas Zé Rafael não suportou as dores e Menino teve que substituir o camisa 8.

A entrada de Jhon Jhon abriu o esquema e deixou o time  exposto – àquela altura, Abel precisava correr o risco. Pagou para ver, e foi castigado: David acabou aproveitando uma bola longa, tabelou rápido com Juan e se projetou em velocidade para vencer nossa defesa e finalizar o confronto.

O Palmeiras teve algumas derrotas este ano e nos anos anteriores. Houve algumas eliminações – na maioria delas, a sensação foi de injustiça. Pela primeira vez em muito tempo, nossa torcida sai de uma competição com o sentimento incontestável de inferioridade. E pior: para um time medíocre – e para piorar mais, esse time é o SPFC.

Os erros de Abel são explícitos, mas não se pode tirá-los do contexto da gestão do elenco, cada vez pior. Os primeiros movimentos no plantel desde o fim da temporada passada exigiam que apostas dessem muito certo. Não deram, e houve mais perdas, sem reposições, jogando em cima de meninos da base uma responsabilidade que eles não teriam que carregar nesta altura da carreira.

Nem todas as apostas dão certo, mas desta vez deu tudo errado e não houve correções. A sequência da temporada está por um fio e a Libertadores, quem diria, é nossa melhor chance.

Todos os olhares se voltam para a presidente, que quanto mais passa o tempo, quanto mais o time tem a cara de sua gestão (e menos as das anteriores), mais deixa evidente que ainda tem muito a evoluir como mandatária de um clube de futebol de ponta – o que deve ser um golpe duro para sua vaidade. Sua única chance é, usando seu próprio jargão, “ser assertiva” e corrigir a rota. E todos sabemos qual é a única rota viável, neste momento. Mas corre, que a janela vai fechar. VAMOS PALMEIRAS!

Pós jogo

Ficha Técnica

Escalações


SPFC

Rafael
Rafinha
Arboleda
Diego Costa
Caio Paulista
Gabriel Neves
Luan
Rodrigo Nestor
Jhegson Méndez
Wellington Rato
Luciano
Michel Araújo
Alisson
David
Calleri
Juan
Dorival Júnior

Notas

Jogador Descrição Nota
Weverton
Nada a fazer em nenhum dos três gols sofridos - dois valeram.
6
Mayke
Cometeu um erro grosseiro e fatal.
3
Marcos Rocha
s/n
Luan
Bem posicionado e levou vantagem sobre Calleri. Mas chegou atrasado no lance do primeiro gol.
5.5
Gustavo Gómez
Exposto, precisou se desdobrar para proteger a frente da área - saiu-se bem, dentro do possível.
7
Piquerez
Em fase artilheira, fez gol sem querer. Sentiu falta de Dudu para tabelar.
6.5
Zé Rafael
Fez tanta falta nos jogos anteriores que teve a volta acelerada. Valeu a tentativa, mas claramente não deu certo: estava sem vigor físico, possivelmente ainda sentindo dores.
6
Gabriel Menino
Entrou com o time completamente perdido e não conseguiu ajudar em nada.
5
Richard Ríos
Não achou em nenhum momento o melhor posicionamento. Não atacou e não defendeu. Parecia que o time estava com um a menos.
4
Jhon Jhon
s/n
Dudu
Jogando na direita, entrando em diagonal, sem ter com quem tabelar, foi presa fácil. Não rendeu nada.
5.5
Luis Guilherme
Não conseguiu fazer a diferença. E nem se pode exigir isso de um menino de 17 anos num jogo desses. Até que tentou conduzir mais a bola e dar consistência ao time, mas ninguém ajudou.
5.5
Raphael Veiga
Caindo mais pela esquerda, ficou isolado e sem ter com quem jogar. Ainda assim, teve participação importante no lance do gol.
6
Rony
Voltou às origens de ponta esquerda. No atual esquema, faltou a técnica para tabelar com Piquerez.
5
Endrick
Jogando de costas para o gol, não conseguiu mostrar nada de produtivo. Nem a pressão na saída do adversário conseguiu fazer.
5
Flaco López
Tentou preencher mais o espaço entre as linhas do adversário, mas tirou velocidade das jogadas e acabou piorando o panorama.
5

Melhores momentos


Segundo tempo