SPFC X Palmeiras

23/05/2021 - 16:00 Campeonato Paulista Morumbi

Abel Ferreira estabeleceu uma estratégia com boas chances de dar certo. Amarrou o jogo e conseguiu um mecanismo para furar a defesa adversária sem perder a segurança defensiva. Com o jogo trancado, quem tinha mais chances de abrir o placar era o Palmeiras.

Assim funcionou contra o Santos, na final da Libertadores. Se o panorama se repetisse, a enorme pressão sobre o adversário pela falta de títulos faria o resto. Bastava que o Palmeiras fizesse o primeiro gol.

E o time teve as chances no primeiro tempo. Poucas, mas teve. Assim como aconteceu no primeiro jogo, na quinta-feira. E esse foi o sinal que Abel não captou.

Ao basear a estratégia do confronto na possibilidade de que, mais cedo ou mais tarde, o time abriria o placar porque tinha mais aberturas na defesa inimiga do que o contrário, Abel correu mais riscos do que imaginou. Porque o imponderável, no futebol, nunca sai de cena.

Se na final da Libertadores a insistência deu resultado, aproveitando uma das poucas chances criadas e com a defesa sólida o suficiente para não permitir ao time de Cuca ameaçar o gol de Weverton, pequenas diferenças fizeram com que o duelo do Paulista, mesmo muito parecido, tivesse resultado oposto.

O Palmeiras não conseguiu fazer seu gol e ainda tomou um, através do imponderável. O SPFC não tinha criado nenhuma chance de gol e abriu o placar. O que pode ser atribuído a “coisas do futebol”, parece muito mais excesso de confiança e má avaliação do panorama.

O plantel do Palmeiras, por ter administrado melhor os esforços nestes primeiros meses do ano, chegou mais inteiro fisicamente às finais. O SPFC perdeu suas duas maiores referências técnicas em 3 dos 4 tempos das decisões, Martín Benítez e Daniel Alves.

Eram elementos que o Palmeiras não podia ignorar. O excesso de respeito que levou à proposta de amarração de jogo, confiando que o gol sairia, nivelou os times. O Palmeiras precisava ter admitido a superioridade e arriscado mais.

Abrindo mais o jogo, aumentavam as chances dos dois times marcarem o primeiro gol – mas essa balança tendia a pender mais ainda para o nosso lado. Se as chances de vencer eram maiores com o jogo amarrado, com o jogo ligeiramente mais aberto, diante das diferenças mencionadas, seriam maiores ainda.

Abel foi conservador. Apoiou-se no histórico da Libertadores. Poderia ter se apoiado no excelente jogo, mais atirado, que o time fez na Supercopa do Brasil, contra o Flamengo. O resultado não foi suficiente, mas o adversário era superior. Abel pode ter sido resultadista, ou até supersticioso. Ou nada disso, apenas fez uma má escolha. Pouco importa.

O fato é que o primeiro gol do adversário, fortuito, fruto do imponderável, decidiu o confronto. O Palmeiras não só demonstrou dificuldade em absorver um golpe e reagir – um velho defeito – como deu a chance do adversário ganhar uma confiança que jamais teve e ainda de ter o contra-ataque à sua disposição, com o Palmeiras se obrigando a dar espaços que também não existiam. Tomou o segundo e podia ter tomado o terceiro.

O imponderável poderia também ter sido determinante num jogo mais aberto, é claro. Mas as chances seriam menores. Com o jogo mais franco, já poderíamos ter chegado na segunda partida com uma vantagem considerável. Abel errou.

Criticar agora é fácil. Tomar a decisão, traçar a estratégia, é uma tarefa difícil, que envolve muita responsabilidade e que, do ponto de vista de quem está dentro, envolve elementos que quem está de fora ignora e por isso acha fácil criticar quando o resultado não vem.

Encaramos o estadual como pré-temporada, e não pode ser uma derrota num torneio destes a abalar a temporada.

A decepção existe, é inegável. Mas precisa passar logo. Precisamos voltar à perspectiva correta de que a temporada está começando agora. Pela primeira vez em meses, teremos tempo entre as partidas para treinar.

A falta de variações táticas preocupa. Mas não sabemos o que Abel pretende para as próximas semanas. Final de campeonato não pode ser parâmetro para avaliar tendência de nada. Final não se joga; se ganha. O Palmeiras jogou para ganhar – perdeu, mas o que mostrou em campo não é indicativo de nada do que vem pela frente. Foram apenas tentativas miseráveis.

A inteligência e a capacidade de Abel Ferreira não pode ser colocada em questão por causa deste resultado. Seu trabalho tampouco, ainda mais por causa de um campeonato que, sabemos, hoje vale pouco tecnicamente.

Se Abel Ferreira quiser pensar a respeito das razões deste fracasso, para continuar evoluindo como treinador, uma das ideias pode ser estabelecer uma relação entre as forças entre seu time e o do adversário, e diante dessa relação, assumir mais ou menos riscos. Ao assumir poucos riscos diante de um adversário fragilizado, desperdiçou sua superioridade e ajudou o adversário a equilibrar as possibilidades. O imponderável fez o resto.

Seguimos. Vai levar alguns dias para digerir uma derrota como esta, como foi, e para quem foi. Mas digeriremos, e voltaremos. Como acontece há mais de 100 anos. Na boa e na ruim. Tem mais campeonatos começando, e mais importantes. Com tempo de treino, e, esperamos, com a diretoria finalmente atendendo aos pedidos da comissão técnica e reforçando o elenco, seguiremos fortes. VAMOS PALMEIRAS!

Pós jogo

Ficha Técnica

Escalações

SPFC

Tiago Volpi
Arboleda
Miranda
Léo Pelé
Igor Vinicius
Luan
Rodrigo Nestor
Liziero
William
Gabriel Sara
Igor Gomes
João Rojas
Reinaldo
Pablo
Luciano
Hernán Crespo

Notas

Jogador Descrição Nota
Weverton
Sem culpa nos gols e ainda fez uma defesa à queima-roupa no segundo tempo.
7
Luan
Assim como toda a defesa, foi bem quando não ficou exposto, antes da abertura do placar.
6
Gabriel Menino
Pouquíssimo acionado, sua entrada não foi nem um pouco útil.
6
Gustavo Gómez
Ganhou seus duelos, que foram poucos.
6
Renan
Zagueirando, sem problemas. Até arriscou alguns avanços para dar mais dinâmica na saída de bola.
6
Mayke
Erros técnicos bobos irritantes, toda hora. Num deles, saiu o lateral que deu origem ao primeiro gol.
4
Felipe Melo
Útil na marcação, lento na saída.
5.5
Danilo
Aumentou a velocidade do jogo e colocou o time alguns metros mais à frente.
6
Danilo Barbosa
Conseguiu em partes executar a estratégia de ocupar o espaço entre as linhas do adversário; teve a bola do jogo ainda no primeiro tempo mas desperdiçou chutando muito mal.
5
Patrick de Paula
Teve a bola dominada na intermediária ofensiva, mas esbarrou no nervosismo do time, que já não sabia para onde correr.
6.5
Raphael Veiga
Um bom lançamento no lance que Danilo Barbosa desperdiçou e mais nada. E no primeiro tempo não podia ter feito muito mais, porque a bola quase não passou por ele. Já no segundo, quando precisava aparecer, foi sacado.
5.5
Gustavo Scarpa
Foi pro jogo muito tarde. Quando entrou, o time já estava nocauteado.
6
Victor Luis
Esforçadíssimo, mas tem limites claros.
6
Wesley
Foi no individual; tentou quebrar linhas e arrematar, mas poucos conseguem resolver um jogo sozinho.
6.5
Rony
Não é Libertadores, esquece. Parece que são dois jogadores diferentes.
4
Luiz Adriano
Precisava jogar mais enfiado, principalmente depois da abertura do placar.
5.5

Melhores momentos

Lance a lance

Primeiro tempo

8'
Palmeiras

Felipe Melo brigou na intermediária, ganhou e a bola sobrou para Rony, que tentou a finalização, mas pegou sem força e ficou fácil para Tiago Volpi.

8'
Palmeiras

Mais uma roubada de bola, desta vez de Raphael Veiga, que enfiou rápido para Rony, que aparou e tocou para a chegada de Danilo Barbosa, que bateu cruzado – mas mais uma vez não pegou bem na bola, que saiu fraca e sem direção.

O panorama do jogo anterior se repete. Os dois times estavam muito focados em fechar os espaços para não dar chances ao adversário, o que resultava num jogo amarrado. O Palmeiras tentava ser mais objetivo e resolver as jogadas rapidamente, com passes mais longos. O SPFC tentava se aproximar com a bola dominada.

36'
SPFC

Gol do SPFC – Luan chutou de fora, sem muita força, e Weverton estava inteiro na jogada, mas a bola resvalou em Felipe Melo e acabou entrando no canto direito.

40'
Palmeiras

Após falta da esquerda, Victor Luis suspendeu no segundo pau; Luan aparou e bateu forte para o bolo; Gustavo Gómez aparou e bateu, à esquerda do gol.

47'

Raphael Claus, que teve trabalho no início do jogo para acalmar os ânimos, encerrou o primeiro tempo.


Segundo tempo

O Palmeiras voltou com Danilo e Patrick de Paula nos lugares de Felipe Melo e Danilo Barbosa.

6'
SPFC

Arboleda lançou longo; Luan errou o tempo da bola e Luciano arrancou em direção ao gol para bater cruzado; Luan se recuperou e desviou a bola em escanteio.

17'

Wesley e Gabriel Menino entraram nos lugares de Victor Luis e Luan.

18'
Palmeiras

Patrick de Paula fez jogada individual por dentro, conduziu e soltou a bomba, por cima do gol.

24'

Gustavo Scarpa entrou no lugar de Raphael Veiga.

31'
SPFC

Gol do SPFC – em contra-ataque rápido, Rodrigo Nestor cruzou da esquerda e Luciano escorou para o gol.

38'
SPFC

Rodrigo Nestor cruzou da direita no segundo pau; Luciano testou pra dentro e Gabriel Sara escorou de dentro da pequena área, para enorme defesa de Weverton.

38'
Palmeiras

Wesley fez jogada individual, tentou duas vezes e Tiago Volpi fez boa defesa.

40'
SPFC

João Rojas recebeu no bico da área e bateu de curva, em cima de Weverton.

49'

Raphael Claus encerrou o campeonato.