Frágil, elenco do Palmeiras reage como um bando de adolescentes assustados
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
A derrota do Palmeiras ontem à noite na Vila Belmiro, para o
Santos, pode ter sido um sinal de que algo está errado, muito errado no
ambiente na Academia de Futebol.
No primeiro tempo o time ainda tentou jogar. Mesmo após
levar dois gols em 15 minutos, o time tentou articular jogadas – ou, ao menos,
os jogadores tentaram resolver na base das jogadas individuais. O Palmeiras
parecia um boxeador nocauteado em pé, na esperança de encaixar um diretaço improvável
e voltar para a luta.
Talvez o papo no intervalo não tenha sido positivo, não se
sabe. Mas o fato é que no segundo tempo, os atletas não tentaram resolver nem
em jogadas pessoais. Ao contrário: o Santos perdia a bola e nossos jogadores sequer
corriam para se espalhar em campo, para tentar envolver o adversário na jogada
seguinte.
Jailson chegou a receber um passe na fogueira e teve que dar
um estourão. Em outra saída de bola, cedemos escanteio, de forma bizarra. É
claro, nítido, transparente, cristalino que há algo errado.
Mano, negando o óbvio
Reprodução
O mais preocupante é que Mano Menezes, na entrevista
pós-jogo, disse que não houve nenhum problema “anímico” e que a deficiência foi
totalmente estratégica, que os jogadores não executaram o que foi determinado
para a tática específica da partida. Negou algo que foi escancaradamente
visível durante a partida.
A diferença de postura foi grande entre o primeiro e o
segundo tempo. Os jogadores estavam amedrontados. A expressão de Gustavo Scarpa
no banco, após ser substituído, era de um adolescente assustado.
Ao negar qualquer tipo de problema, Mano nos deixou apenas
duas hipóteses: ou ele está completamente perdido e não está enxergando nada,
ou, bem mais provável, compreendeu que existe um problema sério e está tentando
blindar o grupo, algo que obviamente ainda não tem estofo para fazer, pelo
pouco tempo de clube.
É curioso como técnicos como Roger Machado e Eduardo
Baptista não tiveram força alguma nas crises que enfrentaram. Até mesmo Cuca,
em sua segunda passagem, foi engolido. O único que colocou ordem na casa foi
Felipão. General Scolari é uma fortaleza e conhece o clube. Sem alguém que
conheça futebol e tenha autoridade para manter o ambiente sob controle, somos
pobres meninos ricos.
Contra reviravoltas improváveis, só a aritmética
Quando se perde lutando, quando se cai em pé, a tristeza do
torcedor por uma derrota passa logo. Mas quando o time não representa o
espírito de luta do palmeirense, aí a ferida demora para fechar – e enquanto
isso, a política ferve mais ainda.
É sabido que existe um processo fortíssimo de fritura sobre Alexandre Mattos. Seu cargo, que decide anualmente o destino de centenas de milhões de reais, é muito cobiçado. Há interesses grandes num fracasso do time este ano.
Talvez o atual treinador até seja fritado antes, mas a trajetória de Mattos, que a despeito de erros grosseiros segue sendo o melhor profissional do mercado, parece com os dias contados. Enquanto ele não for demitido, essas forças ocultas – ou nem tão ocultas assim – que trabalham contra sua permanência, não vão sossegar.
Para conquistarmos alguma coisa ainda este ano, precisamos que
duas situações sejam revertidas. Uma não está a nosso alcance: o Flamengo
precisa virar o fio. Outra, em tese, só depende de nós: temos que nos
reorganizar, rápido, e retomar as vitórias.
Como manter a fé numa possibilidade que exige duas
reviravoltas, sendo que em uma não temos nenhum controle, e em outra estamos
reféns de forças que atuam nas estruturas eternamente carcomidas de nossa
política interna?
Esperamos estar apenas criando fantasmas e que o time mostre nas próximas rodadas que não existe nada disso. Entregar os pontos, só quando a aritmética proibir sonhar.
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