O Palmeiras venceu o Sampaio Corrêa ontem à noite em São
Luís, jogando com um time bem diferente daquele que vinha encantando nossa
torcida. Apenas Felipe Melo saiu jogando no Castelão, e o time ficou muito
abaixo do que os principais jogadores vinham apresentando.
A fraca atuação, apesar da vitória – achada no último lance num frango do goleiro – despertou a incontrolável vontade de cornetar de vários palmeirenses, forçadamente adormecida com as atuações quase perfeitas pelo Brasileirão. Às vezes parece até que gostaram da atuação fraca, para liberar essa energia corneteira represada. “O Palmeiras não jogou bem, oba!”
Assim como a sanha corneteira de parte da torcida não é
novidade, tampouco é surpresa a sede de sangue de parte da imprensa. Mas mesmo
não sendo inéditas, impressiona a força que mostram ao ressurgir.
Alguns jogadores foram para a cruz, como é de praxe. E alguns
mitos passaram a ser exaustivamente repetidos, correndo o risco de virarem
verdades.
Querem dizer que
nosso elenco ‘não é tão bom assim’?
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
Muitas vezes a pressa em falar algo é o que causa certos
exageros. A impressão, inegavelmente ruim, deixada pelo time que entrou em
campo ontem precipitou algumas opiniões – e pior, algumas conclusões,
rapidamente despejadas pela rede.
A mais grosseira delas é a de que o elenco do Palmeiras “não
é tão bom assim”. Afinal, se o time fosse
bom, não penaria para ganhar de um fraco time de Série C, como o Sampaio Corrêa,
dizem. Como podem ser tão rasos?
O Palmeiras hoje tem o time mais forte do país, à custa de
muito treinamento e entrosamento. O desentrosado onze que jogou ontem, a rigor,
não pode nem ser considerado o time B, já que jogadores como Carlos Eduardo,
Felipe Pires, Lucas Lima e Arthur Cabral sequer vinham entrando durante os
jogos.
Felipe Melo e Moisés não é exatamente uma dupla veloz e com
mobilidade – talvez isso explique um pouco os incomuns ataques do time do
Sampaio. Mas com Thiago Santos alinhando ao lado de Moisés, esse problema se
dissipa. E isso não quer dizer que Moisés é um jabuti que se arrasta pela meia
cancha – outro mito que tentam fazer virar verdade. Basta rever o lance do
quarto gol sobre o Santos para verificar a capacidade física de nosso camisa
10, que pode até não estar jogando o mesmo que em 2016, mas está longe de ser
um inválido, como querem fazer crer.
Questiona-se a qualidade de Edu Dracena e Antônio Carlos –
que formariam a dupla de zaga titular, facilmente, de pelo menos 15 times da
Série A. O problema desta dupla é que o parâmetro atual é Luan e Gómez,
praticamente intransponíveis. Não é fácil encontrar outra dupla deste quilate.
Dracena e Antônio Carlos formam uma dupla forte; bem protegida, cumpre muito
bem seu papel em jogos de menor apelo.
Os laterais estão longe de ser uma preocupação. Victor Luis
e Mayke, que hoje estão abaixo de Diogo Barbosa e Marcos Rocha, já estiveram
acima, depois de estarem abaixo. Essa ciranda entre eles vem sempre sendo
nivelada por cima. Quem ainda tem dúvidas, basta fazer um exercício de
comparação com qualquer dupla de laterais titulares de outros times.
E Fernando Prass, apesar da noite infeliz no Castelão, não
deixou de ser um dos principais goleiros do país. E se precisar, ainda temos apenas o Jailson!
Fernando Prass (Jailson); Mayke, Edu Dracena, Antônio Carlos e Victor Luis; Thiago Santos e Moisés: esta base é suficiente para que uma linha ofensiva bem entrosada faça um bom papel nas partidas que for exigida. Entre Veiga, Goulart, Zé Raphael, Gustavo Scarpa, Willian e Hyoran, separe dois para jogarem com Dudu no time principal e ainda haverá três para o time alternativo. Entrose-os. Encaixe um centroavante. Não é forte?
A grama do vizinho
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
A boa fase de Erik no Botafogo traz à tona aquele ditado da
grama do vizinho. Até os jogos regulares de Artur no Bahia estão arrancando
suspiros. Isso porque Felipe Pires e Carlos Eduardo não correspondem.
Hoje fica fácil de cravar que as escolhas foram erradas. Mas
poucos se lembram que tanto Artur quanto Erik tiveram chance de passar boa
impressão a Felipão em janeiro, na pré-temporada, e por alguma razão não conseguiram.
Fica mais fácil ainda bancar o engenheiro de obra pronta
sabendo que nenhum dos dois poderá vestir nossa camisa este ano. Assim, não
poderão decepcionar de novo, como o fizeram em todas as chances que já tiveram.
O ponto é que tanto Artur quanto Erik até poderiam estar
rendendo bastante neste atual elenco, servindo como opções para os jogos
alternativos. Mas não deveriam suscitar críticas tão amargas, sobretudo pelo
momento que o time vive. Talvez o volume de dinheiro empregado em Carlos
Eduardo, desde o anúncio da transação nitidamente desproporcional, influencie
nessa insatisfação. Mas mesmo assim é um exagero. Já foi.
Lucas Lima e Borja,
desmotivados
Já Lucas Lima realmente preocupa. Existem algumas razões
táticas para seu baixo rendimento. Suas fases excelentes no Sport e
principalmente no Santos nos levaram a criar altas expectativas. E ele até teve
fases interessantes no Palmeiras, sobretudo sob o comando de Roger Machado. Mas
seu estilo não casa com o esquema de Felipão.
Assim como Lucas Lima, Borja parece estar atravessando uma fase de extrema desmotivação. E isso é normal num elenco com tanta qualidade: quem acaba preterido e sabe do potencial que tem já começa a se imaginar em outro clube, onde teria mais destaque. E esses dois, pela qualidade que possuem, certamente terão.
Talvez seja a deixa para Mattos começar a pensar em soluções
para encaixá-los no mercado da melhor forma possível.
A lacuna que Borja deixaria no elenco precisa ser preenchida
com um atleta de qualidade inquestionável. Já a de Lucas Lima comporta até um
bom valor da base – Alan, por exemplo. Seria bom para Lucas Lima, para o menino
da base e para a saúde financeira do clube, que verificaria uma substancial
redução na folha de pagamento.
Estamos nos aproximando da janela de meio do ano e ajustes podem ser feitos. É para isso que essas janelas existem. E é para isso que mantemos o melhor profissional da área comandando nosso departamento de futebol.
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