O Palmeiras anunciou no sábado a extensão do contrato de
Dudu por mais um ano – seu contrato, que ia até o final de 2022, agora vai até
dezembro de 2023 – mais cinco anos, o máximo que a legislação permite.
A permanência de Dudu certamente foi a melhor notícia para a
torcida do Palmeiras nesta janela de transferências. O melhor jogador do
futebol brasileiro ao final de cada temporada, diante do cenário financeiro
internacional, normalmente é dado como perda certa a ser reposta pelos clubes.
Nessa condição, não é incorreto dizer que o Palmeiras fez a melhor ‘contratação’
entre todos os clubes do país.
Como não podia deixar de ser, a notícia deixou a torcida
extremamente empolgada. Além de manter no Verdão um jogador extra-classe e com
isso sustentar o status de melhor elenco do país, a condição de ídolo parece
ficar cada vez mais evidente – algo perfeito num cenário onde a necessidade por
adoração a personalidades é uma regra.
O anúncio, no entanto, talvez precise ser melhor
compreendido.
Ele fica – até a próxima janela
Foi comunicado que atleta e clube encerraram todas as conversas
para uma possível transferências e que Dudu jogará no Palmeiras – pelo menos
até a próxima janela – ou seja, ele poderá sair do Palmeiras no meio do
ano.
As circunstâncias que envolveram sua permanência estão ligadas à mudança nas regras de contratação por que passou o futebol chinês, que agora tem mais restrições para contar com atletas estrangeiros – tal mudança facilitou, inclusive, que o Palmeiras conseguisse o empréstimo de Ricardo Goulart. Mas isso não impede que, para o replanejamento das próximas temporadas, Dudu não volte a ser alvo dos clubes orientais.
As negociações entre o Palmeiras e os agentes de Dudu caminharam para a permanência diante de uma série de fatores, que certamente envolveram ajustes financeiros – tanto em sua multa rescisória, quanto em seus salários. Mas não garantem nada em relação ao que vai acontecer depois de julho. Se desta vez houve acordo, significa que está ótimo para todos – até a próxima rodada de negociação.
Isto precisa ficar bem claro para a torcida, que parece ter
esquecido que o contrato anterior já era longo e que mesmo assim Dudu poderia
sair a qualquer momento. O que deve ser
comemorado é que as probabilidades de saída, a cada renovação, ficam cada vez
menores – à medida que a idade do craque vai avançando, ele se torna menos
atrativo para outros mercados. O Palmeiras tem, hoje, o privilégio de manter no
elenco um atleta espetacular no auge de sua forma física e técnica.
Ídolo ou não: isso importa?
Divulgação
É muito comum inserir a idolatria como tema nas discussões sobre futebol. Especular se um jogador é ou não ídolo de uma torcida é um dos esportes preferidos nas mesas redondas sobre o nada que infestam as televisões – e parte das torcidas curiosamente parecem adorar o assunto, afinal, os entendidos estão lá decidindo por eles quem são seus ídolos.
A idolatria é uma relação que deveria ser mais particular. Cada
um decide, muitas vezes involuntariamente, o que sente em relação a cada atleta
que tem o privilégio de vestir a camisa sagrada de nosso time. Lances rápidos,
ou mesmo pequenos gestos fora de campo muitas vezes tocam pontos de nosso
subconsciente e fazem com que uma relação de profundo respeito e afeto passe a
ser cultivada – e essa relação aumenta ou diminui de intensidade a cada
partida, a cada semana, com novos gestos.
Cesar Greco/Ag.Palmeiras
A permanência de Dudu foi encarada por muitos como um gesto
de amor ao clube. De fato, já são quatro anos completos, três títulos nacionais
e uma relação muito bem construída com a torcida. No sábado, foi possível ler nas
redes sociais que, com a decisão, Dudu entrava
de vez para o rol de grandes ídolos do Palmeiras – como se esse rol
existisse formalmente.
Como todo mundo, Dudu é, antes de tudo, uma pessoa que tem
suas ambições pessoais, tem família e usa sua ocupação profissional para
satisfazer suas necessidades. Neste momento, o pacote Palmeiras lhe dá as melhores
condições, e foi isso que o fez tomar essa decisão. No que ficamos muito
satisfeitos! Ontem, mesmo num jogo morno, Dudu foi um dos melhores jogadores do
time.
Que o camisa 7, a cada ponto de tomada de decisão, sempre faça
suas ponderações com a direção do clube, e que enquanto estiver valendo a pena
tê-lo como jogador do Verdão, como agora, que ele decida por ficar.
A hora da despedida sempre chega, mais cedo ou mais tarde.
Que o Palmeiras, os palmeirenses e o próprio Dudu aproveitem bem esta
permanência e curtam muito tudo o que ela vem nos dando: um jogador que se entrega
totalmente em campo, capaz de jogadas espetaculares, que incendeia a torcida no
Allianz Parque, que amedronta os adversários e que é fundamental para a
conquista de títulos.
Avanti!
Digna de todos os elogios a forma com que Alexandre Mattos comunicou
a torcida da extensão de contrato de Dudu. No vídeo, o dirigente deixa claro
que os ajustes financeiros que propiciaram a conclusão do acordo só aconteceram
graças aos recursos do Avanti.
Nosso programa de sócio torcedor sempre deve ser a fonte de
receita mais valorizada pelo clube. Todos sabemos como as receitas vindas dos
contratos com a TV e com patrocinadores são importantes no modelo econômico do
clube, mas a fonte mais pulverizada, e por isso mais segura, é a que vem da
torcida.
Essa retomada à valorização do Avanti, deixado um pouco de
lado nas últimas temporadas em detrimento à excessiva valorização da relação
com a patrocinadora, é um excelente sinal. As coisas podem caminhar em paralelo,
de forma equilibrada.
O clube precisa agora voltar a fazer do sócio Avanti um apoiador satisfeito. Os serviços seguem confusos e pouco eficientes. A propaganda feita por Mattos tem um significado muito grande, mas o torcedor, sobretudo aquele que deixou de apoiar mensalmente nos últimos anos, precisa se sentir recompensado em todos os sentidos para reativar a relação.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.